Road House (2024)

Do original mantém o título e a estrutura narrativa; perde tudo o resto. O carisma de um filósofo perdido na vida, a identidade de um bar que era em si uma personagem - o saudoso Double Deuce -, o charme meio tosco do herói que não dependia de uns abdominais vistosos, o mentor, o vilão entradote que assustava pelo poder que tinha nos cordelinhos que mexia e não pelo penteado bonito e camisa aberta que exibe num iate num mundo que herdou do papá, a Kelly Lynch que era interesse romântico por conquistar e não predadora de sotaque duvidoso mais interessada no engate que o próprio Dalton - desculpa Daniela, mas por mais boa vontade que tenha contigo, foi mauzinho - e, acima de tudo, a sensação de perigo, de dor em cada murro, de realidade. Qualquer movimento mais brusco nas mãos de Doug Liman soa a falso, seja pelo atropelamentos em pontes e saltos de barco feitos com CGI ranhoso, seja pela câmera tremida, ora demasiado perto (POV) ora demasiado longe, em cada murro, em cada pontapé, em cada cena de pancadaria. O "Road House" original era sincero, natural, sem medo de expor as suas fragilidades; este é um produto de silicone, repleto de cirurgias estéticas em laboratório, em que o menos mau acaba por ser o mais inesperado de todos: Conor McGregor.

The "Hot" One

Gaita! de Foles!

Suburban Commando (1991)

Os piores efeitos especiais de sempre no espaço logo a abrir. Hulk Hogan como um guerreiro intergaláctico - qualquer dia tem direito a um spinoff em série no universo Disney Star Wars - que odeia terráqueos mas que vai ter que passar seis semanas entre eles enquanto carrega a bateria da sua nave espacial cerca de 0,01% - mais do que isso seria detectável pelo general Suitor, o Darth Vader dos atrasados mentais. O Christopher Lloyd sem cabelo branco de cientista maluco e a Shelley Duvall sem a maluqueira capaz de dar cabelos brancos do Overlook Hotel. Sem maluqueira, mas com aquela cara e dentição que não engana ninguém. Já que estamos no tópico, Hulk Hogan, o único gajo careca cheio de cabelo. Hulk Solo, um mimo e um campo de forças. O caraças do After Burner original, um dos meus jogos favoritos de PC de sempre. Uma arma que congela pessoas; a não ser aquelas que bebem anticongelante, óbvio. Um vilão de voz fininha, daí estar sempre calado. É o que é, ninguém vai ao engano.

Evil Toons @ Nalgas Film Festival

Alien: Run!

Live Wire (1992)

O Pierce Brosnan no seu auge hormonal a desmontar uma bomba no meio das pernas de uma jeitosa num descapotável. Não é alegoria nem metáfora nenhuma; sentido literal amigos. Isto porque antes de ser espião para sua majestade, Brosnan foi especialista em explosivos no FBI, qual carreira do camandro ao serviço dos irlandeses de bem. Um senador chamado Frank Tavares, muito amigo da não tarda nada ex-mulher de Brosnan, ainda para mais depois da traumática morte da filha de ambos. Um gajo passar por isto e perder a mulher para um Frank Tavares, não é qualquer um que aguenta. Ah calma, afinal é Traveres, mas a tradutora gostou de Tavares ou então sou eu que sou disléxico e li mal. Corpos humanos que se transformam em bombas quando ingerem a tal famosa "desta água não beberei", conspirações entre políticos e terroristas e mais de vinte anos a pensar que era o Dolph Lundgren que estava neste poster/filme, até apanhar isto nas gravações automáticas do Cinemundo. É doença, eu sei.

The Controversy of Battlestar Galactica

Old West Costner

American Ninja 3: Blood Hunt (1989)

Há sempre um americano pronto a armar-se em herói. Não fui eu que o disse, foi um bandido logo à abrir. Não há Dudikoff, mas ainda temos o lendário Steve James, desta vez dedicado à esgrima. Ou queria ele. Um torneio de Karaté organizado por uma organização maléfica, com o objetivo de encontrar o guerreiro perfeito, raptá-lo, e provar que tem na sua posse um vírus mortal que consegue aniquilar até o maior dos karatecas. Acho que o conceito era este, mas entre interpretações de teatro amador, uma série de ninjas que aparecem do nada sem razão aparente e um primeiro acto que demora quase uma hora, fiquei meio abananado, posso ter percebido tudo mal. A verdade é que lá vai ter o Steve James que voltar a sujar as mãos, desta vez para salvar a peida ao David Bradley, na luta contra a "Cobra". Nunchucks, asas delta motorizadas, pancadaria em navios, uma ninjette chinoca com máscaras à Missão Impossível, penteados dos anos oitenta e o Power Jackson com os peitorais ao léu e espadas em punho a despachar ninjas. Sou um homem que se contenta com pouco. Terrível. Daquele terrível que não é nada mau.

Why Physical Media Matters to Me

Ri-te Ri-te

Retribution (2023)

Primeiro veio o espanhol em 2015. Seguiram-se o alemão (2018) e o sul coreano (2021). E, claro, chegou a vez do mundo inteiro descobrir através do poder do evangelho de Liam Neeson um dos guiões mais idiotas a tirar a licenciatura na última década. Não me levem a mal: o guião é bonito, e quando mete os óculos de massa até parece inteligente; mas cada vez que abre a boca, é um acidente em cadeia. Incongruências atrás de incongruências, o "Speed" a chorar nos anos noventa, o Neeson que não bate em ninguém, o agente da Interpol que nem para segurança de minimercado servia e, no fim, com o bombista devidamente protegido com o cinto de segurança, carro de lado, zero pressão no banco onde estava a bomba e... nada explode. Nobel da Física para quem escreveu esta brincadeira, se faz favor.

Wargames @ VHS Podcast

Kieran Culkin is the new Jesse Einsenberg

The Long Goodbye (1973)

A história é uma salganhada caótica de todo o tamanho apimentada aqui e ali por detalhes primorosos e extravagantes de realização de Altman e por uma performance fenomenal de Elliott Gould no papel icónico do detective Phillip Marlowe. Schwarzenegger brutamontes de cuequinha antes de ser o Schwarzenegger que todos conhecemos, festa dos marmelos a torto e direito no apartamento ao lado do de Marlowe porque sim e uma cena final memorável que acaba por salvar o filme de cair no eterno esquecimento. Pelo menos aqui em casa.

JCVD: From Hollywood to the Blacklist

Self Control MaXXXine!

Breaking (2022)

É uma vitrine de talento para John Boyega, num filme completamente limitado nas suas possibilidades narrativas para surpreender e cativar devido ao colete de forças que tem vestido chamado "baseado numa história verídica". E, como é o caso, nem sempre a realidade tem assim tanto interesse ou "tcharan!" para conseguir criar uma obra relevante num sub-género (assalto a bancos) que prima quase sempre pela criatividade ou pela reviravolta final inesperada. A inexperiente realizadora tenta ainda um ou outro pormenor técnico diferente perto do fim, mas a água nunca chega a ferver. Fica a despedida de Michael Kenneth Williams, um actor que tinha uma presença singular e irrepetível.

Terminator 2 Behind The Scenes

Fede Álvarez Gen Z Alien

Saw X (2023)

Depois do Terminator do chiquitito, temos o Saw MeXico. Portanto, o Jigsaw foi na maior paz interior e tranquilidade para a terra dos sombreros tratar de um cancro e, de repente, em poucas horas, tinha um estúdio de morte montado com cinquenta mil equipamentos - relógios, computadores, máquinas de tortura, etc. etc. - todos interligados. E eu que demoro um dia inteiro para montar uma estante da Billy do IKEA para os DVDs. Próximo capítulo da saga será na Turquia, depois de um implante de cabelo que correu para o torto.

The Running Man - Triumph or Train Wreck?

Clooney & Pitt

Anatomy of a Fall (2023)

How to Get Away with Murder: Anatomy of a Marriage End of Season Special. Yes, that means I think she did it, but that doesn't really matter here. Can't wait for the making of, to find out how the hell did the director made that dog look dead on that f*cked up scene; Cujo and Beethoven would be proud of Messi. Splendid Sandra Hüller and nice touch by Justine Triet by not revealing what really happened on that day that Bob the Builder decided to play 50 Cent's 'P.I.M.P. on repeat. Had it coming.

Why 3D Movies Are Not Immersive

Tim Burton's Afterlife

Spaceman (2024)

A journey of self-awareness and discovery in space with a not that skinny human that made me appreciate Matthew McConaughey and Interstellar a lot more - and no, I'm not crazy about it. Felt like three hours long despite actually being short of two, Johan Renck is no Darren Aronofsky working the whole story towards those more than obvious epiphanies and Paul Dano can be irritating even as an alien spider. The star maker says it ain't so bad, the dream maker's gonna make you mad, the spaceman says, "everybody look down, It's all in your mind"!

What Happened to Bruce Campbell?

Nicolas Cage & Maika Monroe