Obrigado. Obrigado por esta orgia de acção contínua, que nunca pára para respirar, num mundo tão desconcertantemente surrealista e detalhado que parece palpável e genuíno. Obrigado por este extravagante apocalipse de energia e movimento, fantasticamente maníaco, qual western sobre rodas repleto de personagens tão instantâneas quanto expressivas. Obrigado pela ferocidade com que mostraste a toda uma geração de realizadores qual o caminho a percorrer, qual a alternativa à estupidificação narrativa e visual que reina nos grandes blockbusters de acção dos últimos anos. Obrigado por este poema de cores blasonadoras, de rimas excepcionais com o passado, de nome Max mas que, qual reviravolta inesperada, poderia muito bem intitular-se Furiosa; é ela quem comanda as prosas da sobrevivência, dá sentido e propósito à hecatombe ecológica e serve de ícone à revolta contra o massacre moral de princípios e valores humanos que corrompe - ao mesmo tempo que o engrandece - o universo por ti criado. Obrigado pela originalidade frenética de tantas cenas, pela testosterona de tantos duplos, pela overdose de grandiosidade em tudo o que filmaste, por ofereceres aos amantes da sétima arte deste planeta, finalmente, um franchise cinematográfico que merece várias sequelas, sabendo nós que, enquanto estas estiverem nas tuas mãos, não será preciso ter receio do que vai acontecer. Obrigado por insistires neste reboot espiritual mesmo após mais de uma década de obstáculos que o teimavam em arrumar na gaveta: do 11 de Setembro à Guerra no Iraque, das cheias inesperadas em locais de filmagens supostamente estéreis aos problemas logísticos em países terceiro-mundistas. Obrigado pelo Tom, pela Charlize, pelo Nicholas, pelo Hugh e pela Rosie. Obrigado por esta belíssima caminhada de redenção cinéfila.
Com carinho,
Carlos M. Reis.
1 comentário:
Mad Max: Estrada da Fúria: 4*
O filme tem efeitos visuais bastante bons e competentes, mas peca por ser grande demais.
Cumprimentos.
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