Baseado num dos romances de espionagem mais conhecidos de John Le Carré – autor, entre outros, de “O Fiel Jardineiro” -, temos Geoffrey Rush como Harry Pendel, um ex-condenado transformado em alfaiate dos ricos e corruptos, e casado com a inteligente e sensual Louisa (Jamie Lee Curtis). Realizado por John Boorman e tendo como pano de fundo o enigmático Canal do Panamá, onde nada é o que parece, contamos ainda com Andrew Osnard (Pierce Brosnan), um elegante e impiedoso sedutor espião britânico, que obriga Harry a transmitir-lhe o que dizem os poderosos políticos que veste. O talento de Harry para contar histórias leva-o a tecer uma elaborada intriga que não só é levada a sério, como origina uma cadeia de acontecimentos que ameaça destruir tudo aquilo a que ele dá mais valor na vida.
“O Alfaiate do Panamá” é um filme esquivo, mas digno de interesse, que mistura, de forma muito pouco ortodoxa, uma certa trafulhice visual com um sentimento de absurdo cómico. O seu estilo alterna em vários momentos da obra entre o thriller de espionagem e a sátira politíca, como bem demonstram as personagens bipolares de Brosnan e Rush. Felizmente, e ao contrário do que foi “vendido” - e ainda hoje o é, com a capa do DVD a dar especial proeminência ao ex-Bond – a película é muito mais de Geoffrey do que de Pierce. E tal como Rush, o filme é ele próprio estranho.
O argumento foge ao usual, com uma polissemia que transforma várias ocasiões em ensejos de vários significados. Com uma faceta complicada, expressiva e veloz, “The Tailor of Panama” é dono de uma versatilidade que o prejudica. Isto porque, ao contrário do que foi feito na adaptação da outra obra de Le Carré previamente citada, a história em si parece perder influência e autoridade para os devaneios de realização de Boorman. Por outras palavras, o mistério literário perde a sua alma para a Sétima Arte e as suas manhas habituais. Um filme que satisfaz mas não ilude.
3 comentários:
Concordo com a tua opinião.Sem ser um grande filme, é interessante e entretém enquanto dura.
Já vi há muito tempo, mas já não me lembro bem...e ando tão arredada das lides cinéfilas para meu grande desgosto!tÁ MAL!
André, obrigado pela visita frequente. Um forte abraço.
Bolacha Maria, todos temos as nossas fases. Também eu já passei meses sem pôr os pés no cinema. É a vida :) Cumprimentos, obrigado pela visita!
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