Vou falar-vos apenas do nono episódio desta segunda temporada. Completamente fora da caixa, fora de tom, fora da fórmula, fora de tudo, qual glitch na Matriz - a mulher de vermelho - dedicado em exclusivo ao Coach Beard. Episódio encomendado depois da série ter tido ordem para "esticar" pela casa mãe e, por isso, com tudo para falhar, tudo para ser apenas um capítulo para encher chouriços. E, no entanto... maravilhoso, uma obra-prima dentro da obra-de-arte que foram estas duas primeiras temporadas da série de Jason Sudeikis. Tudo o que faz de "
Ted Lasso" especial, no seu quase total oposto simétrico a nível narrativo e emocional, repleto de referências cinéfilas - delicioso o túnel da "
Laranja Mecânica" - e momentos surreais, qual episódio realizado por David Lynch, qual sonho que não o foi, qual alucinação com Thierry Henry e Gary Lineker que acaba com três comuns e mortais adeptos do Richmond em pleno paraíso. O seu paraíso, com duas balizas e cheiro a relva. Um "
After Hours" de Scorsese em quarenta minutos, sem parar para respirar ou sequer pensar. Tudo bate certo, tudo consegue ser tão cativante e hilariante quanto emotivo e comovente. O Beard não é a Cher, o Bones and Honey não é o Fight Club e o telemóvel de Beard não tem a mesma autonomia que o do Jack Bauer. Tudo corre ainda pior quando parecia ser impossível enterrar ainda mais o ego e a sorte. Mas a vida é essa odisseia de obstáculos, essa luta constante, e não há nada que não se resolva com velocidade acelerada e o Yakety Sax do Benny Hill por cima.
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