Não sei se haverá maior admirador em Portugal de Oriol Paulo do que eu. Dito isto, este "
Shutter Island" wannabe produzido pela Netflix espanhola é demasiado longo, demasiado esforçado nas suas (in)esperadas reviravoltas narrativas e, mesmo tendo vários momentos de destaque e impacto a nível visual e interpretativo, acaba por se revelar uma desilusão tremenda tendo em conta a filmografia ímpar do realizador catalão. A ambiguidade/dúvida deixada no final manifesta-se como a estocada final para o público, numa história que ganharia claramente por uma decisão justificada e inteligente que colocasse a personagem de Bárbara Lennie com os dois pés - e todos aqueles cigarros - num dos lados da barricada - como aparentemente acontece no livro que deu origem a esta adaptação. Fica esse vazio, essa sensação de que nada foi respondido, de que falta uma segunda temporada, de que pouco do que aconteceu foi efectivamente planeado com engenho e mestria, mas antes uma sucessão de acontecimentos mais dependentes da sorte e do acaso do que de um plano orquestrado por uma mente brilhante... ou demente. Continuo aqui Oriol, mas deixa lá de tentar ser mais esperto do que aquilo que realmente és.
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