segunda-feira, dezembro 29, 2008

2008: O ano que levou Paul Newman


Paul Leonard Newman nasceu a 26 de Janeiro de 1925, na cidade de Cleveland, em Ohio. Mais do que um actor com cinco décadas de uma carreira brilhante em Hollywood, onde marcou mais do que uma geração com o seu talento, Newman será para sempre relembrado como um dos mais notáveis filantropos norte-americanos, tendo doado durante a sua vida mais de 250 milhões de dólares a instituições de caridade. Homem como poucos, marido afável e fiel, protagonista de um dos casamentos mais longos da história de Hollywood com Joanne Woodward, Newman abandonou no passado dia 26 de Setembro o banal mundo dos mortais, mas jamais será esquecido por todos aqueles que salvou da droga e da miséria, pelos cinéfilos que apaixonou com as suas interpretações enquanto “saco de pancada” e por todas as teenagers que morreram de amores pelos seus lindos olhos azuis, ainda para mais sobrevivendo a épocas conturbadas onde os ídolos e ícones de beleza das multidões acabavam sempre por trilhar o mesmo caminho: o da auto-destruição.

Mas Paul Newman sempre foi diferente entre os seus. Nunca se declarou um aficionado da Sétima Arte e chegou, uma vez, a confessar que, para si, o cinema nada mais era do que trabalho. Um trabalho muitas vezes chato, mas para o qual achava ter jeito, talvez por influência da sua mãe. Não é dramático nem uma persuasão falsa da minha parte afirmar que Newman apenas alcançou um lugar entre as mais brilhantes estrelas da história recente norte-americana por ser… daltónico. Tudo porque o sonho pelo qual sempre lutou – o de ser piloto do exército do seu país – apenas se esfumou na altura em que, numa das provas obrigatórias para o lugar, o mesmo chumbou devido a esse condicionalismo. Esqueceu então a carreira militar – apesar de ainda ter servido na II Guerra Mundial como operador de rádio – e passou o negócio de família, que vivia e sobrevivia de uma loja de material desportivo, ao irmão, logo após a morte do pai.

Chegava a altura de fazer o que a mãe queria: uma carreira nas artes representativas. Sem grande vontade – o seu novo intuito era ser um atleta profissional, mas devido a uma rixa na escola, acabou por ser expulso da equipa de futebol americano -, lá seguiu o curso de teatro na Universidade de Yale (e, mais tarde, no Actor’s Studio em Nova Iorque, onde foi colega de Brando e Dean) e conseguiu o seu primeiro papel em 1952, na Broadway. Picnic era o nome do espectáculo, e dificilmente alguma vez o esqueceu: foi nos bastidores desta sua primeira experiência no ramo que conheceu Joanne, aquela que viria a ser a sua divindade feminina até ao último dos seus dias. Dois anos depois estreou-se no grande ecrã mas só em 1956 arrancou do público e da crítica palavras e elogios de reconhecimento unânime enquanto Rocky Graziano, um papel de pugilista destinado a James Dean, que entretanto morreu num acidente de carro.

Hollywood estava aos seus pés. Com naturalidade, nos anos que se seguiram surgiram algumas das suas performances mais emblemáticas: Eddie Felson, Hud Bannon, Luke, Butch Cassidy, Henry Gondorff ou Doug Roberts. Tudo personagens que, graças ao engenho audaz de Newman, ganharam vida própria na esfera infindável do cinema. Newman, apesar da sua cara bonita e simpatia evidente na vida real, gostava de ser um durão nas telas, com sangue na cara e olhos inchados devido à sua rebeldia. Apaixonado pela velocidade, o seu espírito bravio não o trancou à representação e detém ainda hoje o recorde do Guiness como o piloto mais velho a participar numa prova oficial de automobilismo – tinha 70 anos. Poucos sabem, mas Newman e o seu Porsche 935 chegaram a alcançar um segundo lugar na famosa competição das 24 Horas de Le Mains. Fundou a sua equipa em 1983 – Newman/Haas Racing -, a qual já leva sete campeonatos Indy na carteira.

Democrata liberal, Newman foi considerado um dos vinte principais inimigos do presidente norte-americano Richard Nixon. Acérrimo defensor do casamento homossexual, Paul Newman não foi Paul Newman pela última vez em "Road to Perdition", filme que lhe valeu uma das nove nomeações a estatuetas de interpretação da Academia. Apesar de apenas ter vencido numa das ocasiões – com "The Color of Money", em 1986 – Newman será para sempre uma das estrelas lendárias da história cinematográfica de todo o mundo. E os seus olhos azuis os mais graciosos de que há memória.

Desafio: "Cool Hand Luke" é o favorito da casa de Newman. Qual o vosso?

4 comentários:

Anónimo disse...

Lendário, para mim um dos melhores, e um dos mais injustiçados...

É muito difícil escolher um favorito, mas o 'Cool Hand Luke' é uma excelente escolha...

Até o Axel Rose ajudou a tornar o Luke inesquecível:
"What we've got here, is failure to communicate."
Uma verdadeira, Civil War...!!!

Jubylee disse...

Infelizmente ainda não vi muitos filmes com o Newman (incluindo o "Cool Hand Luke", mas gostei bastante do filme "The Sting". Ando para ver o "Road to Perdition" que também me parece ser dos melhores dele.

Cataclismo Cerebral disse...

Gata em Telhado de Zinco Quente!

Abraço e um bom 2009 :)

Carlos M. Reis disse...

Abidos, Izzi e CC, obrigado pela visita. Tenho que ver se coloco as mãos no Gata em Telhado de Zinco Quente. Cumprimentos!

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