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“The Losers” é, com pouca margem para dúvidas, o blockbuster de acção com melhor vibe de 2010. Literalmente “na onda” dos divertidos “Shoot 'Em Up” ou “Tropic Thunder”, a fita do desconhecido Sylvain White revoluciona o conceito de comédia de acção e apresenta um verdadeiro “guilty-pleasure” cinematográfico sem qualquer tipo de pretensiosismos. “The Losers” sabe que é deliciosamente absurdo e, mantendo-se fiel ao espírito “baril” dos quadradinhos da banda desenhada, quebra vários clichés narrativos do género, criando situações totalmente imprevistas e caricatas. Abarrotado de adrenalina, White deixa o seu estilo singular comandar a trivial substância e, em alta rotação, mostra-nos que a vingança não só é uma espécie de justiça selvagem, mas também de deleite espirituoso.
Com um final que pede desesperadamente por uma sequela – mas que, devido aos maus resultados de bilheteira nos Estados Unidos, poderá muito bem nunca a ver -, destaque para a escaldante Zoe Saldana, inteligentemente aproveitada enquanto misteriosa femme fatale e para Jeffrey Dean Morgan, que após o sucesso de “Watchmen” encaixa que nem uma luva na personagem de líder. No entanto, para memória futura o fica é uma interpretação magistral do mal-amado Jason Patric, que com um cunho muito pessoal transformou Max num dos mais desprezíveis vilões dos últimos anos, conseguindo ao mesmo tempo arrancar várias gargalhadas ao público com a sua natureza estroina. A cena do guarda-sol é um exemplo magnânimo desta satírica bivalência. Resta agora torcer que White e a sua realização vibrante tenham a oportunidade de dar mais uma hipótese a Clay e à sua equipa, numa merecida sequela que não deveria estar dependente das leis ingratas do mercado.
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