segunda-feira, maio 08, 2006

The Constant Gardener (2005)

Numa zona remota do norte do Quénia, a brilhante e fervorosa activista Tessa Quayle é encontrada brutalmente assassinada. O seu companheiro de viagem desapareceu. Tudo indica tratar-se de um crime passional. Os membros do Alto Comissariado Britânico em Nairobi partem do princípio que o seu colega Justin Quayle, o marido de Tessa, pacato diplomata sem ambições, deixará o assunto ao cuidado deles. Não podiam estar mais enganados.

O surpreendente sucesso crítico e financeiro que o bastante sobrevalorizado - na minha opinião – “Cidade de Deus” obteve à alguns anos atrás, abriu as portas de Hollywood ao brasileiro Fernando Meirelles, e “O Fiel Jardineiro” é a primeira produção não-brasileira da sua autoria. Numa abordagem mais calma, mas mesmo assim, ainda bem característica, Meirelles triunfa logo de inicío ao apostar toda a sua faceta melancólica na paixão e no romance e não na intriga internacional, que aqui, apenas serve de base para uma história de amor. É ao colocar o argumento neste patamar, ao nível da quimera do coração e não do thriller meramente politíco, com queixinhas da globalização, que “The Constant Gardner” conquista o público. Meirelles sabe que o melhor cinema não se faz de politíca – faz-se de sentimentos.

A estrutura não-linear, em que o drama avança e recua, cruzando-se no tempo, encaixa bem na própria confusão que são as difusas paisagens quenianas. Aqueles poucos segundos em que, numa simples rotação da imagem passamos de um campo de golfe, frequentado por poderosos e abastados europeus/americanos, para um pobre e imundo pedaço de terra, totalmente preenchido por barracas sem quaisquer condições, é mesmo o melhor exemplo da mestria de Meirelles.

Se o galardão da Academia atribuído a Rachel Weisz parece ter sido algo exagerado – apesar da notável actuação da actriz –, a Ralph Fiennes não se poderia ter pedido mais. Na sua melhor prestação desde “Schindler’s List”, Fiennes consegue desta vez exprimir, sem muito esforço, todo o abatimento, melancolia e incapacidade pretendida por Meirelles, durante os mais variados momentos do filme. Só é de lamentar o realizador não ter efectuado o mesmo trabalho nas personagens mais secundárias, completamente caricaturadas, principalmente as que representavam a corrupção e a desgraça.

"The Constant Gardener" é uma epopeia constante de sentimentos, que nos transporta do além para a realidade cruel do mundo em pouco mais de duas horas. Sem qualquer tentativa de enganar o espectador em relação ao produto final da relação a dois, Meirelles mostra mesmo no início que a mesma não irá nunca acabar bem. Um acto corajoso que poderia desencorajar, à partida, o cinéfilo mais pesado. Mas não! O final de “O Fiel Jardineiro” é, muito por culpa dessa inevitabilidade, arrojado, enérgico e prestigioso. Se toda a denúncia humana acaba por parecer escassamente explorada ( a forma como as grandes empresas farmacêuticas usam o povo africano como cobaias para testar medicamentos, por vezes com consequências fatais ), o conto amoroso dificilmente poderia ter sido mais complexo e apaixonante. Em todas as variáveis desta obra, Meirelles consegue ver a beleza e a verdade na brutalidade. E a verdade aqui é tão primordial e revoltante como a dissolução de um amor perfeito.

2 comentários:

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

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