Não consigo perceber a razão nem os motivos para a discussão que está na moda entre cinéfilos nas redes sociais: o Cinema foi, é e será sempre melhor que a Televisão. Uns dão como exemplo séries de qualidade duvidosa com o Matt Dillon no papel principal - este simples facto devia matar logo o assunto -, o outro lado responde com fitas do Michael Bay com CGI a mais e cérebro a menos. A malta do cinema contra-ataca que o cinema não precisa de engonhar, conta histórias com princípio, meio e fim e tem um currículo que valoriza ao envelhecer, qual reserva de vinho do Porto. E eis que aparece o pessoal da TV a afirmar que as séries permitem criar laços entre as personagens e os espectadores, que não vivem nem sobrevivem de
product placement, que os grandes actores de cinema andam a fugir todos para os canais de cabo, que as produções para a pequeno ecrã contam com uma liberdade de risco e de produção que o sistema capitalista de Hollywood nunca permitiria. Tudo certo, diria eu. Mas podemos nós comparar carros com motas? Aviões com helicópteros? As vantagens de uns serão obrigatoriamente as desvantagens de outros? Porque nenhum grande filme apagará o impacto e a qualidade de séries como "
Os Sopranos", "
Breaking Bad", "
The Wire", "
Sherlock", "
Mad Men" ou "
Game of Thrones" como nenhuma grande série roubará o estrelato e a atenção merecida a clássicos de Kubrick, Spielberg, Hitchcock, Kurosawa, Chaplin, Welles ou tantos outros que tornariam esta nota interminável. Porque carro e mota cabem na mesma garagem; porque um avião nunca aterrará no topo de um prédio nem um helicóptero viajará a 850 km/h.
5 comentários:
Isso é praticamente como andar a discutir se o Messi é melhor que o Cristiano Ronaldo e vice-versa. Agora mais a sério. A mim só me faz confusão quando se utiliza o termo televisivo/telefilme para diminuir um filme (casos do João Lopes e afins), ou comparar uma obra cinematográfica com um jogo de computador (quando a maior parte das pessoas que o fazem nem jogam jogos de computador, nem dominam o meio). São comparações que cada vez mais me incomodam, sobretudo por serem meios distintos. Existem séries e filmes de excelente qualidade ou acima da média, tal como existe o contrário, com o "excelente" a estar sempre dependente do gosto de cada um. Falo por mim, anseio por ver novos episódios de "House of Cards", "The Affair", "The Americans" e até de "Suits", tal como estou muito curioso em relação a uma "catrefada" de filmes. Mas isto sou eu que continuo a adorar a ver filmes, mas também gosto de ver séries (com a pausa nas notícias tenho tido tempo para colocar algumas em dia). Concordo em pleno quando salientas "(...) nenhum grande filme apagará o impacto e a qualidade de séries como "Os Sopranos", "Breaking Bad", "The Wire", "Sherlock", "Mad Men" ou "Game of Thrones" como nenhuma grande série roubará o estrelato e a atenção merecida a clássicos de Kubrick, Spielberg, Hitchcock, Kurosawa, Chaplin, Welles ou tantos outros que tornariam esta nota interminável".
É esta mania que os seres humanos têm de tentar tornarem superiorizar-se rebaixando os outros.
Eu cá papo séries, filmes, livros, bds, música, teatro, jornais, revistas, rótulos dos medicamentos, etc etc etc...
Aníbal, fazes muito bem em referir esses dois rótulos: o de telefilme e o dos jogos de computador. Tenho que confessar que, erradamente, também já os usei no passado como comparação depreciativa. De resto, e como a syrin escreveu, também sou muito feliz a ver de tudo um pouco, de filmes a séries; a ler de tudo um pouco, de livros a jornais; a ouvir de tudo um pouco, de AC/DC a Ben Harper. O que faz com que continue sem perceber esta tendência recente para considerar que apenas um medium "semelhante" pode sair vivo de uma convivência a dois.
Confesso que o João Lopes irrita-me de sobremaneira na forma como usa e abusa dos rótulos (para além de não justificar a utilização dos mesmos, algo que num profissional supostamente fica mal). Não acho que para desmerecer um filme seja necessário utilizar outro meio considerado "menor" para o crítico em questão. Aliás, neste momento tenho dificuldade em considerar a televisão menor, até por tanto ter excelentes momentos a ver séries, tal como tenho a ver filmes, a ler livros e jornais desportivos (ok, no final de cada época, geralmente deixo de ler jornais porque a "coisa" corre mal para o meu clube), a ouvir música, a ver jogos de futebol, etc. No entanto, também não comecei a ver séries pelo Shyamalan estar envolvido numa (apesar de pouco escrever sobre as mesmas no blog). São dois meios distintos e compatíveis. Só tenho pena é de não conseguir ter tempo para ver mais filmes e séries. Quanto ao resto, concordo em pleno com a Syrin, só troco os rótulo dos medicamentos pelos rótulos dos produtos alimentícios.
Passa-se algo semelhante no debate entre superhero movies vs. restante Cinema...
Mas bom bom é debater Cinema pelos seus méritos próprios e Televisão pelos seus méritos próprios.
Cumps cinéfilos.
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