Tudo começa então em Newcastle, numa escola de cinema, onde Neil orquestra um par de curtas-metragens que rapidamente apaixonam tanto os colegas, como professores e profissionais do ramo. Rapidamente contratado por diversas produtoras britânicas independentes para alguns pequenos e modestos trabalhos de escrita e edição de imagem, Marshall acaba por dar o salto para o estrelato em 2002, com o seu “Lobos Assassinos”, uma caricata obra de estreia de baixo orçamento, que narra a história de um esquadrão de oficiais do exército que, durante uma missão de treino nas montanhas escocesas, é confrontado com uma raça destruidora e subversiva de lobos gigantes. Com um estilo de montagem similar ao de Bogdanovich, onde o take intermédio é muitas vezes suprimido em benefício do suspense e do mistério, “Dog Soldiers” foi considerado por alguns dos mais conceituados críticos de cinema como uma reinvenção extravagante e brilhante do conceito “lobisomem”.
No entanto, seria ainda assim a sua segunda fita cinematográfica, já com um considerável apoio financeiro de suporte, que o levaria às bocas de todo o mundo. Justamente, diga-se de passagem, já que “A Descida” levou o cinema fantástico de terror a outro nível, sendo considerado de forma unânime, tanto pelo público como pela crítica, como um dos melhores filmes do género jamais feitos, cometendo ainda a proeza de arrasar por completo com o tipo instituído de camaradagem feminina afectiva tão comum em premissas como a de “The Descent”. Adepto de sequências alucinantes - com pouca luz e mosqueadas de humor negro - e reviravoltas tão inesperadas como chocantes, Neil Marshall não ficará, certamente, por muito mais tempo na escuridão da ignorância e da ingratidão dos grandes estúdios. E como não há duas sem três, o melhor mesmo é esperar que “Doomsday” chegue a Portugal... pela porta grande e não lançado directamente para o mercado de DVD.
N.d.r: Artigo publicado em Fevereiro na Revista Take.
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