Quem me acompanha regularmente já percebeu que tenho um certo fascínio mórbido pela Coreia do Norte, um país que vive numa realidade paralela a este nosso mundo global e interligado. Tendo visto já uma dúzia de documentários que foram acompanhando conceituados jornalistas que conseguiram autorização para entrar no país ao longo dos últimos vinte anos, é fascinante perceber neste "
Michael Palin in North Korea" não só a evolução brutal da sociedade norte-coreana nos últimos dois/três anos nas mais variadas vertentes - cultural, arquitectónica, tecnológica etc -, mas principalmente como foi preciso uma figura do mundo do entretenimento, um verdadeiro globe-trotter com experiência única nestas viagens ímpares - a sua viagem no início dos anos noventa do Polo Norte ao Polo Sul revolucionou o conceito na BBC - e não um jornalista para conseguir chegar não só a locais nunca antes filmados pelo "oeste", mas também para desarmar o discurso de guias, militares, alunos e professores com o charme próprio de um homem bom, sem preconceitos nem segundas intenções. Duas semanas a correr aeroportos novíssimos em várias cidades, completamente abandonados de tráfego mas repletos de serviços; projectos megalómanos de estâncias de férias, com resorts e praias maravilhosas; ruas repletas de cartazes de propaganda e polícias de trânsito, todas elas raparigas jovens de uma beleza rara, quais robôs que não falham um movimento. No fim, fica um certo encanto proibido em todo aquele respeito imposto pelo medo; mas onde há Palin, há esperança. E nunca a Coreia do Norte deixou mostrar tanto ao mundo como aqui.
Sem comentários:
Enviar um comentário