Tive uma vez um instrutor que atirou-me com esta expressão ao fim de um longo dia de simuladores: "
se isto fosse o Ídolos e eu fosse jurado dizia-te já: tu mexer, mexes-te bem; mas cantar, cantar não cantas um car*lho". Quase quinze anos depois dou novamente uso a tão sábia doutrina: a obra de estreia da jovem Emma Seligman mexe-se bem num espaço e contexto delicado - um velório judaico de uma tia que a nossa protagonista nem sabe bem quem é -, com cada interacção a tornar-se altamente stressante não só devido à sonoplastia irritante como pela forma sufocante como cada plano é fechado em si mesmo, mas, e lá vem a parte do cantar, raramente sabe (en)cantar com toda aquela conversa e drama em torno da neurose de uma jovem rapariga bissexual, em choque com os valores tradicionais da sua família, com a descoberta do universo familiar do seu "sugar daddy" e, como se tudo isso não bastasse, tremendamente insegura em relação ao seu futuro. Uma espécie de Woody Allen no feminino, que vai para a cama com homens mais velhos em vez de raparigas menores de idade. Ouch, lá vem a brigada dos psicólogos que acham que a miúda está a mentir.
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