Escrito, idealizado e realizado por Woody Allen, "Blue Jasmine" narra ao bom estilo cru e depressivo do realizador norte-americano um drama cujo tom grotesco, surreal e psicótico que envolve a personagem principal fornece à narrativa uma certa ligeireza deprimente, numa crítica corrosiva às pseudo-elites num período de crise económica severa. Por vezes aflitivo, outras vezes divertidamente descontraído nos seus inteligentes monólogos/diálogos, "Blue Jasmine" está longe de ser o melhor Allen da última década, como muitos têm apelidado - esse título pertence ainda, para mim, a "Whatever Works" -, mas não deixa ainda assim de ser um exemplar de relevo na longa carreira do psicanalista cinematográfico. O grande destaque vai para a interpretação fenomenal de Cate Blanchett - que espero não caia no esquecimento na próxima temporada de galardões - e para o muito competente e credível apoio que recebe dos seus coadjuvantes Sally Hawkins e Alec Baldwin. Pena que num filme onde as personagens foram exprimidas ao máximo nas suas motivações, a belíssima São Francisco tenha apenas servido de pano de fundo para uma mão cheia de cenas, desaproveitando encantos e marcos vários de uma cidade com tanto para mostrar.
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2 comentários:
Dou-lhe seguramente mais valor (mas talvez não tanto como a esmagadora maioria), mas é um facto - Woody Allen parece que está mais no seu habitat (e na sua forma) com a sua América, do que em terras Europeias. Bom texto.
Cumprimentos,
Jorge Teixeira
Caminho Largo
Obrigado Jorge, abraço!
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