Biopic completamente formulaico, tanto na realização como a nível narrativo, que só sobressai dos demais pelas interpretações tão exóticas quanto empenhadas - tanto Phoenix como Witherspoon tiverem seis meses prévios de aulas para tocarem e cantarem eles próprios no filme - da dupla principal. As histórias de bastidores são tão ou mais interessantes que o trabalho de Mangold em si - a relação conturbada entre os protagonistas fora de ecrã, os ataques de raiva e loucura de Phoenix que improvisou várias cenas que acabaram por entrar na edição, como aquela em que arranca o lavatório da parede -, trabalho esse que saltita constantemente entre momentos-chave na vida de Cash, criando todo um contínuo lógico confuso que seria facilmente resolvido com algumas artimanhas de realização. Faltou dar corpo a todo o caminho que levou aos sucessos e às desgraças da vida de Cash, desfocando por vezes a relação obsessiva com June em prol de tudo o resto. Não querendo ser mauzinho, o videoclip derradeiro do homem de negro num cover de "Hurt" dos Nine Inch Nails, faz melhor e mais sentida justiça a toda uma vida em menos de quatro minutos que Mangold em duas horas insonsas. Porque, como alguém escreveu um dia, aquele fechar do piano teve o mesmo peso do encerrar de um caixão.
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