terça-feira, abril 15, 2008

Halloween (2007)

Nesta reinvenção do mítico “Halloween” de John Carpenter, obra imortalizada no final dos anos setenta e que subiu a parada dentro do género “slasher” para um nível que, ainda hoje nos dias que correm, não voltou a ser tocado, Rob Zombie constrói um filme antagónico na sua essência – quase bipolar –, que parte a narrativa em duas fases distintas e opostas: uma, mais biográfica, que acrescenta algo de novo à obra original e onde a juventude de Michael Myers é retratada, com grande segurança, de forma pungente; e outra, onde a besta cruel já adulta perde toda a profundidade emocional da sua personagem e cai nos lugares comuns vistos e revistos nas sete sequelas da saga e em tantas outras películas que, de uma forma ou de outra, surgiram por influência e homenagem a Carpenter.

Como analisar então um filme que constrói uma base sólida, sem precedentes, só para depois cair em completa desgraça, risível para meia sala, descredibilizando por completo a experiência cinematográfica? Ao tentar fazer um pouco de tudo, Zombie – responsável pelos aceitáveis, para alguns de culto, “Casa dos 1000 Cadáveres” e a respectiva sequela “Os Renegados do Diabo”, perde o rasto ao ambiente estrutural e visceral que havia criado perante uma família atípica, onde Myers alimentava as suas motivações vagabundas e criminosas. O próprio Malcolm McDowell, que no papel de psicólogo servia de intermediário entre o monstro e o ser humano, torna-se de um momento para outro fútil durante a trama, devido à mudança de personalidade do filme, que decide abandonar o cérebro e dedicar-se a tempo inteiro ao sangue e aos sobressaltos característicos da casta artística.

Resta-nos então desfrutar de forma moderada dos primeiros trinta minutos do filme, onde o monstro é construído, apreciar a articulação arriscada e incomum entre algumas músicas descontextualizadas – dignas de um qualquer romance - e duas ou três cenas mórbidas, estimar a presença de Danny Trejo, um autêntico tractor do cinema – já lá vão cento e quarenta filmes desde 1990 -, relembrar o tema original da composição de culto e esquecer por completo a transição para a acção unidimensional, onde raparigas com as mamocas à mostra, truques baratos de terror e um móvel com pernas são significados totais da tensão e da inquietação que Rob Zombie consegue passar para o espectador. O final, frio e indiferente, desprovido de singularidade, é a prova derradeira do caminho deprimente e desnecessário tomado. Se quer ir dormir sobressaltado, o melhor é mesmo pegar no original.

8 comentários:

Flying Dutchman disse...

Acabaste de salvar 2 horas da minha vida hehe
O danny trejo é mesmo um fenomeno, mas acho que vou seguir o teu conselho e ver a pelicula original!
Grande abraço

Anónimo disse...

Esses filmes para mim não me animam em nada. É uma eterna repetição das cenas e de tudo que acontece nos anteriores. Mudam os atores, os cenários, mas esquecem dos roteiros.

Anónimo disse...

Q desastre de filme, como é que isto chegou a ser feito!!
Abraço

Anónimo disse...

Não vale reaproveitar os textos feitos para a Take :P Já sabes a minha opinião sobre este filme. Não há metade que se salve. Não há nada que o salve. Chamar-lhe um remake de Halloween é um completo sacrilégio. Se Halloween, Michael Myers (nomes) e a mascara não estivesse no filme, ainda vá que não vá... mas não é, nem nunca poderá ser um bom filme e nunca manchar um legado que é o grande filme de Carpenter. Diabos, até o Halloween Ressurection é melhor!

Anónimo disse...

Danny Trejo rocks! =D

JB disse...

bem, respeito a teu comentário, até porque está bem fundamentado... Mas do que é que as pessoas estavam à espera de um "slasher"? É óbvio que teriam que haver as meninas com as mamocas à mostra... Mas concordo contigo, quando comentaste a primeira parte do filme. Sempre é algo novo na saga! O resto é mais do mesmo... Mas ainda assim está bem filmado. O que para um filme de terror é importante (não quer dizer que para os outros géneros nao seja).

www.revoltadapipoca.blogspot.com

José Quintela Soares disse...

Confesso que já não tencionava ver...

Carlos M. Reis disse...

Dutch, se ainda não vi o original, segue definitivamente o meu conselho ;) Um grande abraço!

Isabela, têm retorno de investimento, com lucros gigantescos em cima. E acaba por ser isso que interessa, acima de tudo. Beijinhos.

Mauro ;) Um abraço!

Ricardo, claro que vale ;) Um abraço!

CinemaBox, yes indeed ;) Um abraço!

Blog da Pipoca, mas os grandes filmes são aqueles que reinventam os seus géneros. É preciso é muita cabecinha e imaginação. E este, apesar de mudar algumas arestas, acabou por cair nos lugares comuns. Cumprimentos ;)

José, imagino ;) Um abraço!

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