quinta-feira, dezembro 02, 2021

M*A*S*H (1970)

A loucura da guerra e como sobreviver à mesma com sentido de humor. Humor ora pateta, ora negro, ora misógino, ora quase imperceptível no meio de tanto atropelo derivado do improviso que Robert Altman incentivou - e que levou a que o guionista, curiosamente o único que acabou premiado nos Óscares, saltasse fora a meio das gravações -, humor que deu as mãos a um realismo visual das consequências da guerra quase inédito na altura no grande ecrã: o sangue a jorrar de um ferido enquanto o cirurgião pede à enfermeira que lhe coçe o nariz. É o descontrolo total, o rir-se na cara das convenções da Hollywood de então - todo o processo de pós-produção e as tentativas dos produtores em censurar e mudar a visão de Altman dariam um documentário interessantíssimo -, num registo nem sempre equilibrado, às vezes até mesmo absurdo que, no entanto, não teve medo de enfrentar questões em torno da moralidade do envolvimento dos EUA no Vietname, aqui disfarçado de Coreia. Tantas estrelas de hoje, então incertezas, num low budget que deu origem a uma das séries de maior sucesso e longevidade da história da televisão norte-americana; uma que aprimorou tudo o que aqui não convenceu.

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