segunda-feira, maio 09, 2005

Dark City (1998)

A vida de John Murdoch (Rufus Sewell) tornou-se um verdadeiro inferno. É procurado pela polícia devido a uma série de homicídios sobre os quais nada sabe e perseguido por uma mulher que se diz sua esposa, bem como por um misterioso "doutor". Mas o seu maior problema reside num grupo de seres poderosos demoninados "The Strangers", que parecem ter a capacidade de controlar a cidade, bem como os seus habitantes e que o querem devido aos extraordinários poderes que este manifestou. John decide então saber o que se passa com a cidade e desse modo responder a algumas perguntas que o atormentam: Porque é que é sempre noite? Porque é que ninguém lhe consegue dizer como abandonar a cidade? Murdoch tem assim de encontar forma de parar os "The Strangers" antes que estes tomem controlo da sua mente e o acabem por destruir. Em "Dark City", sempre que o relógio bate as doze badaladas, é de noite e ninguém em toda a cidade se apercebe que não houve dia, à excessão de John Murdoch e de Daniel Schreber, um "mad doctor", no verdadeiro sentido da palavra! Ok! Em termos de argumento começamos bem, pelo menos, de uma forma um "pouco" (veremos à frente porquê) original. E é no seu argumento forte e imaginativo que este filme marca pontos, os quais os perde quase por completo pelo seu "fim" lamechas e romântico.

Alex Proyas (realizador do recente I, Robot que bastante me desiludiu) tem o dom de combinar na perfeição os melhores elementos da ficção científica, com o melhor do ambiente de qualquer obra prima da cinematografia "noir". Tenta sem qualquer dúvida enquadrar a sua "história" nessa categoria... e consegue-o! «Dark City» é apoiado por um suporte visual muito forte, como se disse, mas não é destituído de ideias e de conceitos. Mesmo que muitos destes elementos também já tenham sido usados – o "plágio" dependerá do espectador; Já Tarantino foi aclamado pela forma como usou elementos de outras obras, moldando-os e tornando-os seus… (as opiniões dividem-se). Quando uma obra tende a produzir reacções radicalmente bipolarizadas, essa obra há-de ser pelo menos interessante. Proyas mistura a realidade e a ficção, como Terry Gilliam em "Brazil". Mas aqui a ficção era criada pelo imaginário do personagem central como única fuga possível à realidade, e em «Dark City» procura-se descobrir os verdadeiros contornos da realidade.

A obra de Proyas levanta questões no campo da religião e da metafísica no que diz respeito à criação e à manipulação do Homem por seres superiores (destino, deus, desconhecido, [preencher com a causa da sua preferência, baseada em crenças religiosas e/ou científicas]), e peca por ser desnecessariamente explicativo aqui e ali, onde se deveria deixar espaço para a inteligência ou imaginação do espectador preencher. O mesmo é notório na parte final onde uma conclusão mais em aberto só beneficiaria a narrativa. O resultado até tenderia a ser o mesmo, mas se não se mostrasse tanto, ser-se-ia mais fiel ao ambiente negro que trespassava o filme. Também, como é hábito hoje em dia, um filme de alto orçamento dificilmente consegue "passar" com um fim dúbio ou menos cor-de-rosa, por imposição de quem paga a sua produção.

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