Produto tão estranho quanto vazio, "Hanna" valoriza claramente o estilo sobre a substância, fazendo com que nem duas interessantes interpretações por parte de Cate Blanchett e Saoirse Ronan - esta última, afirmando-se claramente como uma das mais promissoras jovens actrizes da actualidade - salvem uma narrativa assim tão confusa e irregular. A culpa, essa, pode ser atribuída ao britânico Joe Wright ("Atonement" e "Pride & Prejudice"), que fora da sua área de conforto melodramática, orquestra uma obra demasiado pretensiosa para tão fraco guião. Wright quis fazer uma obra de arte, mas acabou por não ter arte nenhuma para equilibrar os pratos da balança - ou, noutras palavras, a história de fundo e a forma arrojada de a apresentar. Assim, não será de estranhar que este seja um filme que provavelmente ganharia alguns pontos se visualizado com os comentários de fundo do realizador, passando desse modo o espectador a conhecer as inúmeras referências, homenagens e apontamentos que acabaram por passar ao lado perante tamanho espectáculo - nem sempre no bom sentido - visual. Destaque para as sólidas cenas de luta, bem como para a eclética banda-sonora, que oferece tanto o extâse dos "The Chemical Brothers" como a calma de uma melodiosa sinfonia clássica. O final, artístico e simbólico, que nem um conto de fadas, deixa em aberto uma sequela que provavelmente nunca acontecerá. Para o bem ou para o mal, já que Hanna, a personagem, é fantástica. "Hanna", o filme, é uma desilusão.
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