
Inpirado em “Blow Up”, de Antonioni, “O Vigilante”, de Francis Ford Coppola, é um filme inquietante. Isto porque toda a sua narrativa é uma prosa aberta ao conhecido provérbio “o feitiço contra o feiticeiro”, em que a personagem de Hackman - talvez no mais notável desempenho da sua carreira, com um papel nitidamente interiorizado – torna-se vítima da mesma moderna tecnologia que usa para derrubar e transtornar a vida dos outros. Com alguns pormenores que denotam e confirmam um assombroso estudo psicológico sobre a obsessão e a solidão, Francis Ford Coppola alcança em “The Conversation” uma extraordinária subtileza, articulada por vezes com um ironismo tão negro como paranóico (que, diga-se, é praticamente o que sentimos ao ver Harrison Ford na plenitude dos seus trintas).
Realizado entre os dois primeiros capítulos de “The Godfather”, e com recursos extremamente limitados, “O Vigilante” consegue deixar a sua marca no mundo do cinema graças ao seu “twist” final arrebatador, – apesar de nos dias que correm ser constantemente banalizado – que arrasta por definitivo a personagem de Hackman para uma esfera de fragilidade psicológica e social degradante. E essa atitude centrada no intímo, em plena miscelânea com a inspiração em Antonioni e os recursos limitados, permitem afirmar que esta tenha sido, talvez, a obra mais “europeia” de Coppolla. E muito provavelmente, o seu filme mais premonitório, ou não fosse a questão levantada em “The Conversation” um dos temas centrais da opinião pública nos últimos anos e nos nossos dias.

4 comentários:
Sabes se está editado em Dvd? Num BOM Dvd (ou seja com comentários audio muahahah!) em especial? :P
Sim, comprei no MediaMarkt de Benfica por 7 euros e qualquer coisa, com comentários áudio tanto de Coppola, como do responsável pela Montagem.
Um abraço CP.
MediaMarkt? NICE!
Obrigadão rapaz!!
:) Um abraço!
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