Que surpresa agradável. Esperar e começar num tom, acabar noutro diametralmente oposto. Tensão que se constrói e dilui entre o humor e o desespero da situação, comédia em constante mutação que nunca perde as bases da sua premissa nem ignora os laços entretanto criados entre o espectador e as personagens-chave, num produto refrescante e até certo ponto inesperado sobre um tema central e comum na cinematografia norte-americana: o racismo estrutural que fere a sociedade a tantos níveis. Quanto mais absurdo tudo se torna, mais visível e perigosa se torna essa faceta e não há estudos, sucesso ou barras de granola que mudem algo tão enraizado na cultura e na educação de milhões. Jogo adolescente inesperado de desequilíbrios e metáforas, começamos a rir e acabamos de feição fechada. Porque na inocência e na parvoíce daqueles três, vemos o sofrimento real e credível de tantas gerações. A inocência que se perdeu para sempre; e o novo ser, magoado e resignado, que de lá saiu.
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