Sátira apocalíptica bastante competente e incisiva de Adam McKay que revolve em torno da cultura negacionista tão em voga no actual contexto pandémico. Elenco de luxo - que maravilha o momento à Peter Finch de DiCaprio -, uma aura constante com vislumbres de "
Dr. Strangelove" e dinâmicas irresistíveis entre várias personagens fazem deste exercício cinematográfico um retrato político e sociocultural tão ridículo - como é suposto ser, por definição do próprio conceito de sátira - quanto pertinente, por mais popularucho e simplificado que esteja para chegar a todos os públicos - ao contrário do complexo "
The Big Short" do mesmo realizador sobre a bolha imobiliária de 2008. O multimilionário que é uma espécie de mistura de Musk, Branson e Bezos reunidos num só pateta, a presidente Trumpiana com o seu filho Ivankiano, os "novos" jornalistas e fazedores de opinião, o lucro a todo o custo, o ver para crer, porque a opinião de um qualquer idiota vale tanto como a de um especialista num qualquer assunto. "
Não Olhes Para Cima" não acerta em todas as direcções que dispara - os caminhos percorridos pelas personagens de Chalamet e Lawrence, por exemplo, pouco acrescentam -, mas nas que acerta, diverte à brava. Pena que ninguém se tenha lembrado que naquela cena final teria tido mais piada, além da morte "jurássica", terem chegado à conclusão que não tinham levado ninguém jovem o suficiente para garantir a reprodução da espécie.
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