Vários foram os e-mails que recebemos a congratular o nascimento de uma nova publicação cinematográfica nacional, mesmo que online, depois dos cinéfilos portugueses terem ficado órfãos da única revista que existia em papel. Muitos desses perguntavam o porquê da opção digital. A resposta era simples: não era uma opção mas a única alternativa. Muitos pensavam – e muitos ainda hoje pensam, como denotamos através das divertidas candidaturas de colaboradores a estágios profissionais – que se tratava de um projecto profissional, com uma redacção física e uma empresa por detrás. Para nós, isso era um sinal de que o trabalho tinha sido bem feito e era tomado como algo sério. Mesmo com as fracas estatísticas de visitantes – a divulgação não foi a que esperávamos, já que a imprensa nacional parecia, ao contrário dos cinéfilos, não levar a Take a sério -, esse feedback foi mais do que suficiente para prosseguirmos com a revista. Se para o número zero, que não passava de um teste, éramos menos de dez, havia necessidade agora de convidar mais colaboradores e de criar métodos de trabalho e organização que não envolvessem tantos telefonemas, atrasos, confusões e reuniões desfalcadas.
Vamos ter que abrir mão de muitos segredos neste parágrafo, mas vocês merecem. No início havia as dezenas de chamadas mensais do director José Soares para os colaboradores e as centenas de e-mails para combinar quem escrevia o quê e que ideias, capas, artigos e entrevistas eram sugeridos. As tentativas de reuniões colectivas saiam, naturalmente, sempre furadas: todos nós tínhamos a nossa vida profissional ou universitária e nem todos eram de Lisboa. Em suma, era impossível juntar mais do que quatro ou cinco colaboradores num encontro. E quando isto acontecia, já não era nada mau. Saudosos – mas não mais do que isso - os tempos em que no seu caderninho de notas, José Soares escrevia nestes encontros quem ficava responsável por artigo X ou crítica Y. Uma alternativa viável de organização era fundamental para o futuro da revista. E eis que decidimos começar a usar as potencialidades do Google Documents, um ficheiro facilmente partilhado por todos os colaboradores, que permite fazer tudo isto e mais alguma coisa de modo rápido e simples. Dos prazos, aos visionamentos ou às indisponibilidades, tudo começou a passar por ali. Hoje em dia, os únicos encontros que ainda se mantém são entre mim e o José Soares, e os assuntos raramente tocam em questões relacionadas com o conteúdo de edições vindouras. Falamos sim de ideias, projectos, novos colaboradores e possibilidades que permitam à Take continuar a inovar e a crescer de número para número. O local, esse, é sempre o mesmo, talvez pela sua localização favorável, mística ou... pelos deliciosos hambúrgueres que lá são cozinhados. O restaurante dos Cinemas Medeia Monumental são a nossa sede, a nossa sala de reuniões com qualquer colaborador ou cinéfilo interessado em propor-nos algo. Um templo de culto até agora secreto. Companheiros dos pineapple burgers, está na hora de nos darem umas borlas pela publicidade gratuita que acabámos de fazer.
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