Tantas perguntas que ficaram por fazer, tantas respostas - mesmo que consistissem num mero silêncio incómodo - que ficaram por arrancar. O documentário de Álvaro Longoria termina e a sensação que permanece é que o espanhol desperdiçou uma oportunidade de ouro para criar um objecto único de revelação e denúncia de um povo sem voz própria. A segurança era apertada, o postal
para inglês ver bem orquestrado pelos responsáveis norte-coreanos mas, por receio ou falta de talento, Longoria nunca arrisca urinar para fora do penico. No fim, sobra uma pergunta: afinal, qual é a verdade? Quem manipula mais, os ocidentais através da desinformação massiva - dos cães que comeram o tio do líder supremo (brincadeira que, descobrimos, começou num insignificante blogue chinês) à obrigatoriedade dos locais terem o penteado de Kim Jong-un - ou o governo norte-coreano, que controla ao mais ínfimo pormenor todos os detalhes da vida dos seus cidadãos, da educação pretendida à escolha da casa onde moram. Demasiado politicamente correcto para perdurar na memória mas, ainda assim, uma oportunidade rara para descobrir visualmente um país de beleza singular fechado ao resto do mundo.
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