O mais bipolar dos Bonds, na estreia de John Glen - realizou cinco no total - na saga. Parvoíce do costume no arranque - um Blofeld caricaturado, outrora vilão carismático que até lhe matou a mulher, lançado para uma chaminé industrial directamente de um helicóptero -, tom sério, talvez o mais sério do percurso de Moore na personagem, daí em diante. Uma história fraquinha de espionagem que pouco ou nada desenvolve durante duas horas, apostando todos os trunfos nas suas trabalhadas cenas de acção. Equipas de duplos para quase tudo, do alto do céu ao fundo dos mares, da brandura da neve olímpica à escabrosidade daquele penhasco final. Cumpre com distinção nesse aspecto técnico, mas molda-se narrativamente muito longe dos traços habituais do agente de Ian Fleming, tornando-o quase numa personagem secundária no meio de tanto salto e mergulho, de tanta explosão e perseguição. Inimigos sem sal nem pimenta - por mais refrescante que seja estar perdido a certa altura no quem é que afinal é mau no meio disto tudo -, uma Bond Girl (Carole Bouquet) finalmente tratada com respeito e elevação, uma (Cassandra Harris) assassinada na praia - homenagem clara ao capítulo 007 de Lazenby - e outra (Lynn-Holly Johnson) que ninguém percebe muito bem porque está ali metida, tão nova e oferecida que nem Bond se interessou. Q disfarçado de padre, a belíssima Corfu em pano de fundo e uma luta num ringue de hóquei no gelo que não fez qualquer sentido. Um papagaio que desvenda mistérios e pede beijinhos à Margaret Thatcher - lá está a tal bipolaridade no tom. Um Lotus e um Citroen de dois cavalos, zero vodkas martinis.
Sem comentários:
Enviar um comentário