sábado, julho 02, 2005

The Devil's Advocate (1997)



Kevin Lomax (Keanu Reeves) é um jovem advogado muito bem sucedido, considerado pela maioria como o mais promissor em todo o país, aparentemente destinado a ganhar todos os casos que patrocina, mesmo que tal implique não dar importância a eventuais problemas de consciência. O sucesso é, obviamente reconhecido e notado, acabando este por receber uma proposta irrecusável para deixar a província, instalando-se em Nova Iorque numa poderosa firma de advogados dirigida por John Milton (Al Pacino). Mary Ann (a bela e sedutora Charlize Theron), a mulher de Lomax é a primeira a insistir que algo não bate certo no seu patrão mas este simplesmente ignora o facto, procurando apenas fama e reconhecimento.

"O Advogado do Diabo" nunca esconde a identidade do personagem de Al Pacino, e à audiência apenas se pede que aguarde pelos resultados das suas acções. Lomax morde o anzol facilmente e escolhe, desde logo, o caminho do mal (os advogados e a Lei dominam o mundo, i.e., os EUA). A construção do thriller é extremamente eficaz, tendo em conta que, desta vez, não haverá propriamente uma revelação no final. Todos sabemos que Pacino é o diabo e só o conjunto de relações entre as personagens nos pode trazer surpresas.

Al Pacino, como é costume, traz-nos uma interpretação perto da perfeição, que demonstra tal como o realizador Taylor Hackford de certo desejava, o poder sedutor das trevas e do mal. E consegue mesmo que simpatizemos com a sua personagem. A imagem de marca de Al Pacino, está bem presente e ilustrificada neste filme. Quanto a Keanu Reeves, faz aqui, talvez, a melhor interpretação da sua carreira (não confundir com participação em melhor filme, que para mim continua a ser Matrix e mesmo Sweet November, filme que gostei bastante, também com Charlize Theron). Sempre com um toque do tão proclamado pelos critícos "piloto automático", mas não o suficiente para estragar o seu desempenho. Charlize Theron, ainda em inicío de carreira na altura, mostra o porquê de nos dias que correm ser uma das principais faces femininas de Hollywood, pertencendo já inclusivé à lista de galardoadas com o óscar de melhor actriz pela Academia.

O argumento, que parte de uma premissa tradicional, não é propriamente brilhante mas é interessante q.b., e consistente com a atmosfera que cria, nunca criando espaços mortos durante as duas horas e quinze minutos de duração da fita. Mas o que estraga tudo, é realmente o fim. Não sei se foi feito à pressão, se foi decidido numa reunião de produtores, mas este nega tudo o que tivemos a ver durante duas horas, para se tornar em apenas mais um filme mais que batido em que o bem acaba por vencer sobre o mal. Para muitos, será suficiente. Para mim, não foi. Porque o melhor final nem sempre é o mais desejado (ora aí está uma óptima razão para ter amado filmes como Casablanca ou o próprio Sweet November que anteriormente referi). O medo da reacção negativa do público a um final "negro" estraga por completo tudo aquilo em que se baseou o filme. Simplesmente mau demais para ser verdade.

Mesmo assim, e porque até ao último quarto de hora, o filme estava a ser muito bom, poderoso e bastante consistente, este não merece levar uma nota abaixo da média. Ah... e claro, não nos podemos esquecer do vestido vermelho de Charlize Theron... não é verdade?

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