Grandioso o trabalho desta equipa, em prol de uma paixão quimérica. Heróico o esforço do nosso director para não deixar morrer um projecto moribundo de apoios exteriores. Fictício o reconhecimento prestado pelos milhares que todos os meses colocam os olhos num produto cujo futuro é, de momento, uma utopia. Num mercado díspar, onde encontramos uma dúzia de revistas destinadas ao mercado da Caça e da Pesca, meia dezena para o sector musical e, sem explicação aparente, apenas uma para os cinéfilos deste país, não temos a menor dúvida que merecíamos mais do que a exclusividade de um projecto digital. Não se trata da necessidade da entrada num prisma negocial – até porque o poderíamos fazer com este formato, pedindo uma assinatura para consulta -, mas sim de uma recompensa merecida pelo esforço abismal de uma equipa - equipa é a palavra-chave – que dá muito mais do que recebe.
Não se atribua a este desabafo o rótulo de “está na hora do tudo ou nada”. Talvez esteja mesmo, é verdade. Precisamos de um incentivo que nos faça acreditar que vamos conseguir, mais tarde ou mais cedo, dar o salto desde sempre fantasiado. Sabemos que somos um investimento com retorno garantido, mas parecemos estar sozinhos nessa convicção. Apesar disso, a paixão quimérica que previamente referi é cada vez mais um amor autêntico. E por isso, lutaremos até ao fim das nossas forças por uma revista de cinema em Portugal que seja original nos seus conteúdos – e não os recicle de outras paragens – e… portuguesa de gema. Infelizmente, poucos parecem perceber que a concorrência é sempre benéfica, sendo um dos factores fundamentais para o desenvolvimento do ramo em causa. Todos sairiam a ganhar.
Mas chega de choradeira. O que temos é o que temos, e é com isso que vamos continuar a fazer a diferença. Entre os destaques merecidos a Max Payne e Destruir Depois de Ler, sem esquecer uma homenagem sentida – e merecida – a um Homem maior do que a própria vida, que agora nos abandonou, a Take teve ainda tempo para ir entrevistar um dos mais conceituados realizadores espanhóis: Mario Camus. Camus, realizador, entre outros, de Los Santos Inocentes – considerado pela crítica no país vizinho como o oitavo melhor filme da história do cinema espanhol -, já premiado com galardões de renome em Cannes e Berlim, é a prova de que continuamos a quebrar barreiras e fronteiras, movidos pela nossa vontade. É a tal energia positiva que faz com que … já agora, senhor leitor da direcção da Galp Energia, estamos abertos a uma parceria estratégica.
Ndr: Melhor número da Take até ao momento, na minha opinião.
9 comentários:
Não desistam, Knox, que o projecto vale a pena. Quem sabe, um dia destes não venha a ser reconhecido.
Ainda não tive oportunidade de ler o nº deste mês mas de qualquer maneira aqui fica uma palavra de incentivo para o futuro.
Não desistam pois estão a fazer um trabalho espectacular que realmente é pena não ter feedback por parte de ninguem a nivel de uma possivel publicação em papel.
Mas quem sabe o que ai virá né?
A esperança é a ultima a morrer!
Um abraço e parabens pelo bom trabalho :)
Entendamos isto como uma nova forma de publicação de uma revista até o objectivo se mostrar concretizado. Vale sempre a pena lutar por um projecto de riqueza puramente cultural. Caso a equipa decida desistir nunca verá os frutos que cultivaram. Os visitantes assíduos deste blog, bem como os leitores da Take avidamente encantados, agradecem todo o trabalho feito até então. O que é realmente necessário, é passar a palavra para que um maior número de pessoas se debruce sobre a Take.
Lamentavelmente, Portugal padece de uma acentuada inépcia que parece incurável...
Estou solidária com vocês! Dedicarem imenso tempo ao projecto e talvez não verem os frutos desejados deve custar... mas não desistam! Perder uma revista como esta seria um golpe que muitos não iam aguentar, tal como aconteceu com a Premiere!
Só não percebo uma coisa:
"E por isso, lutaremos até ao fim das nossas forças por uma revista de cinema em Portugal que seja original nos seus conteúdos – e não os recicle de outras paragens – e… portuguesa de gema."
Quando falam em reciclar conteúdos de outras paragens, referiam-se também aos que vocês usam? Por exemplo, a entrevista a Claire Danes e Matthew Vaughn que vocês só traduziram? Ou seja, reciclaram e não era português de gema :P
O vosso trabalho é em tudo admirável. Sei que não será fácil, mas não desistam do projecto. Força.
Grande Abraço!
Não vamos desistir - por enquanto, pelo menos. A vontade de ser algo mais sobe com os obstáculos. O que é o algo mais? O futuro o dirá.
liliMA, a tradução de entrevistas é algo inevitável em Portugal com grandes estrelas do cinema. Outras, como o fizemos recentemente com William Mapother, dá para entrevistar exclusivamente. O que referia são artigos de fundo, que basta um pouco de imaginação, conhecimento e pesquisa para os fazer de base. Este número 1 da Premiere fazia capa com as melhores pernas de Hollywood, senão me engano, e depois ao abrir a revista vemos que é um artigo reciclado de um autor estrangeiro. Ou seja, que provavelmente saiu na Fotogramas espanhola - que era o que acontecia milhares de vezes na edição antiga. Cumprimentos ;)
A todos, obrigado pelas palavras. Ficamos à espera de sugestões ;)
Se se atreverem a desistir... eu... eu... fico triste!
Agora a sério.
Mais um número e mais uma vez um grande número!
Continuação do excelente trabalho feito desde o primeiro momento!
Cumps ;)
Este projecto merece o louvor e a admiração de todos nós que gostamos e vivemos o cinema intensamente, mas também de todos aqueles que sabem reconhecer um projecto admirável a todos os níveis!
Fiquei a conhecer esta revista no número anterior e agora já sinto que não passo sem a ler!
Não desistam!
Abraço!
DAGC e Dan, obrigado pelas simpáticas palavras. A verdade é que quando acabo de imprimir e encadernar cada Take, fico com uma vontade tremenda de participar para outra. É um show ;)
Cumprimentos cinéfilos!
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