Talvez tenha sido vítima do seu próprio hype, mas "Squid Game" soube-me a pouco. Começa de forma ousada e inesperada - para jogadores e espectadores - mas vai perdendo impacto com o passar dos nove episódios, com personagens demasiado estereotipadas - como a "louca da casa-de-banho" ou o vilão parvalhão - e uma previsibilidade tremenda na ordem das mortes, com especial destaque para o jogo "mortal" em que todas as personagens-chave ficam na mesma equipa. Os próprios jogos, magnânimos na sua execução técnica, visual e conceptual, acabam por perder brilho ao deixarem de privilegiar o talento em função da sorte, ao mesmo tempo que toda uma narrativa transversal de espionagem e fuga nunca consegue sobressair do contexto violento do "espectáculo" em que está inserido. No fim, para banalizar toda uma aura de crítica e comentário social que envolveu vários dos jogos - como aquele em que marido e mulher percebem que só um deles pode sobreviver -, descobrimos, e atenção ao spoiler, que tudo não passou de uma aposta/parvoíce de um milionário. Muitos méritos que ficaram aqui por elogiar - dos valores de produção à audácia visceral do seu tom -, mas para um grande admirador de "
Battle Royale" - e até do subgénero "survival" - como eu, faltou sujidade e imprevisibilidade. Porque não queremos nem lógica nem ordem no inferno.
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