sábado, maio 31, 2008
sexta-feira, maio 30, 2008
The Bank Job (2008)
Um grupo de maganões com queda para investidas ilegais e um banco privado com alguns dos mais importantes segredos da realeza britânica são, à partida, elementos mais do que suficientes para, com alguma imaginação à mistura, criar um thriller de acção aceitável. “O Golpe de Baker Street” – tradução bem menos redundante que o título original – é um bom exemplo disso. Baseado em acontecimentos verídicos que foram manchete de quase toda a imprensa inglesa no final do Verão de 1971 (só para mais tarde diluírem-se por completo do radar e dos meios de comunicação social por suposta imposição do governo local), Roger Donaldson oferece ao mundo uma versão pessoal possível do que pode ter mesmo acontecido naquele que ainda hoje é considerado um dos assaltos mais caricatos e misteriosos da história recente do continente europeu.
Com uma estrutura estética bastante similar à usada por Jean-Pierre Melville em “Le Cercle rouge”, “The Bank Job” é, também à semelhança da obra francesa de culto dos anos setenta, um filme onde o estilo e as travessuras criminais da narrativa predominam sobre um aprofundamento meditado das personagens, das suas relações ou das consequências lógicas dos seus actos irracionais. Não encontramos então na realização de Donaldson – realizador australiano responsável por películas variadas como “The Recruit”, “Cocktail”, “Species” ou “Thirteen Days” – a mínima intenção de criar uma obra-prima do género; apenas um filme simpático e descontraído, que provoque algumas gargalhadas no público e deixe uma leve percepção de alguma inteligência e raciocínio nos entendimentos secretos e corruptos que marcam o desenrolar da trama.
No que concerne ao elenco, temos a confirmação que Jason Statham é cada vez menos um Van Damme de cabeça rapada mas sim um Bruce Willis com sotaque britânico. Com muito charme e uma feição característica irresistível, Statham tem sido sábio o suficiente para escolher projectos que não o banalizem por completo. Saffron Burrows – que, diga-se de passagem, passava bem por clone de Soraia Chaves – mantém o engenho e a habilidade evidenciada na quarta temporada da série televisiva Boston Legal e adiciona o elemento inevitável de fatalidade feminina, tão habitual nas obras do género. Pena que não haja uma caracterização eficaz do vasto leque de personagens secundárias aparentemente interessantes e que, a certa altura, já ninguém na sala de cinema faça a menor ideia do que é que é baseado em factos reais e do que é que é pura especulação.
Com uma estrutura estética bastante similar à usada por Jean-Pierre Melville em “Le Cercle rouge”, “The Bank Job” é, também à semelhança da obra francesa de culto dos anos setenta, um filme onde o estilo e as travessuras criminais da narrativa predominam sobre um aprofundamento meditado das personagens, das suas relações ou das consequências lógicas dos seus actos irracionais. Não encontramos então na realização de Donaldson – realizador australiano responsável por películas variadas como “The Recruit”, “Cocktail”, “Species” ou “Thirteen Days” – a mínima intenção de criar uma obra-prima do género; apenas um filme simpático e descontraído, que provoque algumas gargalhadas no público e deixe uma leve percepção de alguma inteligência e raciocínio nos entendimentos secretos e corruptos que marcam o desenrolar da trama.
No que concerne ao elenco, temos a confirmação que Jason Statham é cada vez menos um Van Damme de cabeça rapada mas sim um Bruce Willis com sotaque britânico. Com muito charme e uma feição característica irresistível, Statham tem sido sábio o suficiente para escolher projectos que não o banalizem por completo. Saffron Burrows – que, diga-se de passagem, passava bem por clone de Soraia Chaves – mantém o engenho e a habilidade evidenciada na quarta temporada da série televisiva Boston Legal e adiciona o elemento inevitável de fatalidade feminina, tão habitual nas obras do género. Pena que não haja uma caracterização eficaz do vasto leque de personagens secundárias aparentemente interessantes e que, a certa altura, já ninguém na sala de cinema faça a menor ideia do que é que é baseado em factos reais e do que é que é pura especulação.
quinta-feira, maio 29, 2008
Young Folks
Young Folks, do grupo sueco Peter Bjorn and John foi a música mais batida da temporada televisiva que agora encerra de uma vez por todas - depois de inúmeras pausas e cancelamentos inesperados devidos à greve dos guionistas norte-americanos. No quadro de honra, permanecem as presenças em Nip/Tuck, Las Vegas, Journeyman, Grey's Anatomy, How I Met Your Mother e Californication. Mas ainda não fica por aqui: este single do terceiro álbum da banda nórdica foi ainda uma das músicas escolhidas para inaugurar três séries de televisão estreadas em Setembro passado: Dirty Sexy Money, Gossip Girl e Big Shots. Como se não bastasse, junta também ao currículo o anúncio nacional da Optimus e o tema internacional oficial do jogo electrónico FIFA 08. Bem, isto tudo apenas em tom de desabafo: finalmente vejo-me livre desta solfa enfadonha! Serei o único aliviado?
quarta-feira, maio 28, 2008
terça-feira, maio 27, 2008
Mais uma razão para não suportar Scarlett
O novo filme de Woody Allen, "Vicky Christina Barcelona", estreou, como todos sabem, no Festival de Cannes com pompa e circunstância. No entanto, o charme de Penélope Cruz e o humor de Allen não foram suficientes para disfarçar uma ausência de peso, aparentemente sem justificação: a de Scarlett Johansson. Enquanto que Javier Bardem confirmou à imprensa que estava na rodagem de um filme e não teve qualquer hipótese de se juntar ao restante elenco na Riviera Francesa, já Johansson, na voz da sua agente, nada quis dizer sobre o assunto. O jornal britânico Daily Mail decidiu investigar o mistério e eis o que descobriu:
"Johansson demanded her own exclusive make-up consultant at a cost of 5,000 Euros a day, which was felt a tad too much for a four day trip where looking after the star's tresses and powdering her nose would cost a total of 20,000 Euros. (...) Then there was the problem over an hotel. The film's director and his leading ladies were delighted to be staying in the centre of Cannes to make it easier for them to attend screenings, public events and to do interviews for TV and press. Johansson wanted to be at an hotel way out in the sticks, some 25 to 30 miles away. (...) "Also, I think, while Woody's terribly fond of Scarlett, he was a little upset that she wasn't being a team player", an executive connected to the film told the Daily Mail."
Querida Scarlett, apesar de te achar o fenómeno mais overrated da história recente de Hollywood, aqui vai um conselho amigo: a ingratidão é um pecado fatal. Para o mundo da música já todos vimos que não tens jeito e a ajuda do velhinho Woody pode ser fulcral para o teu futuro. A Lindsay Lohan à um par de anos atrás também andava a trabalhar com Altman e hoje ninguém a quer. Essas manias de estrela...
"Johansson demanded her own exclusive make-up consultant at a cost of 5,000 Euros a day, which was felt a tad too much for a four day trip where looking after the star's tresses and powdering her nose would cost a total of 20,000 Euros. (...) Then there was the problem over an hotel. The film's director and his leading ladies were delighted to be staying in the centre of Cannes to make it easier for them to attend screenings, public events and to do interviews for TV and press. Johansson wanted to be at an hotel way out in the sticks, some 25 to 30 miles away. (...) "Also, I think, while Woody's terribly fond of Scarlett, he was a little upset that she wasn't being a team player", an executive connected to the film told the Daily Mail."
Querida Scarlett, apesar de te achar o fenómeno mais overrated da história recente de Hollywood, aqui vai um conselho amigo: a ingratidão é um pecado fatal. Para o mundo da música já todos vimos que não tens jeito e a ajuda do velhinho Woody pode ser fulcral para o teu futuro. A Lindsay Lohan à um par de anos atrás também andava a trabalhar com Altman e hoje ninguém a quer. Essas manias de estrela...
segunda-feira, maio 26, 2008
[Rec] (2007)
Numa noite como tantas outras, uma equipa de reportagem de uma estação espanhola de televisão decide acompanhar a vida de um quartel de bombeiros local. Durante a madrugada – que estava a ser demasiado calma e apática para o gosto da jornalista de serviço - eis que surge finalmente uma chamada de emergência. Apesar de ser, segundo o telefonema, apenas uma senhora de idade presa no seu apartamento, sempre era algo para mostrar mais tarde. Mal sabiam eles que acabariam por ser encarcerados no prédio pelas autoridades, que isolam o edifício de forma célere e tresloucada. “Mas que raio se passa aqui?”, pergunta, a certa altura, o operador de imagem. “Não faço ideia! Mas não desligues essa camerâ, aconteça o que acontecer, ouviste?”, replica a jornalista. E é esta mesma a perspectiva que nos é dada: imagens aparentemente não editadas, com uma tremedeira intolerável, num estilo semelhante ao recente “Nome de Código: Cloverfield” ou ao semi-pioneiro do modo artístico representado, “O Projecto Blair Witch”.
“[Rec]” foi o heróico vencedor da última edição do Fantasporto ao arrecadar o Grande Prémio de Melhor Filme, batendo o favorito à partida “El Orfanato” - outra produção espanhola - na corrida final pelo galardão. Apesar da sua curta duração – cerca de setenta e cinco minutos limpos (sem contabilizar os créditos finais, portanto) -, “[Rec]” é um mockumentário de zombies eficaz e compacto, que consegue criar, de modo incessante e de forma equilibrada um nível de tensão que se torna mais angustiante a cada minuto que passa e que culmina numa cuidada cena dramática final, que oferece ao espectador o que havia sido preterido até então: o domínio da paranóia de sugestão ao invés do medo violento e carnal que tomou, a certa altura, a fita por completo. E deste modo, Jaume Balagueró – responsável pelos levianos “Darkness” e “Fragile” - e Paco Plaza conseguem ofuscar algumas debilidades estruturais que colocavam “[Rec]” ao nível de tantas outras obras modernas de terror.
Sem grande preocupação em levar as personagens a uma plataforma mais íntima, a dupla espanhola não cai por isso mesmo no erro de recorrer a uma ligação excessivamente sentimental entre as personagens principais para dar qualquer tipo de profundidade emocional que seria desnecessária à trama. Com um elenco de cariz realista comandado pela berrante Manuela Velasco – que conquistou o Goya de Melhor Actriz com este papel -, resta regozijar o formidável esforço colocado ao serviço da sonoplastia da fita, bem como o muitas vezes desprezado trabalho de caracterização estética das monstruosidades perversas de “[Rec]”. Com remake norte-americano já com estreia marcada – e pelo que o trailer dá a entender, muito fiel à produção espanhola -, “[Rec]” é a prova de que o cinema espanhol está a ganhar notoriedade (merecida) em várias frentes, ficando cada vez menos dependente do rótulo “Pedro Almodóvar”.
“[Rec]” foi o heróico vencedor da última edição do Fantasporto ao arrecadar o Grande Prémio de Melhor Filme, batendo o favorito à partida “El Orfanato” - outra produção espanhola - na corrida final pelo galardão. Apesar da sua curta duração – cerca de setenta e cinco minutos limpos (sem contabilizar os créditos finais, portanto) -, “[Rec]” é um mockumentário de zombies eficaz e compacto, que consegue criar, de modo incessante e de forma equilibrada um nível de tensão que se torna mais angustiante a cada minuto que passa e que culmina numa cuidada cena dramática final, que oferece ao espectador o que havia sido preterido até então: o domínio da paranóia de sugestão ao invés do medo violento e carnal que tomou, a certa altura, a fita por completo. E deste modo, Jaume Balagueró – responsável pelos levianos “Darkness” e “Fragile” - e Paco Plaza conseguem ofuscar algumas debilidades estruturais que colocavam “[Rec]” ao nível de tantas outras obras modernas de terror.
Sem grande preocupação em levar as personagens a uma plataforma mais íntima, a dupla espanhola não cai por isso mesmo no erro de recorrer a uma ligação excessivamente sentimental entre as personagens principais para dar qualquer tipo de profundidade emocional que seria desnecessária à trama. Com um elenco de cariz realista comandado pela berrante Manuela Velasco – que conquistou o Goya de Melhor Actriz com este papel -, resta regozijar o formidável esforço colocado ao serviço da sonoplastia da fita, bem como o muitas vezes desprezado trabalho de caracterização estética das monstruosidades perversas de “[Rec]”. Com remake norte-americano já com estreia marcada – e pelo que o trailer dá a entender, muito fiel à produção espanhola -, “[Rec]” é a prova de que o cinema espanhol está a ganhar notoriedade (merecida) em várias frentes, ficando cada vez menos dependente do rótulo “Pedro Almodóvar”.
domingo, maio 25, 2008
Séries: As melhores de sempre para os Portugueses
O fórum Cantinho da TV - velho favorito aqui da casa no que toca ao debate e à discussão de séries televisivas - organizou um passatempo que visou eleger as 25 melhores séries da história da televisão. Para muitos, este será apenas mais um top subjectivo dos muitos que por aí circulam por essa internet fora. Não deixa de ser verdade mas há, no entanto, um factor interessante nesta lista que o distingue das restantes: é resultado da escolha exclusiva de espectadores portugueses. Eis os vencedores (a classificação completa das 186 séries votadas pode ser encontrada no fórum):
025. Stargate SG-1 (356 pontos, 9 votos)
024. Veronica Mars (356 pontos, 12 votos)
023. The O.C. (369 pontos, 12 votos)
022. 'Allo 'Allo! (410 pontos, 15 votos)
021. The Office (US) (430 pontos, 14 votos)
020. Weeds (436 pontos, 20 votos)
019. Nip/Tuck (478 pontos, 15 votos)
018. Californication (480 pontos, 17 votos)
017. Band Of Brothers (490 pontos, 11 votos)
016. Alias (506 pontos, 17 votos)
015. Grey's Anatomy (608 pontos, 23 votos)
014. MacGyver (614 pontos, 23 votos)
013. Heroes (628 pontos, 22 votos)
012. Prison Break (676 pontos, 24 votos)
011. The Sopranos (716 pontos, 16 votos)
010. The X-Files (737 pontos, 25 votos)
009. Battlestar Galactica (Reimagined) (860 pontos, 20 votos)
008. Friends (882 pontos, 21 votos)
007. Seinfeld (892 pontos, 20 votos)
006. House (944 pontos, 31 votos)
005. The Simpsons (950 pontos, 34 votos)
004. 24 (1006 pontos, 31 votos)
003. Six Feet Under (1084 pontos, 18 votos)
002. Dexter (1692 pontos, 39 votos)
001. Lost (2622 pontos, 44 votos)
sábado, maio 24, 2008
Cartazes - The Happening
We've Sensed It. We've seen The Signs. Now... It's Happening. O novo filme de M. Night Shyamalan promete ser o mais violento da sua carreira, apesar de o indiano já ter prometido que não matará nenhum crítico de cinema de forma explicita durante o desenvolvimento da intriga. Desta vez, é a humanidade que está com a corda no pescoço. Em Verão de "The Incredible Hulk", "Speed Racer" e tantos outros, é o habitual twist final de Shyamalan que me deixa em pulgas. Sim, porque eu até fui um dos que defendi "Lady in the Water", sem dúvida alguma o seu filme menos consensual. Se tudo correr conforme previsto, no próximo dia 12 de Junho saberemos se o jovem realizador - 37 anos de idade - regressou em grande forma. Depois das mais recentes desilusões deste Verão, é bem bom que o faça!
sexta-feira, maio 23, 2008
Desafio: Deixem a vossa opinião sobre o novo Indiana
Cumpriu com as expectativas? É o pior da saga ou supera algum dos clássicos da década de oitenta? O que mais gostaram? O que detestaram? Cate Blanchett convenceu como vilã? Shia LaBeouf foi uma aposta ganha? A zona de comentários fica à disposição de todos os que já viram "Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull" para debate, pelo que se avisa os restantes que um clique irreflectido pode trazer muitos spoilers indesejados. Quanto ao filme, confesso que saí da sala de cinema desiludido e desapontado. Bastante. Quem mandou entregar a história do filme ao mesmo guionista das sequelas de "Rush Hour" ou de "Speed 2"? Por isso, e ao contrário do que tem sido dito por esse mundo fora, para mim o que faltou ao novo "Indy" não foi o Spielberg de antigamente... foi a máquina de escrever de Philip Kaufman. É a velha questão dos ovos e das omeletas!
quinta-feira, maio 22, 2008
quarta-feira, maio 21, 2008
terça-feira, maio 20, 2008
Youth Without Youth (2007)
“Uma Segunda Juventude” narra a história de Dominic Matei, um erudito notável que, na recta final da sua existência, desespera por não ter conseguido acabar o livro ao qual dedicou toda a sua vida. Portador e reflexo da sua impotência enquanto ser humano, Matei decide suicidar-se. Mas como que por vontade divina, nesse mesmo dia é atingido de forma fulgurante por um raio, ficando gravemente queimado mas também na posse, inexplicavelmente, de poderes rejuvenescedores nunca antes vistos. Tal caso indelével acaba por atrair atenções pouco desejadas, mas também possibilitar-lhe uma vida eterna em busca de um final para a sua obra sobre as origens da linguagem humana. Até chegar o dia em que terá que escolher entre o trabalho de uma eternidade e o amor de uma vida.
“Youth Without Youth” é uma obra estranha e misteriosa, repleta de simbolismos e de pretensiosismos. Com uma liberdade criativa própria de quem vive sobre a sombra de um passado de peso, o imortalizado Francis Ford Coppola tira da empoeirada cartola uma exposição artística sem coerência narrativa nem qualquer espécie de funcionalidade enquanto sistema. Focando a personagem de Tim Roth – que esplendoroso e rutilante, encerra em si toda e qualquer virtude da fita – nas inquietações que o perturbam, Coppola demonstra ser hoje uma sombra do monstro que arquitectou nos anos setenta algumas das obras mais importantes da história do cinema norte-americano.
Sem a harmonia de outras obras recentes que abordaram conceitos como a velocidade impetuosa do tempo, a imortalidade e a morte – contemplemos o recente poema divino e transcendental de Aronofsky, “The Fountain” -, o melhor elogio que pode ser feito a “Uma Segunda Juventude” é que a sua fragmentação excessiva e exagerada da narrativa causará tanto repulsão hostil da parte de alguns como entusiasmo confuso por parte de cinéfilos mais experimentais. E porque só muito injustamente a decomposição subtil de um mito através de planos invertidos sofríveis e desconexos colocaria em causa uma filmografia digna de figurar na biografia fundamental da sétima arte, “Tetro” (o próximo filme de Coppola) continuará a ser alvo das mais altas expectativas entre todos aqueles que desta vez se sentiram defraudados. Ninguém mais do que Coppola merece uma nova oportunidade.
“Youth Without Youth” é uma obra estranha e misteriosa, repleta de simbolismos e de pretensiosismos. Com uma liberdade criativa própria de quem vive sobre a sombra de um passado de peso, o imortalizado Francis Ford Coppola tira da empoeirada cartola uma exposição artística sem coerência narrativa nem qualquer espécie de funcionalidade enquanto sistema. Focando a personagem de Tim Roth – que esplendoroso e rutilante, encerra em si toda e qualquer virtude da fita – nas inquietações que o perturbam, Coppola demonstra ser hoje uma sombra do monstro que arquitectou nos anos setenta algumas das obras mais importantes da história do cinema norte-americano.
Sem a harmonia de outras obras recentes que abordaram conceitos como a velocidade impetuosa do tempo, a imortalidade e a morte – contemplemos o recente poema divino e transcendental de Aronofsky, “The Fountain” -, o melhor elogio que pode ser feito a “Uma Segunda Juventude” é que a sua fragmentação excessiva e exagerada da narrativa causará tanto repulsão hostil da parte de alguns como entusiasmo confuso por parte de cinéfilos mais experimentais. E porque só muito injustamente a decomposição subtil de um mito através de planos invertidos sofríveis e desconexos colocaria em causa uma filmografia digna de figurar na biografia fundamental da sétima arte, “Tetro” (o próximo filme de Coppola) continuará a ser alvo das mais altas expectativas entre todos aqueles que desta vez se sentiram defraudados. Ninguém mais do que Coppola merece uma nova oportunidade.
segunda-feira, maio 19, 2008
Mara Wilson: A Maldição de Matilda
Mrs. Doubtfire marcou a sua brilhante estreia no cinema com apenas seis anos de idade. No filme que deu um Globo de Ouro a Robin Williams, Wilson era a filha mais jovem do casal Hillard. Com provas dadas, a pequena Mara tornou-se numa das crianças mais requisitadas da indústria e propostas não lhe faltaram. Decidiu - ou, para ser sensato, alguém decidiu por ela - participar em "Miracle on 34th Street", uma fábula sobre desejos e a suposta existência do velho Pai Natal. Conquistou o público mas também o papel principal na obra que, estranhamente, a catapultou para a fama mas também para o esquecimento: Matilda. Com nove anos, Mara conquistava o respeito da crítica, dos colegas de elenco e do grande público: durante a rodagem do filme, a mãe de Mara faleceu e, para grande admiração de todos, a jovem actriz não quis abandonar as filmagens. A sua dedicação e talento augurava-lhe um futuro esplendoroso. Mas um ou dois anos depois, Mara desapareceu do cinema e nunca mais ninguém a viu. A última vez que deram por ela, foi nesta peça de teatro em Odessa. Para quando o seu regresso?
domingo, maio 18, 2008
Take 3 - Indiana, Jack Bauer, Teresa Prata e muito mais...
Site: http://take.com.pt/
Download PDF: http://www.take.com.pt/pdf/Take3Mai08.pdf
106. 106 páginas repletas de análises, entrevistas, passatempos e muito, muito mais. Um pouco mais atrasada do que é normal, mas os vastos conteúdos a isso obrigaram. Dos especiais dedicados a Indiana Jones e a Jack Bauer, às entrevistas a Teresa Prata, Claude Chabrol, Fernando Galrito e Stefano Savio, pode encontrar de tudo um pouco nesta edição de Maio da sua revista de cinema em português. Esperamos, como sempre, por opiniões, sugestões e críticas que contribuam para a evolução da magazine. E contamos ainda com a ajuda de todos para a divulgação do projecto. Que venha o próximo take!
sábado, maio 17, 2008
sexta-feira, maio 16, 2008
Travesti, Comandante e Traidor
Harold Perrineau é um actor multifacetado. Foi travesti em "Woman on Top", onde era o/a colega e confidente da sensual cozinheira Penelope Cruz. Mais tarde, foi prisioneiro e ex-toxicodependente em "Oz" e comandante de uma das naves das sequelas da saga de culto "The Matrix". Nos dias que correm, é Michael em "Lost", numa personagem típica de amor/ódio: para salvar o filho, traiu os amigos. O próximo passo é "Your Name Here", uma obra biográfica sobre o escritor William J. Frick. De Brooklyn para o mundo, Perrineau não é mais hoje um apelido misterioso.
quinta-feira, maio 15, 2008
Enquanto estiver longe do Metal Gear Solid...
“Grand Theft Auto would be super interesting for me, and I think I would actually be the right guy to do it, because my movies are all bloody and violent and I don’t have a problem with action scenes. But look, they will go, in the end, with a Michael Bay or a Brett Ratner, and it will be a PG-13 movie made for $150 million. I think it would be better to make a $30 million, very hard, brutal movie without compromising, but I’m not optimistic.”
quarta-feira, maio 14, 2008
Marvel quer Pitt para Thor
O filme ainda nem tem realizador e o guião, ao que parece, só ficou concluído este mês passado. Mas a verdade é que "Thor" já tem data de estreia mundial: 4 de Junho de 2010. Depois do sucesso de bilheteira que foi "Iron Man", a Marvel está doida para ganhar mais uns trocados e lança projectos e datas para a imprensa como nunca antes se tinha visto. Talvez para compensar alguns rumores que afirmavam que Robert Downey Jr. estaria indeciso em colaborar em futuras sequelas do Homem de Ferro - isto apesar de ter contrato para mais dois filmes - sai agora o boato que Brad Pitt está em negociações com a Marvel para ser o musculado Thor. Depois de Matthew Vaughn ("Stardust") ter abandonado o navio por divergências com os produtores, parece-me que a Marvel anda a mandar tiros no escuro. Esperemos que não acerte no próprio pé. E fica aqui uma sugestãozinha para quem de direito: porque não Josh Holloway, o "nosso" querido Sawyer de "Perdidos"?
Frank Sinatra por Martin Scorsese
terça-feira, maio 13, 2008
Francis Capra: De Sonhador a Rufia
Nasceu num dos bairros mais problemáticos de Nova Iorque, decorria o ano de 1983. Filho de um gangster, acabou por nunca conviver com o pai, que foi preso quando este ainda era recém-nascido (só para mais tarde ser baleado poucas semanas depois de sair em liberdade). Descoberto para o cinema por Robert De Niro - que obrigou a produção a contratá-lo após o seu casting para "A Bronx Tale" - Capra só havia de se tornar uma cara familiar de miúdos e graúdos com os seus papéis principais em "Free Willy 2" e "Kazaam", onde contracenou com Shaquille O'Neal. Aquela atitude traquinas, misturada com um sotaque característico - talvez derivado das suas origens italianas - faziam antever um grande futuro. Mas Capra, ninguém sabe bem porquê, desapareceu de um momento para o outro. E só em 2004, com "Veronica Mars", voltou a agarrar com unhas e dentes um papel regular e interessante. Foi como olhar para uma daquelas figuras que se conhece de algum lado, mas que acabam por ficar a martelar na memória até perguntar-mos a alguém o seu nome. Esperemos que com o final da série não caia, uma vez mais, em esquecimento. Porque, e não me perguntem porquê, simpatizo com ele. A culpa deve ser da baleia... já que o génio era muito insonso.
segunda-feira, maio 12, 2008
domingo, maio 11, 2008
Quando o Velho McDonald Inspira Mutilações
Apesar de ainda não o ter visto, tenho poucas dúvidas que "The Cottage" será o "Shaun of the Dead" deste ano de Jogos Olímpicos. Talvez menos equilibrado em termos narrativos, mas certamente muito mais ácido, violento e sanguinolento do que o filme de culto de Edgar Wright. E como neste tasco apreciamos qualquer cruel comédia negra que venha da indústria cinematográfica britânica, esperamos e desejamos que "The Cottage" não chegue ao nosso mercado DVD - sim, porque pedir por uma sala de cinema seria uma ilusão parva, dependente de uma possível campanha de lobbying por parte do gigante Nuno Markl - com um ou dois anos de atraso. Para aguçar o apetite, deixo-vos o delicioso trailer. Chiça, até o Andy Serkis dá uma "perninha"... literalmente.
sábado, maio 10, 2008
Nike Krueger
Depois de descobrir que estes ténis de homenagem ao mítico Freddy Krueger fazem parte da gama da Nike - e não faltam pormenores interessantes, desde as manchas de sangue, às inevitáveis riscas da sua camisola ou à cor metálica do símbolo da marca, que representa as suas garras de ferro -, fico à espera que lancem uns dedicados à filmografia de Tarantino ou de outras personagens de culto. Será que os homens vão passar a ter uma desculpa para, tal como as mulheres, passarem a coleccionar sapatos?
sexta-feira, maio 09, 2008
O Amor Tricolor
Na triologia "Trois Couleurs" (1993-1994), o realizador polaco Krzysztof Kieslowski aborda o poder do Amor como uma força inabalável e regeneradora. Em "Bialy", o Amor supera as traições e infidelidades dos dois protagonistas para predispor alguma esperança num casamento perdido. Em "Rouge", o Amor une uma paixão impossível entre uma jovem rapariga e um homem de idade, resplandecendo a vida de ambos. E em "Bleu", o meu favorito, a beleza, o poder e a tragédia são o pano de fundo para uma experiência onde Julie, isolada do mundo, reaprende a amar todos aqueles que a rodeiam. E será o Amor a sua salvação.
quinta-feira, maio 08, 2008
quarta-feira, maio 07, 2008
L de Lee, Léon e Lane
terça-feira, maio 06, 2008
O Filme da Minha Vida em BD
A colecção O filme da Minha Vida faz-se do repto lançado a dez autores portugueses de BD para que produzissem um álbum BD inspirado num filme que tenha deixado marcas nas suas vidas. Este cruzamento entre as sétima e nona arte é vocacionado para os amantes de ambas e, principalmente, dirigida aos jovens que frequentam o ensino secundário superior. A apresentação de cada álbum contará com a projecção e análise do filme escolhido, a apresentação do livro, uma exposição dos originais e um encontro com o autor, para os quais serão convidados a participar alunos de artes visuais e de disciplinas relacionadas com o audiovisual, a comunicação e a língua portuguesa.
Sexta-feira, dia 09, 14h00, T Sá de Miranda
Aconteceu no Oeste, de Sérgio Leone
Sexta-feira, dia 09, 17h00, Espaço Ao Norte
Inauguração da exposição O Percutor Harmónico + Encontro com André Lemos
Mais informações: http://www.ao-norte.com/
segunda-feira, maio 05, 2008
Carlos é nome de Deus
Os nomes Allen Stewart Konigsberg, Tom Mapother, Terry Jene Bollea, Norma Jean Baker, Carlos Ray, Carlos Irwin Esteves, Jean-Claude Camille François Van Varenberg e Walter Willison dizem-vos alguma coisa? Provavelmente não. Mas são os nomes de nascença de algumas das mais badaladas estrelas de Hollywood. A curiosa lista de associações pode ser encontrada aqui, mas importa ainda focar um dos nomes acima referidos: Carlos Ray. É que esse Carlinhos é, nada mais nada menos que... esperem! Não estão preparados ainda. Vamos lá de novo: Carlos Ray é (garganta seca)...
domingo, maio 04, 2008
10 Blogues, 5 Filmes, 1 Realizador - Abril de 2008
E para vocês, caros leitores, qual o vosso preferido de Rob Reiner? E o que acharam de "The Bucket List", o mais recente do realizador nova-iorquino?
sábado, maio 03, 2008
Dá para vestir e tudo!
Caramba, com uma fatiota destas era homem para finalmente sair à rua no próximo Carnaval. Pena que este seja um modelo não comercial, obra de um daqueles geeks da banda desenhada do Homem de Ferro, que passou meses a fio a gastar milhares de dólares para chegar ao que se vê nas imagens. Mais informação e mais imagens aqui.
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