Personagem histórica da BD readaptada a uma nova narrativa cinematográfica pelo britânico Alex Garland ("The Beach" e "28 Days Later") e realizada pelo não mais do que competente Pete Travis ("Vantage Point"), "Dredd" reinventa-se num série B tão moderno quanto arcaico, tão ágil e veloz na acção crua que apresenta quanto pouco versátil e polivalente na criatividade e na surpresa entre acontecimentos. Isto porque na sua coluna vertebral apenas corre aquele desejo simples e sanguinário por violência e combate sci-fi à moda antiga, sem mensagens nem moralismos associados, sem qualquer selo social ou psicológico hipócrita estampado na luta de Dredd pela sobrevivência e pelo que acredita. Com uma cinematografia carregada de cores intensas e escuras, uma sonoplastia interessante e um ritmo impecável, faltou no entanto a "Dredd" alguma profundidade no desenvolvimento da sua personagem-chave, que criasse com o espectador não só uma ligação forte com o seu estilo implacável, mas também com as suas motivações. Noventa minutos de tiroteios, cabeças partidas e peles arrancadas, sem necessitar de ligar o cérebro e longe de cativar tanto o espectador como McClane conseguiu quando também ele esteve encurralado num arranha-céus. E, ou muito me engano, ou daqui a cinquenta anos continuará a ser Stallone quem será recordado sempre que o nome de Dredd surgir numa conversa de café.
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2 comentários:
A verdade dói... E a verdade é que tens razão nos pontos que indicas.
Agora resta esperar uns tempos para ver uma edição completamente original made by Edgar para o Dredd ;)
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