António Sérgio, nome mítico da rádio, "professor" e mentor de gerações de portugueses que descobriram as mais desconhecidas - hoje míticas - bandas de punk/underground/rock/metal de todo o mundo através dos seus mais variados programas em rádios como a Renascença, a Comercial ou, aquando da sua morte, a Radar. Foi o primeiro a passar nomes como Iggy Pop, Sex Pistols ou Joy Division em Portugal, foi editor discográfico mas também o primeiro pirata português - acabou absolvido de um processo instaurado pela Valentim de Carvalho -, divulgador e influenciador ímpar, jornalista espontâneo dedicado à música em tantos meios de imprensa escrita, pai e marido querido e respeitado, um homem de barba e sobrancelhas negras carregadas, voz inconfundível e espírito primeiro à frente do seu tempo - falava abertamente no direito à diferença na década de setenta e oitenta -, depois agarrado com unhas e dentes aos "tradicionais e arcaicos" discos numa era de playlists automáticas e computadores. Dezenas de entrevistas a nomes de relevo da música e da rádio em Portugal, numa belíssima homenagem de Eduardo Morais e da Antena 3 ao último dos independentes, um mestre que sempre fez, comeu, bebeu e fumou o que amava, dispensando cargos superiores, estatutos de estrela ou um coração em forma. Partiu cedo demais, mas viveu a vida, não a deixou passar. Relembrá-lo e continuar a ouvi-lo com regularidade é possível, graças ao impagável trabalho de recolha e disponibilização de arquivo do blogue "
Lista Rebelde".
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