sexta-feira, janeiro 06, 2023

Revolta (2022)

Complicadinho. Carpenter como cientista do karma. O que é que rima com hora? Foda. Quem precisa de um anel de diamantes quando se tem um poeta em casa? Brejeirice que oscila, qual montanha-russa feita naqueles simuladores de centro comercial, com uma intelectualidade de livro de filosofia de bolso. Ora palavrões disparados a torto e a direito sem qualquer efectividade narrativa, ora metáforas existencialistas que nem os próprios parecem compreender e sentir. A premissa é óptima e a ambição do conceito de aplaudir - um espaço único, enclausurado no meio de uma revolução, com quatro personagens repletos de complexidades e inseguranças emocionais. O talento estético na realização é óbvio - apesar de ser uma estreia - e a tensão existe; mas o que lhe sobra em audácia, falta-lhe - e de que maneira - em subtileza no guião e credibilidade de acções: o vinho, por melhor ou pior que seja, não pode justificar tudo. O marido que aceita recriar em voz, perante a mulher, as suas infidelidades escritas? Só porque sim? Como peça de teatro poderia ter resultado bem mas, como filme, perdoem-me a figura de estilo que nem sei ao certo qual é, o excesso de excessos torna-se demasiado excessivo. As interpretações são mais do que competentes, mas não há como fugir a uma representação teatral com diálogos tão bipolares quanto um "tá tudo fodido" é seguido por um "eu sei que agora não parece, mas o amor vale mais do que quatro pontos da história; e se não valer mais do que quatro pontos, a culpa não é do amor, é da melodia. E o que nós precisamos é de uma canção nova". Disponível na RTP Play.

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