Documentário simpático e nostálgico em torno da última Blockbuster em actividade no planeta inteiro. Mesmo percebendo - e até partilhando - a ira de Lloyd Kaufman pelo facto da cadeia ter aniquilado tudo o que eram clubes de vídeo independentes com o seu então inovador e revolucionário esquema de negócio - partilhar os lucros dos alugueres com os estúdios em vez de comprar por pequnas fortunas, tal como os outros faziam, os direitos de cada cassete -, a verdade é que é impossível resistir às memórias que aquele espaço familiar em Oregon trazem a qualquer um que cresceu perdendo horas e horas todas as semanas a correr prateleiras ao pormenor nos mais variados clubes de vídeo das suas localidades. Aquela sensação de descoberta, aquele clique no ouvido da caixa a abrir e fechar, os cheiros característicos, enfim, remanescências de uma era que poucos imaginámos que um dia deixaria de existir. Nem os executivos da Blockbuster que, abrindo uma nova loja a cada dezassete horas durante uma fase de boom dos DVDs no final dos anos noventa, ignoraram a hipótese de adquirir a então modesta Netflix, considerando ser um modelo de negócio sem pernas para andar. As voltas que a vida dá, ainda para mais quando se mete um crise financeira global pelo caminho. E preparem-se amiguinhos, daqui a quinze anos temos um documentário sobre aqueles dias em que entrávamos numa loja para comprar filmes e séries. Nada temam, por essa altura abrirei com amigos o Videoclube do Sr. Joaquim, aquele que será o último lugar da resistência cinéfila no planeta.
PS: Ironia das ironias, "
The Last Blockbuster" está a chegar a milhões nos Estados Unidos da América graças à sua estreia na... Netflix. E fiquem a saber que nem o Covid deu cabo da resiliência daquela mulher em manter o espaço aberto.
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