E para vocês caros leitores, qual o vosso favorito de Roland Emmerich? E o que acharam de 10.000 AC, o mais recente filme do realizador alemão?
segunda-feira, março 31, 2008
10 Blogues, 5 Filmes, 1 Realizador - Março de 2008
E para vocês caros leitores, qual o vosso favorito de Roland Emmerich? E o que acharam de 10.000 AC, o mais recente filme do realizador alemão?
domingo, março 30, 2008
sábado, março 29, 2008
sexta-feira, março 28, 2008
Marketing Cinematográfico: Duas Formas Diferentes
Desde a sua estreia recente no festival de Sundance, "American Teen" foi comparado por vários críticos de cinema norte-americanos ao filme de culto dos anos oitenta "The Breakfast Club", de John Hughes. Aproveitando a onda positiva em relação à obra independente, a Paramount Vantage decidiu basear o novo cartaz de "American Teen" no aclamado poster de "The Breakfast Club". E já não se fala de outra coisa.
Por outro lado, temos "Superhero Movie", uma daquelas paródias parvas que não valerá certamente uma ida ao cinema, mas em que os responsáveis lembraram-se de usar essa mesma arma que o caracteriza para vender o filme: eis - mais uma - imitação muito bem conseguida de Tom Cruise e das suas maluquices pela Cientologia.
quinta-feira, março 27, 2008
Desafio: O que está na vossa "Bucket List"?
Com a estreia no nosso país de um dos filmes mais aguardados dos últimos tempos por este estaminé, "Nunca é Tarde Demais", de Rob Reiner, com Nicholson e Freeman nos principais papéis, impõe-se um desafio que implica alguma ponderação e reflexão existencial: que sonhos ou aspirações têm por concretizar antes de bater a bota? Vale tudo, do mais tangível ao aparentemente impossível. E para não me acusarem de ser cusco e não partilhar nada convosco, vou deixando um tópico da minha "lista de supermercado" após cada comentário que responda ao desafio. Vemo-nos aqui por baixo!
quarta-feira, março 26, 2008
terça-feira, março 25, 2008
Especiais Biography Channel
O canal Biography Channel estreou esta noite uma série de quatro documentários exclusivos sobre algumas das mais famosas séries da história da televisão. O primeiro especial tocou a "Três é Demais" - "Full House" é o título original -, série que durou cerca de dez anos e lançou Bob Saget e John Stamos para o estrelato. Nos próximos dias, e sempre às 21:00, podem acompanhar a entrada exclusiva nos mundos de "Beverly Hills 90210", "Blossom" e "24". Uma boa oportunidade para descobrir um pouco mais sobre algumas das séries que marcaram a vossa vida.
segunda-feira, março 24, 2008
Rambo (2008)
Rambo está de volta, duas décadas depois do seu último combate. Atroz e violento mas também agastado e encolerizado, o veterano de guerra norte-americano descansa agora na selva do norte da Tailândia, junto à fronteira com a Birmânia, isolado de um mundo com quem nunca se conciliou. Conhecido entre os locais como o barqueiro que caça serpentes para sobreviver, a vida solitária de Rambo vai levar uma nova e inesperada pirueta quando um grupo de missionários ocidentais o procura para contratar os seus serviços enquanto guia, numa viagem pelo rio acima até Myanmar, onde a mais antiga guerra civil ainda em actividade aniquila, sem piedade nem pudor, milhares de vidas humanas ano após ano.
“John Rambo” é uma ode quimérica à violência gratuita e à irascibilidade de uma personagem chave da história do cinema. Com este quarto capítulo da saga que deixou marca nos anos oitenta – período onde Stallone, Chuck Norris e outros machos destemidos enchiam salas de cinema com espectáculos de pancadaria austera -, Sylvester Stallone entrega, tanto ao mais fanático admirador da personagem como ao mais ocasional espectador, entretenimento niilista em doses massivas, sem qualquer tipo de preocupações profundas estruturais ou lógicas. É o triunfo da simplicidade sem discernimento, quase tão provocadora como o grito de guerra presente no filme e que deixa sem desculpa qualquer apreciação desfavorável. É que quem entrou na sala de projecção à espera de algo mais do que violência extrema sem qualquer nexo, só se pode mesmo queixar de si próprio. “John Rambo” é, na sua essência, o que vende no seu trailer e na sua história cinematográfica de sucesso.
Realizado com uma segurança notável por parte de Stallone, “John Rambo” oscila - tal como a personagem que o sustenta ao longo da saga – tecnicamente entre o fabuloso e o ordinário. Se o epílogo inicial da guerra civil atinge o espectador que nem uma bomba, já a falta de um inimigo personificado num adversário inteligente e astuto prejudica o desenvolvimento do enredo. Com muita acção corpo a corpo e sem abusar em demasia dos efeitos de pós-produção (quando o faz, como na gigantesca explosão, afunda-se por completo), Sylvester preocupa-se mesmo assim em deixar espaço para os fantasmas morais que atormentam Rambo. E apesar de não ter conseguido um equilíbrio tão inspirado como o que alcançou com o regresso recente de “Rocky Balboa”, o sexagenário exulta o seu talento ao mostrar que as cicatrizes de uma máquina assassina podem muito bem ser a capa de um coração movido pela honra e pela generosidade.
“John Rambo” é uma ode quimérica à violência gratuita e à irascibilidade de uma personagem chave da história do cinema. Com este quarto capítulo da saga que deixou marca nos anos oitenta – período onde Stallone, Chuck Norris e outros machos destemidos enchiam salas de cinema com espectáculos de pancadaria austera -, Sylvester Stallone entrega, tanto ao mais fanático admirador da personagem como ao mais ocasional espectador, entretenimento niilista em doses massivas, sem qualquer tipo de preocupações profundas estruturais ou lógicas. É o triunfo da simplicidade sem discernimento, quase tão provocadora como o grito de guerra presente no filme e que deixa sem desculpa qualquer apreciação desfavorável. É que quem entrou na sala de projecção à espera de algo mais do que violência extrema sem qualquer nexo, só se pode mesmo queixar de si próprio. “John Rambo” é, na sua essência, o que vende no seu trailer e na sua história cinematográfica de sucesso.
Realizado com uma segurança notável por parte de Stallone, “John Rambo” oscila - tal como a personagem que o sustenta ao longo da saga – tecnicamente entre o fabuloso e o ordinário. Se o epílogo inicial da guerra civil atinge o espectador que nem uma bomba, já a falta de um inimigo personificado num adversário inteligente e astuto prejudica o desenvolvimento do enredo. Com muita acção corpo a corpo e sem abusar em demasia dos efeitos de pós-produção (quando o faz, como na gigantesca explosão, afunda-se por completo), Sylvester preocupa-se mesmo assim em deixar espaço para os fantasmas morais que atormentam Rambo. E apesar de não ter conseguido um equilíbrio tão inspirado como o que alcançou com o regresso recente de “Rocky Balboa”, o sexagenário exulta o seu talento ao mostrar que as cicatrizes de uma máquina assassina podem muito bem ser a capa de um coração movido pela honra e pela generosidade.
domingo, março 23, 2008
MIFT's: Quais os mais descarados que já ofereceram?
A esta altura, metade do vocês estarão a pensar o que raio é um MIFT. Ora como não gosto de deixar os meus estimados leitores no angustiado e doloroso mundo do desconhecimento e da ignorância, passo a explicar: MIFT é um termo que deriva da junção dos termos anglo-saxónicos Me e Gift. Trocando por miúdos, são aqueles presentes que se oferecerem aos pais, namoradas, amigos e por aí adiante, na expectativa que eles nos arranjem mais tarde, para proveito próprio. É aquele filme que se oferece ao pai, mas que, coincidência das coincidências, nós andávamos atrás dele para a nossa estante à séculos; o livro com que presenteamos a nossa mãe, mas que acaba na nossa mesinha de cabeceira; a série que se dá à namorada mas... you got the point! Toca a desabafar!
sábado, março 22, 2008
Cartazes de Personagens - Looney Tunes
Cada personagem com o seu próprio cartaz. Eis uma tendência que se afirmou na década de noventa e que hoje é moda. Normalmente associados a grandes produções - quase sempre blockbusters de Verão -, são nos dias que correm uma das formas mais eficazes de atrair clientela para os cinemas. Até as próprias revistas internacionais de cinema já o fazem com as suas capas, chegando mesmo a oferecer aos seus leitores duas dezenas de opções diferentes, tal como foi feito recentemente com a saga 007 e os seus vinte e poucos filmes ou com as diferentes personagens de Star Wars. Resta então ao Cinema Notebook inaugurar uma nova secção.Looney Tunes - Back in Action
sexta-feira, março 21, 2008
What About Brian - Primeira Temporada
Brian é o rapaz com que qualquer mulher sonha casar e qualquer homem gostava de contar em caso de emergência. Giro, amável e simpático, não sabe dizer não a ninguém e está sempre disposto a dar uma mãozinha a quem precisa, mesmo que isso o prejudique directamente. No entanto - e enquanto todos aqueles com quem convive diariamente estão bem encaminhados na vida – Brian, já com os seus trinta e dois anos, não consegue encontrar a sua cara-metade nem um rumo definitivo na sua carreira. Será que a culpa é de Marjorie, namorada do seu melhor amigo, e pela qual Brian tem um fraquinho desde sempre?
“What About Brian” é uma série que aborda a temática do amor segundo quatro fases distintas: o rapaz solteiro que procura, encontro após encontro, pela mulher ideal, sem defeitos nem manias ; um par de noivos que enfrenta as indecisões do nó final na relação ; um casal sem filhos ; e, por fim, uma relação antiga, com filhos à mistura. Numa articulação brilhante entre os problemas e as soluções de cada uma das etapas, sempre com um toque requintado de humor subtil, pouco forçado, “Os Amigos de Brian” não tenta, por uma única vez, mostrar qual dos períodos é o melhor ou mais fácil. Simplesmente deixa esse julgamento a cargo do espectador, através de um poker cada vez mais raro na indústria: um elenco harmonioso, sem elos débeis, um argumento sensato, uma realização prudente e uma banda-sonora esplêndida.
Ao contrário da grande maioria dos produtos televisivos sobre relações, onde as personagens masculinas são completamente uni-dimensionais, em “What About Brian” os rapazes são o motor de arranque de toda a análise psicológica inerente à história. Com uma escrita inteligente e uma química notável entre algumas personagens como Brian e Marjorie - numa vertente mais dramática - ou Brian e Dave - numa vertente mais descontraída -, a primeira temporada de “Os Amigos de Brian” é uma hábil dramédia sobre o amor, o casamento e a vida. Cinco episódios dotados de um equilíbrio notável entre a inocência assassina de Brian e a vida amarga do conjunto. Quase sempre de mão dada com uma sonoplastia brilhante, eis como criar um universo peculiar e delicado, de uma afinidade pessoal única extraordinária, em menos de meia-dúzia de episódios. É amor à primeira vista por esta produção conjunta de J.J. Abrams e Dana Stevens (“City of Angels”), onde Sarah Lancaster espalha um charme irresistível e Barry Watson uma simplicidade convincente. What if...?
“What About Brian” é uma série que aborda a temática do amor segundo quatro fases distintas: o rapaz solteiro que procura, encontro após encontro, pela mulher ideal, sem defeitos nem manias ; um par de noivos que enfrenta as indecisões do nó final na relação ; um casal sem filhos ; e, por fim, uma relação antiga, com filhos à mistura. Numa articulação brilhante entre os problemas e as soluções de cada uma das etapas, sempre com um toque requintado de humor subtil, pouco forçado, “Os Amigos de Brian” não tenta, por uma única vez, mostrar qual dos períodos é o melhor ou mais fácil. Simplesmente deixa esse julgamento a cargo do espectador, através de um poker cada vez mais raro na indústria: um elenco harmonioso, sem elos débeis, um argumento sensato, uma realização prudente e uma banda-sonora esplêndida.
Ao contrário da grande maioria dos produtos televisivos sobre relações, onde as personagens masculinas são completamente uni-dimensionais, em “What About Brian” os rapazes são o motor de arranque de toda a análise psicológica inerente à história. Com uma escrita inteligente e uma química notável entre algumas personagens como Brian e Marjorie - numa vertente mais dramática - ou Brian e Dave - numa vertente mais descontraída -, a primeira temporada de “Os Amigos de Brian” é uma hábil dramédia sobre o amor, o casamento e a vida. Cinco episódios dotados de um equilíbrio notável entre a inocência assassina de Brian e a vida amarga do conjunto. Quase sempre de mão dada com uma sonoplastia brilhante, eis como criar um universo peculiar e delicado, de uma afinidade pessoal única extraordinária, em menos de meia-dúzia de episódios. É amor à primeira vista por esta produção conjunta de J.J. Abrams e Dana Stevens (“City of Angels”), onde Sarah Lancaster espalha um charme irresistível e Barry Watson uma simplicidade convincente. What if...?
Cinema Notebook: | TV.com: 8.9 (1,153 votos) | Média dos Leitores CN:
quinta-feira, março 20, 2008
A Música Preferida da TV
É a música que acompanha o genérico de CSI Nova Iorque, que imortalizou uma das cenas que catapultou Gregory House para a ribalta e que, entre muitos outros casos, deu o pontapé de saída para uma empatia instântanea em What About Brian ou Life on Mars. Lá pelo meio, entrou ainda em séries como Miami Vice, One Tree Hill, Dawson's Creek, My Name is Earl... e por aí adiante. E o mais impressionante é mesmo que assentou que nem uma luva em qualquer uma delas. Certamente já perceberam que falamos de Baba O'Riley, dos eternos "The Who". Toca a cantarolar...
quarta-feira, março 19, 2008
Harry Callahan is back...
Nos últimos dias, Clint Eastwood anunciou que iria realizar e participar num projecto denominado Gran Torino. Ficou o nome, a data prevista de lançamento - Dezembro, mesmo a tempo de ainda contar para os óscares da Academia - e criou-se o mistério: que género de filme seria Gran Torino? Pois bem, o site AICN descobriu a pólvora através de um e-mail enviado por um dos seus leitores: Gran Torino será o sexto capítulo da saga Dirty Harry.
“I recently advertised my 1974 ford grand torino classic original for sale in the local here, and within 24 hours had someone from Village Roadshow Pictures interested in having a look at it. He came. He wasn’t interested for numerous reasons (probably the modifications). He told me they were looking for the right car for a new Clint Eastwood movie. (...) He said it was a thriller about a killer that drives a certain torino. His 1972 Ford Gran Torino is the only thing the police have on him. A retired police lieutenant, one Harry Callahan, makes it his mission to track down the culprit when two young police officers, one Callahan’s grandson, are shot and killed by the guy.”
A veracidade deste testemunho dificilmente poderá ser confirmada. No entanto, com setenta e sete anos de idade, Eastwood é homem para ainda envergonhar muito boa gente. E se Rambo, Rocky e McClane já voltaram... porque não reviver o eterno "Make my day, Punk". É que com Clint na cadeira de realizador, dificilmente sairá asneira.
“I recently advertised my 1974 ford grand torino classic original for sale in the local here, and within 24 hours had someone from Village Roadshow Pictures interested in having a look at it. He came. He wasn’t interested for numerous reasons (probably the modifications). He told me they were looking for the right car for a new Clint Eastwood movie. (...) He said it was a thriller about a killer that drives a certain torino. His 1972 Ford Gran Torino is the only thing the police have on him. A retired police lieutenant, one Harry Callahan, makes it his mission to track down the culprit when two young police officers, one Callahan’s grandson, are shot and killed by the guy.”
A veracidade deste testemunho dificilmente poderá ser confirmada. No entanto, com setenta e sete anos de idade, Eastwood é homem para ainda envergonhar muito boa gente. E se Rambo, Rocky e McClane já voltaram... porque não reviver o eterno "Make my day, Punk". É que com Clint na cadeira de realizador, dificilmente sairá asneira.
terça-feira, março 18, 2008
Gone Baby Gone (2007)
Patrick Kenzie e Angie Gennaro são um casal de detectives privados responsáveis por uma pequena agência que investiga o desaparecimento de pessoas em Boston. Sem os meios da polícia local, mas com profundos conhecimentos nos bairros mais degradados e perigosos da cidade, Patrick e Angie são contratados pela avó de Amanda, uma jovem menina que, tudo indica, foi raptada de sua casa. Baseada na obra literária homónima do escritor Dennis Lehane, o mesmo que brindou Clint Eastwood com uma sólida narrativa em "Mystic River", "Gone Baby Gone" relata a história do desaparecimento de uma pequena e inocente criança e das questões sócio-morais que a envolvem.
"Vista Pela Última Vez" apresenta-se ao grande público como um thriller sobre um misterioso rapto - muito por culpa do aparato mediático que envolveu o caso Maddie - mas não é essa a essência que corre no seu coração ou que define a causa e o motivo de Ben Affleck, nesta sua auspiciosa estreia por detrás das câmaras - onde, pelos vistos, é bem mais eficaz e persuasivo do que à sua frente. Numa fábula onde nada é o que parece, ninguém é inocente e a acção honesta e digna nem sempre é sinónima da atitude moralmente correcta e benigna, "Gone Baby Gone" é sim, sem qualquer índice de falso pretensiosismo desde o seu monólogo de abertura, uma fita sobre a volubilidade das decisões, a iniquidade entre o certo e o correcto e a perversidade que assombra situações onde qualquer que seja a acção ou deliberação tomada, estamos a prejudicar o futuro de uns em benefício do de outros.
Com um robusto elenco, liderado pelo semi-novato Casey Affleck, que com a sua voz enferrujada, quase grosseira para a sua idade, consegue dotar o filme de uma masculinidade e seriedade inesperada, tão refrescante como surpreendente, facultando ao espectador a noção de que o seu Patrick Kenzie fará frente ao mais aterrador e medonho rufia, e conferindo a necessária, senão mesmo fundamental credibilidade às suas opções filosóficas e morais posteriores, e alicerçado pela sagacidade do eterno Ed Harris e da admirável Amy Ryan - com uma prestação que de tão repugnante só pode ser qualificada como genuína e verosímil - "Vista Pela Última Vez" gera, com o seu desfecho bipolar, um debate provocador na consciência de cada um: o que faríamos se fôssemos nós?
E é com esse derradeiro desafio, que imita a vida tal como ela é, tantas vezes severa e árdua e nem sempre com um final feliz no horizonte, que Ben Affleck inteligentemente remata a película. Poderia ser pedido mérito, capacidade ou aptidão maior do que essa a um realizador estreante, tantas vezes criticado e censurado como actor na indústria pelos mesmos que agora o aplaudem enquanto arquitecto de uma visão?
"Vista Pela Última Vez" apresenta-se ao grande público como um thriller sobre um misterioso rapto - muito por culpa do aparato mediático que envolveu o caso Maddie - mas não é essa a essência que corre no seu coração ou que define a causa e o motivo de Ben Affleck, nesta sua auspiciosa estreia por detrás das câmaras - onde, pelos vistos, é bem mais eficaz e persuasivo do que à sua frente. Numa fábula onde nada é o que parece, ninguém é inocente e a acção honesta e digna nem sempre é sinónima da atitude moralmente correcta e benigna, "Gone Baby Gone" é sim, sem qualquer índice de falso pretensiosismo desde o seu monólogo de abertura, uma fita sobre a volubilidade das decisões, a iniquidade entre o certo e o correcto e a perversidade que assombra situações onde qualquer que seja a acção ou deliberação tomada, estamos a prejudicar o futuro de uns em benefício do de outros.
Com um robusto elenco, liderado pelo semi-novato Casey Affleck, que com a sua voz enferrujada, quase grosseira para a sua idade, consegue dotar o filme de uma masculinidade e seriedade inesperada, tão refrescante como surpreendente, facultando ao espectador a noção de que o seu Patrick Kenzie fará frente ao mais aterrador e medonho rufia, e conferindo a necessária, senão mesmo fundamental credibilidade às suas opções filosóficas e morais posteriores, e alicerçado pela sagacidade do eterno Ed Harris e da admirável Amy Ryan - com uma prestação que de tão repugnante só pode ser qualificada como genuína e verosímil - "Vista Pela Última Vez" gera, com o seu desfecho bipolar, um debate provocador na consciência de cada um: o que faríamos se fôssemos nós?
E é com esse derradeiro desafio, que imita a vida tal como ela é, tantas vezes severa e árdua e nem sempre com um final feliz no horizonte, que Ben Affleck inteligentemente remata a película. Poderia ser pedido mérito, capacidade ou aptidão maior do que essa a um realizador estreante, tantas vezes criticado e censurado como actor na indústria pelos mesmos que agora o aplaudem enquanto arquitecto de uma visão?
segunda-feira, março 17, 2008
A Busca pelo Filme Sagrado
Não, "A Busca pelo Filme Sagrado" não é o título de um futuro capítulo da saga Indiana Jones. O Cinema Notebook tem o prazer de anunciar que oferece um cheque FNAC de 15 euros a quem arranjar uma cópia VHS - ou em qualquer outro formato - em boas condições do filme Pure Luck (Sorte Malvada em Português), com os míticos Danny Glover e Martin Short. Quem é que vai salvar este vosso humilde servo cinéfilo? Quem é, quem é?
domingo, março 16, 2008
Take com Newsletter & DVDGO sem portes
Quem quiser ser o primeiro a saber do lançamento mensal de cada nova edição da já aqui discutida Take, pode agora subscrever no site da revista à newsletter da mesma. Quem quiser deixar alguma sugestão/opinião, também já o pode fazer de forma rápida e simples. Agora... resta aguardar pelo próximo número. Promete-se mais e melhor.
Já o excelentíssimo site espanhol DVDGo está a enviar tralha para Portugal continental - as ilhas continuam excluídas destas promoções - sem qualquer custo adicional de portes, até ao dia 23 de Março. Para tal, basta efectuar uma encomenda de valor superior a 19 euros. Como cliente antigo do serviço, já troquei algumas amêndoas de Páscoa por uns clássicos que não se encontram por terras lusas.
Já o excelentíssimo site espanhol DVDGo está a enviar tralha para Portugal continental - as ilhas continuam excluídas destas promoções - sem qualquer custo adicional de portes, até ao dia 23 de Março. Para tal, basta efectuar uma encomenda de valor superior a 19 euros. Como cliente antigo do serviço, já troquei algumas amêndoas de Páscoa por uns clássicos que não se encontram por terras lusas.
sábado, março 15, 2008
I de Iñárritu, Indiana e Ingrid
Filme: Indiana Jones and the Last Crusade. “The opening sequence of this third Indiana Jones movie is the only one that seems truly original - or perhaps I should say, it recycles images from 1940s pulps and serials that Spielberg has not borrowed before. The rest of the movie will not come as a surprise to students of Indiana Jones, but then how could it? The Jones movies by now have defined a familiar world of death-defying stunts, virtuoso chases, dry humor and the quest for impossible goals in unthinkable places." [F]
Realizador: Alejandro González Iñárritu. "O sucesso alcançado com "Amores Perros" levou González Iñárritu a dirigir um segundo filme, desta vez já nos EUA, em formato de blockbuster, intitulado "21 Grams" (21 Gramas). De novo escrito por Guillermo Arriaga, o filme contou com protagonistas de peso como o seu compatriota e amigo próximo Benicio del Toro, Naomi Watts e Sean Penn. Del Toro e Watts receberam ambos nomeações para Óscares pelos seus desempenhos. O mais recente projecto de Alejandro, "Babel", narra em simultãneo quatro histórias passadas em Marrocos, México, EUA e Japão. O filme estreou em Novembro de 2006 e contou no elenco com actores de primeira linha como Brad Pitt, Adriana Barraza, Rinko Kikuchim, Cate Blanchett, Gael García Bernal e Koji Yakusho. Valeu-lhe o prémio para Melhor Director (Prix de la Mise en Scène) na edição de 2006 do Festival de Cinema de Cannes, a 15 de Janeiro de 2007." [F]
Raparigona: Ingrid Bergman. "Actriz sueca, nasceu em 29 de Agosto de 1915, em Estocolmo, e faleceu em Londres a 29 de Agosto de 1982, vitimada por um linfoma. Foi uma das actrizes mais conceituadas do Mundo, especialmente durante os anos 40, quando estava no auge da sua beleza natural. Órfã de mãe com apenas dois anos, foi graças à herança deixada pela sua progenitora que se inscreveu no curso de Interpretação da Academia Real Dramática de Estocolmo. O sucesso foi imediato e a rápida adaptação de Ingrid à língua inglesa impeliu-a a voos mais altos. Numa altura em que Greta Garbo se retirava da vida artística activa, Hollywood parecia ter encontrado outra rainha nórdica. Depois dum breve regresso à Suécia, voltou aos Estados Unidos para interpretar uma série de títulos que a tipificaram brevemente num registo de mulher atormentada em Rage in Heaven (Tempestade, 1941) e Adam Had Four Sons (Os Quatro Filhos de Adão, 1941). No ano seguinte, arrancou um dos desempenhos mais memoráveis da sua carreira, quando personificou Ilsa Lund no mítico Casablanca (1942). O par romântico que fez com Humphrey Bogart baseado numa noção de amor impossível comoveu plateias e provou que Ingrid era uma actriz plena de versatilidade." [F]
Website: Imagens Perdidas - http://imagensperdidas.blogs.sapo.pt/
Pensamento do Dia: “A literatura é um assunto sério para um país, pois é, afinal de contas, o seu rosto.” Louis Aragon.
Curiosidade do Dia: Marte tem a maior montanha do Sistema Solar. A Olympus Mons tem 26 mil metros de altura - quase três vezes mais do que o Everest..
A Discutir nos Comentários: Qual o vosso Indiana favorito?
sexta-feira, março 14, 2008
Trade (2007)
Realizado pelo alemão Marco Kreuzpaintner, reconhecido no meio como autor de uma das mais marcantes obras homossexuais desta década, “Summer Storm”, “Tráfico, Bem-vindo à América” baseia a sua história num artigo publicado no New York Times sobre o tráfico de pessoas para fins sexuais entre o México e os Estados Unidos da América. Com esse pressuposto, Kreuzpaintner prepara e adapta uma narrativa que sirva os seus propósitos, unindo então o rapto de uma rapariga mexicana de treze anos à saga de redenção e resgate por parte do seu irmão mais velho, Jorge, que se sente responsável pelo desaparecimento da jovem Adriana. Pelo caminho, Ray, um polícia norte-americano misterioso, e Weronika, uma adolescente polaca apanhada nas mesmas malhas mafiosas, emergem como os elos de ligação das personagens à quietação e à salvação de espiríto de um mundo hediondo.
Considerada por alguns como uma obra violenta, crua e feroz, para outros “Trade” não passou de um puro exercício académico, repleto de pretensiosismos e manipulações narrativas. Seja qual for o lado da barricada em que o espectador se coloque, ao filme de Kreuzpaintner há, no entanto, um mérito que ninguém pode privar: a sua mensagem é forte, importante e, mesmo que não tenha sido bem passada, a simples abordagem ao tema é suficiente para levantar alguma poeira ao marasmo que parece instalado num assunto sóciopolítico quase sempre subvalorizado na esfera pública. Dito isso, não há então problemas em afirmar que “Tráfico, Bem-vindo à América” não é nem tão bom como os seus defensores o afirmam, nem tão mau como os seus detractores apregoam.
Estamos assim presentes perante um filme intermitente, que oscila rapidamente entre facetas emocionalmente e graficamente desconcertantes e manobras baratas de pseudo thriller, que um projecto prestável como este não merecia. Tudo porque Marco Kreuzpaintner tenta fugir de todas as formas possíveis ao tom documental da epidemia global que representa, – até na criação de momentos paternalistas entre Kevin Kline e Cesar Ramos – quando devia ter-se concentrado por completo na sua exploração unilateral. Consequências disso mesmo, no final acaba por se tornar mais relevante a possível relação entre a cabecilha do grupo e a personagem de Kline, bem como a moralidade dos actos de Jorge, invés do debate activo sobre este terrível flagelo que atinge milhares e milhares de crianças e mulheres em todo o mundo.
Considerada por alguns como uma obra violenta, crua e feroz, para outros “Trade” não passou de um puro exercício académico, repleto de pretensiosismos e manipulações narrativas. Seja qual for o lado da barricada em que o espectador se coloque, ao filme de Kreuzpaintner há, no entanto, um mérito que ninguém pode privar: a sua mensagem é forte, importante e, mesmo que não tenha sido bem passada, a simples abordagem ao tema é suficiente para levantar alguma poeira ao marasmo que parece instalado num assunto sóciopolítico quase sempre subvalorizado na esfera pública. Dito isso, não há então problemas em afirmar que “Tráfico, Bem-vindo à América” não é nem tão bom como os seus defensores o afirmam, nem tão mau como os seus detractores apregoam.
Estamos assim presentes perante um filme intermitente, que oscila rapidamente entre facetas emocionalmente e graficamente desconcertantes e manobras baratas de pseudo thriller, que um projecto prestável como este não merecia. Tudo porque Marco Kreuzpaintner tenta fugir de todas as formas possíveis ao tom documental da epidemia global que representa, – até na criação de momentos paternalistas entre Kevin Kline e Cesar Ramos – quando devia ter-se concentrado por completo na sua exploração unilateral. Consequências disso mesmo, no final acaba por se tornar mais relevante a possível relação entre a cabecilha do grupo e a personagem de Kline, bem como a moralidade dos actos de Jorge, invés do debate activo sobre este terrível flagelo que atinge milhares e milhares de crianças e mulheres em todo o mundo.
quinta-feira, março 13, 2008
quarta-feira, março 12, 2008
Jumper (2008)
Em “Jumper”, Hayden Christensen é David Rice, um rapaz que aparenta ser como tantos outros mas que, de verdade, não o é. É que Rice goza de um super-poder excêntrico, derivado de uma anomalia genética, que o dota da capacidade de se teletransportar instantaneamente para qualquer local do planeta, a qualquer momento. Entre banhos de sol junto às pirâmides do Egipto, umas ondas surfadas nas Maldivas ou um pequeno-almoço romântico em Nova Iorque, tudo numa única manhã, a vida de David era um sonho tornado realidade que corria de vento em popa. No entanto, e como não há bela sem senão, tudo vai mudar quando descobre que não é o único neste mundo capaz de teletransportar-se e que uma organização secreta – os Paladinos de Samuel L. Jackson - o perseguirá até o assassinar, numa guerra que, afinal de contas, dura há milhares e milhares de anos.
Com um dos mais fortes pontos de partida dos últimos anos, um realizador com a respeitável bagagem de Doug Liman – que de “Swingers” a “Mr. e Mrs. Smith”, passando por “Identidade Desconhecida” e “Go - A Vida Começa às Três da Manhã”, nunca havido desperdiçado uma premissa interessante – e um par de guionistas responsáveis, entre outros, pelos argumentos cinematográficos de “Batman Begins” e “Fight Club”, a ilação mais simpática que se pode prestar a “Jumper” é mesmo que, por um conjunto de circunstâncias infelizes e sem explicação, toda a potencialidade deste projecto foi transformada num produto medíocre e insignificante em todas as suas vertentes. Com a epígrafe em questão, detentora de um carácter artístico quase anarquista, onde infinitas possíblidades eram exequíveis, “Jumper” acaba por escolher um atalho demasiado simplista e infantil, tornando-se com o passar dos minutos em entretenimento facilmente esquecível que desaproveita uma grande ideia.
Como se de um círculo vicioso se tratasse, até as interpretações dos nomes mais sonantes do elenco são levianas. Hayden não convence enquanto super-herói, Jackson – e que fique claro que o considero um dos melhores da sua geração – não está talhado para vilões caricaturais e a esbelta e airosa Rachel Bilson chega a meter dó de tão superficial e incrédula ostenta ser, mesmo nos momentos mais profundos da relação amorosa da fita. De resto, e para sacudir alguma água desse capote, é nítido que as personagens não têm sequer tempo, no meio de tanto salto temporal e de pouco mais de oitenta minutos de fita, para serem desenvolvidas adequadamente. Com um final terrível, que promete uma ou mais sequelas, este poderá ter sido o pontapé de saída para uma aventura que ainda vai a tempo de ser épica: basta aliar aos efeitos especiais deste primeiro capítulo, uma história mais imaginativa, aprofundada e sem tanto cliché romântico. Em suma, “Jumper” é a prova de que quando nos chega um blockbuster de acção logo em Fevereiro, devemos torcer o nariz. Até porque quem o distribui, já sabe que o que tem em mãos não tem cabedal para competir com os pesos pesados do Verão.
Com um dos mais fortes pontos de partida dos últimos anos, um realizador com a respeitável bagagem de Doug Liman – que de “Swingers” a “Mr. e Mrs. Smith”, passando por “Identidade Desconhecida” e “Go - A Vida Começa às Três da Manhã”, nunca havido desperdiçado uma premissa interessante – e um par de guionistas responsáveis, entre outros, pelos argumentos cinematográficos de “Batman Begins” e “Fight Club”, a ilação mais simpática que se pode prestar a “Jumper” é mesmo que, por um conjunto de circunstâncias infelizes e sem explicação, toda a potencialidade deste projecto foi transformada num produto medíocre e insignificante em todas as suas vertentes. Com a epígrafe em questão, detentora de um carácter artístico quase anarquista, onde infinitas possíblidades eram exequíveis, “Jumper” acaba por escolher um atalho demasiado simplista e infantil, tornando-se com o passar dos minutos em entretenimento facilmente esquecível que desaproveita uma grande ideia.
Como se de um círculo vicioso se tratasse, até as interpretações dos nomes mais sonantes do elenco são levianas. Hayden não convence enquanto super-herói, Jackson – e que fique claro que o considero um dos melhores da sua geração – não está talhado para vilões caricaturais e a esbelta e airosa Rachel Bilson chega a meter dó de tão superficial e incrédula ostenta ser, mesmo nos momentos mais profundos da relação amorosa da fita. De resto, e para sacudir alguma água desse capote, é nítido que as personagens não têm sequer tempo, no meio de tanto salto temporal e de pouco mais de oitenta minutos de fita, para serem desenvolvidas adequadamente. Com um final terrível, que promete uma ou mais sequelas, este poderá ter sido o pontapé de saída para uma aventura que ainda vai a tempo de ser épica: basta aliar aos efeitos especiais deste primeiro capítulo, uma história mais imaginativa, aprofundada e sem tanto cliché romântico. Em suma, “Jumper” é a prova de que quando nos chega um blockbuster de acção logo em Fevereiro, devemos torcer o nariz. Até porque quem o distribui, já sabe que o que tem em mãos não tem cabedal para competir com os pesos pesados do Verão.
terça-feira, março 11, 2008
segunda-feira, março 10, 2008
Juno (2007)
Juno MacGuff é uma jovem adolescente virtuosa, exemplo maior de uma filosofia Pop moderna intelectual, com respostas lacónicas e mordazes sempre preparadas para qualquer situação com que se depare. No entanto, e como qualquer outra rapariga da sua idade, não contava engravidar aos dezasseis, ainda para mais fruto de uma noite sem exemplo com o seu colega de escola Paulie Bleeker, o rapaz que põe desodorizante nas pernas e passa a vida a mastigar tic-tacs laranjas. Com a ajuda de uma amiga, a protecção dos pais e um nível de maturidade fora do comum, Juno vai ser a personificação meticulosa – apesar de algo fantasista – da desdramatização simpática e inteligente de uma vicissitude que atinge milhares de adolescentes em todos os cantos do mundo.
“Juno”, o filme, é uma maravilhosa combinação entre um elenco sublime, devidamente comandado por uma Ellen Page formidável, um jovem e promissor realizador, talhado para explorar de forma encantadora as suas personagens, tal como já o havia feito em “Obrigado por Fumar”, e de um argumento descontraído que fixa o seu engenho em articular diálogos curtos e deslumbrantes com um harmonioso fluir cómico-dramático amadurecido e prudente, a exemplo da heroína que representa no final da narrativa. Tudo envolto numa banda sonora ingénua e memorável, escolhida a dedo segundo os pressupostos independentes da obra, e que conferem a “Juno” uma singeleza, charme e espontaneidade arrasadoras. De tal modo que, a certo momento da fita, torna-se impossível conseguir resistir à autenticidade e encanto de Page e, também, porque não, de Michael Cera.
No final, fica a clara sensação de que fomos presenteados com um filme detentor de um coração enorme e de uma alma arrebatadora. Tudo sem falsas idiossincrasias, lamechices pegadas que ajudem a comover o espectador ou conjunturas idiotas que despertem a gargalhada fácil. Uma simplicidade extravagante que transcende os géneros em que se apoia sem nunca perder um pingo de coerência durante pouco mais de hora e meia. Uma história como tantas outras, mas narrada de uma forma singular e estranha – no bom sentido -, que acabou por transformar “Juno” num dos filmes mais rentáveis em termos de custo-proveito dos últimos anos e num dos favoritos da crítica e do público para todos os galardões para os quais o filme de Jason Reitman foi nomeado. Assim sendo, falta só mesmo prestar uma palavra de apreço a Jennifer Garner, que alcança aqui a melhor performance da sua carreira. Só que com Ellen Page a resplandecer desta maneira, Garner, Bateman, Cera ou mesmo o mítico J.K. Simmons passam inevitavelmente para segundo plano.
“Juno”, o filme, é uma maravilhosa combinação entre um elenco sublime, devidamente comandado por uma Ellen Page formidável, um jovem e promissor realizador, talhado para explorar de forma encantadora as suas personagens, tal como já o havia feito em “Obrigado por Fumar”, e de um argumento descontraído que fixa o seu engenho em articular diálogos curtos e deslumbrantes com um harmonioso fluir cómico-dramático amadurecido e prudente, a exemplo da heroína que representa no final da narrativa. Tudo envolto numa banda sonora ingénua e memorável, escolhida a dedo segundo os pressupostos independentes da obra, e que conferem a “Juno” uma singeleza, charme e espontaneidade arrasadoras. De tal modo que, a certo momento da fita, torna-se impossível conseguir resistir à autenticidade e encanto de Page e, também, porque não, de Michael Cera.
No final, fica a clara sensação de que fomos presenteados com um filme detentor de um coração enorme e de uma alma arrebatadora. Tudo sem falsas idiossincrasias, lamechices pegadas que ajudem a comover o espectador ou conjunturas idiotas que despertem a gargalhada fácil. Uma simplicidade extravagante que transcende os géneros em que se apoia sem nunca perder um pingo de coerência durante pouco mais de hora e meia. Uma história como tantas outras, mas narrada de uma forma singular e estranha – no bom sentido -, que acabou por transformar “Juno” num dos filmes mais rentáveis em termos de custo-proveito dos últimos anos e num dos favoritos da crítica e do público para todos os galardões para os quais o filme de Jason Reitman foi nomeado. Assim sendo, falta só mesmo prestar uma palavra de apreço a Jennifer Garner, que alcança aqui a melhor performance da sua carreira. Só que com Ellen Page a resplandecer desta maneira, Garner, Bateman, Cera ou mesmo o mítico J.K. Simmons passam inevitavelmente para segundo plano.
domingo, março 09, 2008
Take 1 - Março de 2008
Este mês, a Take está com cara de má. A culpa é de Bardem e do seu penteado enganador em "No Country for Old Men", o filme que, como todos sabem, arrecadou as principais estatuetas de Hollywood no passado mês de Fevereiro. Estatuetas essas que merecem um especial de várias páginas, muito bem orquestrado pelo Bruno Ramos, onde os nomeados e a cerimónia são alvo de uma análise atenta. Já Hollywood e as suas tendências são diagnosticadas e examinadas pelo nosso conhecido Edgar Ascensão, que ainda nos dá uma breve explicação sobre o fenómeno Rashomon, que nos chega este mês através de "Vantage Point". Especial atenção ainda para a rúbrica dedicada a Bonjour Tristesse - que nos chega pelas mãos da desaparecida Helena -, à nova secção de Televisão - sob o comando do irrepreensível Pedro Andrade - e para os conteúdos exclusivos da Take, entre eles a reportagem aos protagonistas lusos de "Horton" e a entrevista a Rui Barbosa, da empresa On Air. Tudo isto, e muito, muito mais, no site oficial da magazine nacional de cinema.
Donwload Directo do PDF: http://www.take.com.pt/pdf/Take1Mar08.pdf (Guardar Como...)
Donwload Directo do PDF: http://www.take.com.pt/pdf/Take1Mar08.pdf (Guardar Como...)
sábado, março 08, 2008
He-Man: Em Maio... com legendas/áudio em Português!
sexta-feira, março 07, 2008
quinta-feira, março 06, 2008
Jason Reitman: In God We Trust
Para uma grande maioria, "Obrigado por Fumar" foi o primeiro contacto cinéfilo com Jason Reitman. Eu fui um deles, e confesso que não fiquei propriamente apaixonado ou exaltado com o argumento negro - mas pouco divertido, que nunca quebrou os estereótipos de senso comum - da obra. Fiquei, no entanto, agradado com o trabalho técnico de Reitman, seguro e eficaz na criação de espaços funcionais. Com "Juno", uma das surpresas independentes mais deliciosas e simpáticas dos últimos anos - e que muito brevemente passará aqui pelo blogue - Reitman confirmou ser um realizador dotado e criativo. A curiosidade e a ânsia por mais experiências Reitmanianas instalou-se e decidi procurar por aqueles curtos trabalhos semi-académicos, típicos de jovens realizadores como Jason, que alguns sites provavam existir... pelo menos em teoria. E fruto dessa busca incansável - que na verdade demorou apenas alguns minutos, e onde a palavra incansável serve apenas para dar um ar épico a este artigo - eis que se impõe, imediatamente e sem mais conversas, dar a conhecer "In God We Trust", uma das mais originais curtas-metragens desta década e uma das primeiras aventuras de Reitman na indústria. Meus amigos... isto é uma verdadeira pérola.
quarta-feira, março 05, 2008
terça-feira, março 04, 2008
Uwe Boll: Melhor que Spielberg e Kingsley
Não, meus amigos, não estão a ver mal. Este título, assim do nada, merecia logo por si só um apedrejamento em praça pública, despido e pendurado pelo testículo direito numa qualquer árvore de Monsanto. Mas rogo pela vossa compreensão e compaixão. É que baseei-me pura e simplesmente nas mais recentes declarações do realizador (?!) alemão sobre a estreia do seu novo filme (!?) no mesmo dia do blockbuster mais aguardado do ano, "Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull". Preparados? Cá vai disto:
“On the Indiana Jones weekend - May 23 - we will go out and destroy Indiana Jones in the Box Office! We all know that Harrison Ford is older as my grandpa and his time is up - would Michael Moore say!”
“Spielberg gets sloppy. We saw that with War of the Worlds (why the fuck the older brother survived?) and also in parts of Jaws, E.T., Munich etc.! My performance in Postal as ‘Nazi Theme Park Owner’ outperforms easily Ben Kingsley in Schindler’s List!”
“On the Indiana Jones weekend - May 23 - we will go out and destroy Indiana Jones in the Box Office! We all know that Harrison Ford is older as my grandpa and his time is up - would Michael Moore say!”
“Spielberg gets sloppy. We saw that with War of the Worlds (why the fuck the older brother survived?) and also in parts of Jaws, E.T., Munich etc.! My performance in Postal as ‘Nazi Theme Park Owner’ outperforms easily Ben Kingsley in Schindler’s List!”
segunda-feira, março 03, 2008
10 Blogues, 5 Filmes, 1 Realizador - Fevereiro de 2008
E para vocês, caros leitores, qual é o vosso favorito dos irmãos Coen? Confesso a minha surpresa por não ver uma única nomeação a Fargo, aquele que é considerado pelo grande público como a obra mestra desta dupla. Este mês, referência especial para a entrada na tabela do Cataclismo Cerebral, que vem ocupar o espaço de uma das fundadoras desta rúbrica, a Helena, que sai por opção devido ao término repentino da sua participação na blogosfera. Obrigado Helena, bem-vindo Cataclismo.
domingo, março 02, 2008
Indiana e a Estátua mais cool de sempre!
Esta estátua de "Indiana Jones e os Salteadores da Arca Perdida" é capaz de ser uma das coisas mais fofas do género que já vi por aí. Criada pela Kotobukiya, uma marca japonesa dedicada a memorablia cinematográfica, a peça de arte combina de forma irrepreensível o detalhe minuncioso a cada cena fulcral do filme e as características tri-dimensionais de cada cenário. E como se não bastasse, a empresa nipónica já anunciou que vai produzir estátuas semelhantes para os restantes capítulos da saga, incluindo o que estreia no próximo mês de Maio. Os interessados - com setenta libras no bolso - podem efectuar uma pré-reserva (disponível para venda apenas em Agosto) no site da Forbidden Planet Internacional.
sábado, março 01, 2008
Emprestar DVDs: Como evitar, sem grande alarido?
Já todos certamente passaram pela famosa e dolorosa experiência de emprestar aquele filme predilecto a um amigo que o prometeu devolver no dia seguinte, mas que acabou por o raptar durante semanas ou mesmo meses. Decidido a eliminar de uma vez por todas com essa praga maldita que chega a ocultar DVDs para toda a eternidade ou a danificá-los de tal forma que, quando o vamos rever, damos por nós a saltar inesperadamente do primeiro para o quinto minuto de filme, num único segundo, o Cinema Notebook decidiu puxar pela vossa imaginação e criatividade, e criar um TOP de desculpas e justificações inocentes para evitar empréstimos indesejados. Deixem as vossas sugestões no espaço destinado aos comentários, que as cinco - ou dez - melhores ideias, ao fim de três ou quatro dias, passarão para este artigo. Para dar o mote, eis uma já testada cá em casa com bons resultados:
"Este pack veio com um problema de origem que crasha alguns leitores, com um certo chip interno, de uma vez por todas. Foi retirado do mercado e tudo. Tive que ir à loja com o leitor avariado para me pagarem o concerto. Foi cá uma açorda!"
Uma semana depois, cá fica uma pequena compilação das melhores que por cá passaram:
As completamente esfarrapadas, com taxa de sucesso entre os 0 e os 2,3%, mas que gozam de uma excelente dose de humor:
"Bem sabes que eu adoro capas... compro os filmes, mas os discos vão logo pró lixo!" (José Soares)
"Esse título está cheio de humidade... tão cheio que ainda se consegue espremer a água!" (Red Dust)
As pérfidas e desleais, capazes de funcionar consoante a vítima e a queda para a representação do proprietário do disco:
"Desculpa, este DVD é de um amigo, ando há séculos para lhe entregar e vou estar com ele amanhã!" (O Criminoso)
"Oh não vale nada este DVD. Comprei-o em Espanha e não tem legendas em português nem versão original." (O Criminoso)
"Epá, este é melhor não levares, emprestei-o à dias e devolveram-mo todo riscado, nem sequer chega a metade do filme..." (Marta)
"Não vais curtir nada... É uma banhada esse filme, vi e estou arrependido de ter comprado o DVD." (Brain-Mixer)
"Desculpa, mas já prometi emprestá-lo ao xpto." (Last Ladybug)
"Este pack veio com um problema de origem que crasha alguns leitores, com um certo chip interno, de uma vez por todas. Foi retirado do mercado e tudo. Tive que ir à loja com o leitor avariado para me pagarem o concerto. Foi cá uma açorda!"
Uma semana depois, cá fica uma pequena compilação das melhores que por cá passaram:
As completamente esfarrapadas, com taxa de sucesso entre os 0 e os 2,3%, mas que gozam de uma excelente dose de humor:
"Bem sabes que eu adoro capas... compro os filmes, mas os discos vão logo pró lixo!" (José Soares)
"Esse título está cheio de humidade... tão cheio que ainda se consegue espremer a água!" (Red Dust)
As pérfidas e desleais, capazes de funcionar consoante a vítima e a queda para a representação do proprietário do disco:
"Desculpa, este DVD é de um amigo, ando há séculos para lhe entregar e vou estar com ele amanhã!" (O Criminoso)
"Oh não vale nada este DVD. Comprei-o em Espanha e não tem legendas em português nem versão original." (O Criminoso)
"Epá, este é melhor não levares, emprestei-o à dias e devolveram-mo todo riscado, nem sequer chega a metade do filme..." (Marta)
"Não vais curtir nada... É uma banhada esse filme, vi e estou arrependido de ter comprado o DVD." (Brain-Mixer)
"Desculpa, mas já prometi emprestá-lo ao xpto." (Last Ladybug)
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