“Closer”, realizado pelo alemão Mike Nichols, é, a meu ver, um dos filmes mais singulares dos últimos anos. “Closer”, de forma sintética, narra a história de dois casais atormentados por infidelidades. De um lado, Dan (Jude Law) e Alice (Natalie Portman), do outro, Larry (Clive Owen) e Anna (Julie Roberts). E é mesmo dentro destes parenteses que se encontra o melhor desta obra dramática sobre o amor, ou melhor, sobre a paixão. As interpretações deste “quarteto fantástico” são sublimes e a razão de sobrevivência deste “Perto Demais”.
Numa viagem pela mentira das relações humanas, Nichols monta inteligentemente um argumento que só triunfa devido ao talento e alma de quem o representa. Clive Owen, esse vagabundo do cinema comtemporâneo, é assustadoramente genial e intenso. Natalie Portman demonstra uma serenidade fantástica num papel complicado e exigente. Law e Roberts, apesar de menos brilhantes, traduzem bem o sentimento vingente de uma narrativa poderosamente fotográfica e artistíca. Um filme prestegiosamente emocional, mas infinitamente dependente da excentricidade dos vários momentos chave. Se nestes alcança o fundo do ser humano, em todos os outros é superficial e inócuo. Num ritmo que alterna entre o extremamente lento e o extremamente veloz, falta equilíbrio a Nichols na montagem de “Closer”.
Mas o que falta a Nichols para equilibrar as personagens a um nível terreno e crédulo, é compensado pela maravilhosa fotografia e composição musical. A fotografia, extremamente focada ao nível da face (e derivadas emoções) é brilhantemente expressiva e atroz. A banda sonora, com Damien Rice em destaque, é de tirar o fôlego. Completamente adequada e excessivamente tocante. Com tanto elogio, não se pense que “Closer” está perto de ser perfeito. Longe disso. A ousadia de Nichols ao querer “entrar” no mundo das emoções humanas acaba por ser base de um suicídio “quase” poético: Nichols acaba por construir um filme superficial, que só consegue ser brutal nos, assim denominados, “key moments”.
“Closer” é, assim, uma obra em que a mensagem perdura na nossa memória, mas o conteúdo é facilmente esquecido. Tiremos as cenas chave (em todas elas aparece o pomposo Clive Owen), e a explêndida música final, e pouco fica além da moral de que o ser humano é um “monstro” emocional, que usa e abusa dos sentimentos dos outros, em proveito próprio. De qualquer forma, não é pouco. E foi diferente, apesar de não ter sido genial.
5 comentários:
Este filme é tão bom, tão bom que não me apetece ver para não me deprimir...
vi no cinema, comprei o dvd...é excelente!
Concordo Helena, mas tudo parece demasiado teatral e esforçado. Os encontros imediatos, o à vontade do primeiro contacto etc. etc. Um filme sério mas que dificulta ao espectador que o leve demasiado a peito. Pelo menos da minha parte. Quanto ao Gata em Telhado de Zinco Quente, passou recentemente na RTP mas não tive oportunidade de o ver. Talvez um dia.
Dora, um filme que provoca algumas reacções fortes.
Cumprimentos meninas, obrigado pela visita!
Para mim anda muito perto da perfeição :).
Abraço
Também acho que o filme roça a perfeição. O seu conteúdo é impossível de ser esquecido pois quase todos nos revemos naquelas personagens e naquelas situações. Os meandros das relações amorosas implicam todos aqueles "jogos" que observamos no filme. Adoro o facto do tema do filme ser o poder e não o amor. O que é de realçar também é que a pessoa com valores morais é uma stripper (profissão com péssima reputação) e o moralmente corrupto é um médico (a tal profissão de mérito).
Abraço
Gostei da opinião, Cataclismo. E gostei do teu blogue, não o conhecia. Aliás, ver Requiem for a Dream mal o abri contribuiu :)
Um abraço!
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