quarta-feira, junho 28, 2023

Indiana Jones and the Dial of Destiny (2023)

Paul Greengrass e Jason Bourne de volta neste thriller de acção repleto de perseguições alucinantes gravadas em ecrã verde, com CGI até ao osso. Ah, perdão, afinal não, é o tarefeiro do Mangold e o nosso querido Henry Jones. Não sei o que vos diga; melhor, de longe, que o quarto, mas ainda assim a dois mil anos de distância - aproveitando Arquimedes - de qualquer um dos três primeiros capítulos da saga. Há uma história arqueológica de fundo cativante - tão credível como qualquer outra no passado, a questão desde o início nunca passou por aí logo com a abertura da Arca Perdida no primeiro - e uma mão-cheia de boas ideias e homenagens à saga. Mas depois falta tudo o resto: alma, paixão, aquele sentimento de devoção que o Sallah carrega, coragem para dar o salto de fé, o famoso salto de fé, no final. Não se sente perigo uma só vez, com tanta velocidade e efeito especial à mistura: é comboios a rasgar e postes que não só não matam o nosso vilão como não deixam qualquer marca ou cicatriz na sua fronha para o tornar mais medonho; são motas com sidecar que se partem a meio sem sequer fazer piscar os olhos ao nosso herói; são tuk-tuks que só perderiam para o Verstappen em Silverstone; são cenas de acção filmadas de noite - ou no escuro de uma linha de metro - para não se notar tanto trabalho de computador; é o Antonio Banderas envelhecido com maquilhagem porque não havia ninguém envelhecido naturalmente para fazer o papel; é o Boyd Holbrook que ninguém percebe bem se é nazi ou americano e porque raio ajuda o físico que levou o homem à lua - sabe-se lá também isto com que relevância para a narrativa a não ser enfiar um desfile parolo artificial numa cena de fuga; é a personagem da Phoebe Waller-Bridge bipolar, ora cretina que só quer saber de dinheiro mesmo acreditando que o seu pai tinha razão, ora arqueóloga da mais fina nata que sabe o trabalho deste de trás para a frente. Enfim, é triste não resistir a soltar uma lágrimazita de nostalgia no "Top Gun 2" e não sentir quase nada no final deste regresso, com um Indy nos seus oitentas. É trazer o Nolan e o seu recente asco a CGI para a realização e o Tom Cruise como primo afastado do Indiana. Sim, porque ninguém teve coragem para fechar isto de uma vez por todas: o dinheiro manda e é ele o verdadeiro marcador do destino.

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