Por isso mesmo, Jason decide pegar num dos seus livros favoritos e adaptá-lo de forma pessoal para a sua estreia nas longas-metragens. “Thank You for Smoking” – assim se chamava o livro de Christopher Buckey – atravessa uma longa odisseia de negociações pelos direitos da adaptação cinematográfica e só passados quatro anos é que a Warner Brothers dá luz verde a Reitman para avançar. Com apenas cinco milhões de dólares de orçamento, mas com a participação de um elenco de luxo – Aaron Eckhart, Katie Holmes, Maria Bello e William H. Macy -, Reitman conquista o Festival de Cinema de Toronto, entre outros, e abraça duas nomeações importantes para os Globos de Ouro. Mas “Obrigado por Fumar” estava envolto em polémica: primeiro, nos tribunais, onde a Fox Searchlight e a Paramount Classics asseveravam ter os direitos da película. Depois, por uma das cenas cruciais do filme – uma de sexo entre Holmes e Eckhart – ter desaparecido da fita original exibida nos festivais em comparação com a que estreou nos cinemas, por suposta influência de Tom Cruise. A controvérsia foi tanta que... ninguém quis perder o filme e este arrecadou, só nos Estados Unidos, cerca de cinco vezes o seu custo.
Este ano chegou a confirmação. Com “Juno”, um filme detentor de um coração enorme e de uma alma arrebatadora, que fixa o seu engenho em articular diálogos deslumbrantes com um harmonioso fluir cómico-dramático amadurecido e prudente, Jason Reitman é glorificado pela crítica – Roger Ebert considera “Juno” o melhor filme do ano – e pelo público. Nomeado para os Óscares da Academia – onde perdeu para a concorrência feroz dos irmãos Coen - “Juno” transforma-se em poucos meses no filme mais rentável em termos de custo-proveito da história recente de Hollywood. E Reitman, nas bocas de todo o mundo, num dos realizadores mais requisitados da indústria. Apesar disso, o futuro de Reitman é hoje incerto. Mas, conhecendo-o como o conhecemos, tal acontece por sua própria vontade. Eu cá espero o tempo que for preciso por um bom filme de Reitman. E o que não lhe falta são muitos anos pela frente.
N.d.r: Artigo publicado na Revista Take.
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