domingo, fevereiro 13, 2011

Celda 211 (2009)

Juan Oliver é um jovem futuro pai que, há falta de melhores alternativas, arranja um emprego como guarda prisional de uma cadeia de alta segurança espanhola. Decidido a deixar boa impressão ao novo chefe, apresenta-se ao trabalho um dia mais cedo de modo a ficar a conhecer a “casa” por dentro, bem como os seus novos colegas de profissão. No entanto, durante a visita guiada, Juan é infortunadamente atingido na cabeça por um fragmento que caiu de um dos muitos tectos podres da prisão. Temporariamente inconsciente, os guardas colocam-no na cela 211, desabitada devido à morte recente de um dos prisioneiros. Confirmando a velha máxima de que há dias em que não se deve mesmo sair de casa, nessa mesma altura irrompe um motim sem precedentes, que obriga os guardas a fugirem e a deixarem Juan sozinho na cela. Ao acordar rodeado de criminosos, Juan percebe rapidamente que terá de se fazer passar por um novo prisioneiro se quiser sobreviver.

Vencedor de oito prémios Goya em 2010 – e nomeado vencido de outros tantos -, os mais conceituados galardões do cinema espanhol, “Celda 211” é um thriller prisional com um guião inteligente, dotado de artimanhas narrativas tão inesperadas quanto eficazes, uma cinematografia convincente e realista, uma realização segura de Daniel Monzón – que continua a colocar-se à prova em diferentes géneros cinematográficos, da comédia à ficção científica, quase sempre com aplausos por parte da crítica - e uma mensagem social, política e cultural tão importante e significativa para qualquer espanhol quanto supérflua para qualquer apreciador de bom cinema em qualquer parte do mundo. Entre a influência dos etarras e o desespero da crise económica e governamental espanhola, o destaque merece no entanto ir por inteiro para um conjunto de interpretações impressionantes, começando na estrela de cartaz Alberto Ammann, curiosamente de naturalidade argentina, e terminando em Luis Tosar, que na pele do insolente Malamadre mostra que um aterrorizador idealista pode ser, também, um ser humano amigo dos seus amigos, fiel e respeitador das liberdades e direitos humanos mais básicos.

Drama com “cojones”, “Cela 211” é a adaptação cinematográfica de sucesso da conceituada obra literária homónima do sevilhano Francisco Pérez Gandul, considerada por muitos críticos literários do país vizinho como um dos melhores livros espanhóis da década passada. Colocando o espectador na posição incómoda de Juan Oliver, Daniel Monzón coloca-nos no meio do motim, angustiados pela ausência de soluções prudentes e racionais, quase sempre descriminadas em função da teoria dos “danos colaterais”.

1 comentário:

Rafael Fernandes disse...

Sem dúvida um óptimo filme. Surpreendeu-me muito, também escrevi sobre ele no meu blog:

http://pensarcinema.wordpress.com/2011/01/12/celda-211/

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