sábado, janeiro 31, 2009

IV Globos de Prata CN - Filme do Ano


"Vista Pela Última Vez" apresenta-se ao grande público como um thriller sobre um misterioso rapto - muito por culpa do aparato mediático que envolveu o caso Maddie - mas não é essa a essência que corre no seu coração ou que define a causa e o motivo de Ben Affleck, nesta sua auspiciosa estreia por detrás das câmaras - onde, pelos vistos, é bem mais eficaz e persuasivo do que à sua frente. Numa fábula onde nada é o que parece, ninguém é inocente e a acção honesta e digna nem sempre é sinónima da atitude moralmente correcta e benigna, "Gone Baby Gone" é sim, sem qualquer índice de falso pretensiosismo desde o seu monólogo de abertura, uma fita sobre a volubilidade das decisões, a iniquidade entre o certo e o correcto e a perversidade que assombra situações onde qualquer que seja a acção ou deliberação tomada, estamos a prejudicar o futuro de uns em benefício do de outros.

Com um robusto elenco, liderado pelo semi-novato Casey Affleck, que com a sua voz enferrujada, quase grosseira para a sua idade, consegue dotar o filme de uma masculinidade e seriedade inesperada, tão refrescante como surpreendente, facultando ao espectador a noção de que o seu Patrick Kenzie fará frente ao mais aterrador e medonho rufia, e conferindo a necessária, senão mesmo fundamental credibilidade às suas opções filosóficas e morais posteriores, e alicerçado pela sagacidade do eterno Ed Harris e da admirável Amy Ryan - com uma prestação que de tão repugnante só pode ser qualificada como genuína e verosímil - "Vista Pela Última Vez" gera, com o seu desfecho bipolar, um debate provocador na consciência de cada um: o que faríamos se fôssemos nós?

E é com esse derradeiro desafio, que imita a vida tal como ela é, tantas vezes severa e árdua e nem sempre com um final feliz no horizonte, que Ben Affleck inteligentemente remata a película. Poderia ser pedido mérito, capacidade ou aptidão maior do que essa a um realizador estreante, tantas vezes criticado e censurado como actor na indústria pelos mesmos que agora o aplaudem enquanto arquitecto de uma visão?

Trivialidade: Gone Baby Gone sucede a The Fountain, vencedor da passada edição dos Globos de Prata CN nesta categoria.

Só é preciso encontrar a história certa


Todos sabemos que cinema e futebol raramente rimam quando fazem parte da mesma fórmula. Venha Pelé, Caine e Stallone em ambiente de guerra ou até uma junção das quatro linhas às artes marciais, a verdade é que o resultado final de filmes com o futebol como pano de fundo acabam sempre num empate. Eis uma história, descoberta aqui, que era capaz de inverter a tendência e impingir uma goleada, tanto na crítica como nas bilheteiras.

O Jogo da Morte

A ocupação de Kiev

Tudo começou em Setembro de 1941, quando o exército alemão, quebrando o pacto de não agressão assinado dois anos antes por Hitler e Stalin, ocupou vários territórios soviéticos entre eles a cidade de Kiev. Duas consequências da guerra foram a fome e a proibição do futebol. Os jogadores, à semelhança da grande maioria da população, foram feitos prisioneiros ou tornaram-se vagabundos, sobrevivendo como podiam ao frio e à perseguição nazi. Entre eles, Nikolai Trusevich, antigo guarda-redes do Dínamo de Kiev e um dos melhores jogadores da Europa na sua posição. No entanto, num daqueles encontros fortuitos de que a História é pródiga, Trusevich foi abordado por Josef Kordik, um veterano da I Guerra Mundial, fanático pelo Dínamo de Kiev e que, devido à sua origem austríaca e ao facto de falar bem alemão, não era perseguido pelos nazis. Ao encontrar o seu ídolo doente e subnutrido, Kordik, que administrava uma das padarias responsáveis pelo abastecimento da cidade, tratou logo de contratá-lo como seu funcionário. E foi durante uma conversa com Trusevich que Kordik teve a ideia de procurar antigos jogadores que tivessem sobrevivido à ocupação.

A formação do Start

O objectivo de Kordik não era só o de salvar esses atletas da miséria e empregá-los na sua padaria. Aproveitando a série de pequenas concessões que os nazis faziam para dar um aspecto mais normal ao quotidiano da cidade, como a realização de alguns jogos futebol no antigo estádio do Dínamo de Kiev, Kordik tinha o sonho de formar uma equipa. Como a proibição do Dinamo se mantinha, convenceu os alemães a aceitarem a formação de um novo clube, alegando que o desporto seria benéfico para a própria produtividade da padaria. O que ele não revelou foi que o seu clube seria formado por antigos jogadores do Dínamo de Kiev, do Lokomotiv e de clubes rivais do campeonato russo. E foi assim que nasceu o FC Start. E foi assim que, aproveitando os contactos de Kordik, o clube começou a desafiar equipas de soldados inimigos e selecções formadas pelo III Reich.

As primeiras vitórias

O primeiro jogo do FC Start foi disputado a sete de Junho de 1942 contra o Rukh, equipa criada por Georgi Shvetsov, um ex-jogador do Lokomotiv Kiev. Shetsov era um nacionalista ucraniano que se opunha ao regime comunista e que se tornara aliado dos alemães após a invasão. Até então, os jogos disputados no antigo estádio do Dínamo, entretanto rebaptizado de Estádio Ucraniano, não conseguiam cativar o interesse da população local, e o motivo era simples: só os alemães e os seus aliados é que estavam autorizados a jogar. Esta era também a razão pela qual o Rukh era uma equipa incapaz de cair nas boas graças do povo. Shvetsov bem tinha tentado recrutar antigos ídolos do Dínamo e do Lokomotiv para as suas fileiras, mas nenhum dos funcionários da padaria de Kordik aceitou representar o lado dos invasores. Mesmo que isso tivesse significado uma melhoria significativa nas suas condições de vida.

Sem um equipamento adequado, os jogadores do Start apresentaram-se em campo para o seu primeiro jogo com calças cortadas, sapatos e camisas vermelhas que Trusevich encontrara nas ruínas de uma loja. O vermelho, para Trusevich, teria sempre de ser a cor da vitória contra os nazis. O único jogador do Start que tinha chuteiras apropriadas era Makar Goncharenko, que as conservara intactas durante a invasão, convicto de que nem a guerra o impediria de jogar futebol. Mesmo assim, e com seus jogadores em más condições físicas, uma vez que tinham passado a noite anterior a trabalhar na padaria, o Start goleou o Rukh por 7 a 2. Humilhado, Shvetsov fez com que os nazis proibissem o Start de entrar no Estádio Ucraniano, mas nem isso impediu a ascensão do clube. Kordik transferiu a sua equipa para o estádio de Zenit, no centro de Kiev, onde o Start se estreou a 21 de Junho com uma vitória por 6 a 2 contra uma equipa da guarnição húngara, que auxiliava os alemães na ocupação da União Soviética. Três dias depois foi a vez da guarnição romena sofrer 11 golos sem resposta.

Uma popularidade incómoda

No entanto, as coisas só começaram a tomar proporções verdadeiramente inquietantes para o lado dos invasores quando, no dia 17 de Julho, o Start despachou uma equipa do exército alemão, denominada PGS, por 6 a 0. A lenda do Start enquanto equipa imbatível estava lançada e a população de Kiev começou a comparacer em peso aos jogos. E nem o facto de a imprensa local, controlada pelos alemães, menosprezar ou mesmo ignorar as proezas do Start, travou o crescimento galopante da sua popularidade. As vitórias no futebol, tanto hoje como há 66 anos atrás, são a melhor forma de unir um povo, porque a energia, a coragem e a união que se manifestam em campo são transmitidas a quem a elas assiste. Aquilo que os alemães tinham planeado inicialmente como medida de pacificação ameaçava tornar-se num incentivo à revolta.

A 19 de Julho foi a vez da poderosa equipa húngara do MSG Wal falhar a nova missão encomendada pelos nazis para derrotar o Start. Mais uma goleada, desta vez por 5 a 1, a favor dos soviéticos, que voltaram a vencer a mesma equipa no jogo de desforra, uma semana mais tarde, por 3 a 2. Foi a única ocasião em que o Start derrotou um adversário pela diferença mínima. E nem mesmo o preço inflaccionado dos bilhetes, na tentativa de afastar o povo do estádio, impediu que uma multidão comparecesse e exultasse com a vitória dos seus ídolos.

O primeiro encontro com o Flakelf

A dimensão épica da última vitória contra o MSG Wal, com o guardião Trusevich a efectuar uma das suas melhores exibições e a segurar o resultado nos últimos minutos, enfureceu os nazis. Para eles, derrotar o Start dentro de campo estava a tornar-se uma questão de honra. Por isso, foi marcado para 6 de Agosto um jogo entre Start e o Flakelf, a melhor equipa alemã da época e aquela que era utilizada como instrumento de propaganda nazi. O resultado desse jogo? 5 a 1 para o Start. Nova humilhação para a ideologia da raça superior. De Berlim chegou uma ordem para acabar com a vida dos jogadores do Start, única forma possível de evitar novas derrotas alemãs em solo ucraniano. Mas os nazis que ocupavam Kiev não acataram a ordem, por acreditarem que se o fizesse estariam a perpetuar a derrota alemã e a eternizar a lenda do Start. O desporto, para os nazis, deveria ser o reflexo da sociedade. Já o tinha sido nos Jogos Olímpicos de 1936, organizados em Berlim com o propósito de vincar a superioridade da raça ariana. Para os altos comandos nazis em Kiev, a decisão de fuzilar os jogadores do Start teria de esperar até conseguirem uma vitória sobre essa equipa. Decisão marcada para 9 de Agosto, dia em que esperavam que o Flakelf conseguisse vingar a pesada derrota que lhe fora infligida apenas 3 dias antes.

Foi num clima de forte tensão que a partida teve lugar no estádio do Zenit, completamente lotado. Antes do início do jogo, um oficial das SS entrou no balneário do Start apresentando-se como o árbitro da partida e exigindo que os jogadores do clube fizessem a saudação nazi quando cumprimentassem os adversários. Já em campo, equipados com camisola vermelha e calções brancos, os soviéticos levantaram o braço mas, em vez de dizerem “Heil Hitler!”, levaram a mão ao peito e gritaram “Fizculthura”, uma expressão de incentivo à prática desportiva. A equipa alemã, a jogar de camisola branca e calções pretos, marcou o primeiro golo do encontro, aproveitando um momento em que Trusevich tentava recuperar de um pontapé que um adversário lhe dera na cabeça. Até ao fim da primeira parte, no entanto, o Start conseguiu dar a volta ao marcador, com um golo de Kuzmenko e dois de Goncharenko. Durante o descanso, os jogadores soviéticos voltaram a receber visitas de oficiais das SS no balneário e advertências quanto ao destino de cada um, caso insistissem em vencer a partida. Apesar de terem chegado a pensar não voltar para o segundo tempo, os jogadores do Start, ao ouvirem os gritos dos seus compatriotas presentes nas bancadas, decidiram regressar ao campo. E jogar para ganhar. Não só para ganhar, para dar um baile aos adversários o que, nas condições em que se encontravam, significava assinarem a sua sentença de morte. E assim foi. No final do jogo, quando ganhavam por 5 a 3, o avançado Klimenko apareceu isolado à frente do guarda-redes do Flakelf. Depois de fazer uma finta que sentou o alemão no relvado, Klimenko ficou com a baliza deserta à sua mercê mas, em vez de rematar para golo, virou-se para trás e pontapeou a bola para o meio campo. Um gesto de superioridade total em relação ao adversário e que, para o público presente, constituiu um momento único de libertação e um incentivo à resistência.

Depois desse encontro, o Start ainda jogou mais uma partida, a 16 de Agosto, com o Rukh. E voltou a golear o primeiro adversário com quem tinha jogado, desta vez por 8 a 0. Mas o destino dos seus jogadores já estava traçado. Este último jogo tinha servido apenas para fechar o ciclo da efémera e imortal existência da equipa. Depois desse jogo, a padaria onde os jogadores do Start trabalhavam foi invadida. O primeiro a morrer torturado em frente de todos eles foi Kordik. Os restantes foram enviados para o campo de concentração de Siretz. Quatro deles - Kuzmenko, Klimenko, Korotkykh e Trusevich - foram executados com tiros na nuca. O guarda-redes e capitão da equipa, Nokolai Trusevich, morreu vestido com a camisola vermelha do FC Start e, segundo relatos de testemunhas, gritou “o desporto vermelho nunca morrerá” antes de receber a bala. Os restantes jogadores foram torturados até à morte. Goncharenko e Sviridovsky, que não se encontravam na padaria naquele dia fatídico, foram os únicos que escaparam, conseguindo sobreviver, escondidos, até à libertação de Kiev, em Novembro de 1943.

Ainda hoje, os possuidores do bilhete do encontro em que o Start venceu o Flakelf por 5 a 3 têm direito a um lugar no estádio do Dínamo de Kiev. Na proximidade do mesmo existe um monumento que saúda e recorda as façanhas dos jogadores que fizeram do clube uma lenda.

IV Globos de Prata CN - Realizador


"Nolan consegue o que parecia impossível: equilibrar forma e conteúdo, numa dinâmica ambiciosa entre espectacularidade técnica e complexidade moral e emocional (...) Tudo isto acontece em duas horas e meia, a um ritmo que nunca perde o fôlego" (Ana Markl, Sol)

Trivialidade: Christopher Nolan sucede a Marc Forster, vencedor da passada edição dos Globos de Prata CN nesta categoria.

sexta-feira, janeiro 30, 2009

Dexter - Terceira Temporada

Apesar de ser dono e senhor de uma das personagens mais interessantes da actualidade e ser nomeado, ano após ano, para a categoria principal de representação de grandes prémios como os Emmy ou Golden Globes, Michael C. Hall nunca levou nenhuma estatueta para casa – tanto com “Dexter”, como previamente por “Sete Palmos de Terra”. Um sentimento esquivamente impróprio e injusto de reconhecimento com um actor que conseguiu com que o grande público torcesse, episódio após episódio, por um assassino em série que esfaqueia brutalmente as suas vítimas, cortando-as em seguida em várias partes, de modo a despejá-las no fundo do oceano e limpar qualquer rasto que o ligue aos crimes.

Nesta terceira temporada, a série continua o caminho de humanização de Dexter, concedendo-lhe agora um amigo em quem pode confiar e contar todos os seus segredos, bem como duas oportunidades para avançar na sua relação com Rita: a união de facto e o nascimento do primeiro filho. E a verdade é que é a linha narrativa que foca a luta pessoal entre os valores e as motivações de Dexter e os seus actos que mantém o produto televisivo da Showtime tão intrigante e interessante de seguir agora, como há três anos atrás. Os casos estruturais estão longe de ser banais, mas sem o conflito interno, espelhado pela constante presença do pai na sua imaginação, a fórmula mágica teria certamente pouca durabilidade.

Com uma performance fantástica de Jimmy Smits na pele de um temido procurador/advogado da cidade de Miami, cabe a ele o mérito de reformular o isolamento do mundo real de Dexter e conferir à narrativa alguns novos lugares nunca antes explorados. Sem nunca precisar das reviravoltas argumentativas de outras séries para brilhar, “Dexter” sabe, no entanto, tratar o espectador com inteligência ao colocá-lo a gostar de algo reprovável, a fazê-lo sentir bem com situações moralmente duvidosas. O único senão desta temporada, tal como já havia acontecido na anterior, é o final cauteloso e algo previsível, a preparar sem riscos uma nova temporada. Resta ter fé que quando chegar a hora de fechar definitivamente a história, os devidos responsáveis saibam dar a “Dexter” um final de culto, tão esplendoroso e enigmático como a mente da sua personagem chave.
Cinema Notebook: TV.com: 9.1 (12,558 votos) Média dos Leitores CN:

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Rourke vs Jericho

Marketing de Pizzaria


"O AXN vai estrear a quinta temporada da série C.S.I. Nova Iorque no dia 10 de Fevereiro. A ocasião vai ser assinalada numa campanha que envolve o canal, a ZON TV Cabo e a Telepizza. De 1 de Fevereiro até 15 de Março, as caixas das encomendas em Lisboa, Porto e Coimbra (pizzas médias ou familiares) vão ter referência às personagens da série: Mack Taylor e Stella Bonasera. A campanha, desenvolvida pela Neomedia, compreende um total de 300 mil caixas Telepizza." [F]

quarta-feira, janeiro 28, 2009

Megan Fox: A nova Lara Croft?


Segundo a espanhola Europa Press, Megan Fox poderá substituir Angelina Jolie no próximo capítulo da saga "Tomb Raider", cujas filmagens, afirma a publicação, irão decorrer durante o próximo ano. Parece-me um rumor sem qualquer fundamento, mas a verdade é que Megan Fox está hoje para Hollywood como Jolie estava no início do século XXI, quando foi escolhida pela Paramount para dar vida à celebre personagem de videojogos: eleita pelas revistas da especialidade como a mulher mais sexy do mundo. Êxitos claros de bilheteiras - tanto o primeiro filme como a sequela de 2003 -, resta esperar por novos desenvolvimentos. Oficiais, de preferência.

terça-feira, janeiro 27, 2009

A Bola por Orlando Mesquita


Children in Mozambique have found an interesting way to make a football. Since 1984, Orlando Mesquita has edited, directed, and produced over 20 films, including features, educational programs, and documentaries. His projects explore the many facets of Mozambican life such as the role of women and war, refugees, and demobilized soldiers.

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Desafio: Qual o último VHS que compraram?

O VHS está oficialmente morto. Fez recentemente três anos que o último filme foi lançado no velhinho formato que conquistou o mundo: "A History of Violence" foi a obra que mereceu a honra de encerrar uma geração. No entanto, só neste mês passado de Dezembro saíu de uma fábrica norte-americana o último lote de VHS para distribuição local. E assim, acabou-se de uma vez por todas com a distribuição mundial de Video's Home System. Resta deixar-vos dois desafios que coloquem uma machadada no assunto: Qual o último VHS que compraram e quantos leitores de vídeo têm ainda em casa?

domingo, janeiro 25, 2009

Os Óbitos de 2008


Heath Ledger [ 22 de Janeiro ] [Idade: 28]

A morte inesperada de Ledge, resultado de uma mistura abusiva de soporíferos com vários outros medicamentos, chocou o mundo. Apesar da curta carreira, Ledger era já considerado um dos mais brilhantes actores da sua geração, culpa talvez da excelsa interpretação enquanto cowboy homossexual em “Brokeback Moutain”, ou de papéis tão simples como cativantes em “A Knight’s Tale” ou “The Patriot”. Então prestes a estrear aquele que viria a ser o maior blockbuster da história do cinema, Heath será para sempre recordado como um dos mais geniais vilões que a Sétima Arte já conheceu.


Roy Scheider [10 de Fevereiro] [Idade: 75]

Actor em voga na década de setenta, quando participou em filmes como “The French Connection” ou “All That Jazz” – que lhe valeu, inclusive, uma nomeação para os Óscares -, Scheider será para sempre relembrado pelo seu papel em “Jaws”, onde ajudou a catapultar Spielberg para a elite de Hollywood. Sempre activo, apesar de relegado a espaços quase sempre secundários, Scheider foi ainda cabeça de cartaz da série televisiva “SeaQuest DSV”, nos anos noventa. Em 2009, poderemos recordá-lo como polícia reformado em “Iron Cross”.


Anthony Minghella [18 de Março] [Idade: 54]

Realizador galardoado pela Academia Norte-Americana de Cinema por “The English Patient”, na segunda metade da década de noventa, Minghella faleceu inesperadamente ao não resistir a algumas complicações que surgiram após uma operação à garganta. Imagem e referência do cinema britânico pós-David Lean, Minghella foi ainda responsável por obras como “Truly, Madly, Deeply”, “Cold Mountain” ou “The Talented Mr.Ripley”. Considerado uma das pessoas mais modestas do ramo por quem o conhecia, Minghella, quando entrevistado, afirmava sempre ser um escritor e não um realizador.


Arthur C. Clarke [19 de Março] [Idade: 90]

Considerado um dos mais visionários escritores de ficção científica do século passado, Arthur C. Clarke viveu grande parte da sua vida no Sri Lanka – onde faleceu -, apesar de ter nascido em Inglaterra. Autor do livro que deu origem a “2001: A Space Odyssey”, de Stanley Kubrick, Clarke foi pioneiro no tratamento e na idealização do sistema de radares, quando trabalhava na Royal Air Force, durante a Segunda Guerra Mundial. Sem nunca ter registado qualquer patente, escreveu alguns anos mais tarde um livro cujo título era “Como eu perdi um bilião de dólares nos meus tempos livres”, relacionado com esse mesmo facto. Longe da ribalta há muitos anos, Clarke defendeu até aos últimos dias da sua vida que acreditava que existia vida fora do nosso planeta. Será que o futuro lhe dará razão?


Charlton Heston [5 de Abril] [Idade: 84]

Dono de um ar severo durante toda a sua vida, Charlton Heston foi o herói de épicos como “Ben-Hur” – pelo qual ganhou o Óscar de Melhor Actor -, “El Cid”, “Planet of the Apes” e “The Tem Commandments”, onde interpretou o papel de Moisés. Amado pelo seu talento diante as câmaras, odiado muitas vezes pela forma apaixonada pela qual defendia o uso de armas nos Estados Unidos da América, Heston era um dos actores da indústria com mais fortes crenças republicanas e conservadoras. Na memória recente de muitos, fica o confronto com Michael Moore, em “Bowling for Columbine”.


Ollie Johnston [14 de Abril] [Idade: 95]

Johnston era o último sobrevivente dos famosos “nove homens velhos” da Walt Disney. Quando em 1935 Ollie Johnston se juntou à Disney para colaborar no filme “Branca de Neve”, longe estaria de imaginar que o seu trabalho iria transformar a história do mundo. Alguns dos seus rabiscos durante décadas e décadas de trabalho incluem as personagens de “Bambi”, “Pinóquio” e muitas outras obras que se tornaram imortais. Brad Bird, responsável por animações como “The Incredibles” ou “Iron Giant”, era o seu mais confesso admirador.


Sydney Pollack [26 de Maio] [Idade: 73]

“Sydney tornou o mundo, o cinema e os jantares em lugares melhores”, afirmou George Clooney aquando da morte do aclamado realizador Sydney Pollack. Igual a tantos outros como actor, mas uma referência enquanto realizador, entre as obras mais marcantes da carreira de Pollack destacam-se títulos como “Out of Africa” – pelo qual ganhou os seus únicos dois Óscares -, “Tootsie” – com um dos seus actores de eleição, Dustin Hoffman – e “The Way We Were”. Respeitado por todos em Hollywood, a sua excelência pode ser recordada na sua película mais recente, o thriller de advogados “Michael Clayton”.


Stan Winston [15 de Junho] [Idade: 62]

Os efeitos especiais não seriam hoje tão especiais se Stan Winston não tivesse dedicado a sua vida a estes. Entre as suas mais fantásticas criações, encontram-se os dinossauros de “Jurassic Park”, os extra-terrestres de “Aliens”, os robots de “Terminator” ou, mais recentemente, todo o alarido tecnológico de “Iron Man”. Parafraseando Steven Spielberg, “Stan pegou nos sonhos e nas ideias de todos os realizadores e deu-lhes vida. Como só ele sabia fazer.”. Um génio cujo trabalho serve de exemplo para a evolução do cinema enquanto arte.


George Carlin [22 de Junho] [Idade: 71]

George Carlin foi a face de uma era e de uma geração na “stand-up comedy” norte-americana. Um dos primeiros a utilizar assuntos delicados como o racismo, a morte e as drogas nas suas actuações, Carlin foi considerado um ícone de contracultura. Convidado frequente do “The Tonight Show”, as suas “Seven Dirty Words” ficaram célebres nos quarto cantos do mundo – valendo-lhe inclusive alguns processos judiciais. “Acredito que quando morremos, a nossa alma sobe… até ao tecto, ficando lá encalhada”, disse Carlin uma vez. Esperemos que não.


Bernie Mac [9 de Agosto] [Idade: 50]

Vítima de uma doença pulmonar, Bernie Mac abandonou o palco da vida de forma inesperada. Homem de família, sem tiques de vedeta – dizia ser uma pessoa banal com um emprego extraordinário – ou exigências estapafúrdias, Mac era um profissional multifacetado: no cinema, em sagas como “Ocean’s Eleven”; na animação, deu voz em “Madagascar: Escape 2 Africa”; e na TV, onde criou a sua própria sitcom “The Bernie Mac Show”. Tido como um dos reis da comédia moderna norte-americana, após a sua morte foi alvo das mais variadas homenagens, como as orquestradas por Chris Rock ou Don Cheadle.


Don LaFontaine [1 de Setembro] [Idade: 68]

“A Voz” de Hollywood, foi LaFontaine o homem que realizou a locução de mais de cinco mil trailers de obras de Hollywood, bem como a personagem que emprestou a voz a quase três mil e quinhentos anúncios publicitários. Mais de dez por dia – como uma peça de um famoso programa norte-americano mostrou -, Don não tinha “voz a medir”: fazia de tudo um pouco no seu estúdio, em casa, obrigando as produtoras a aceitarem ser ele o autor do texto, em vez de se limitar a ler algo escrito por outros. Como “som de marca” fica o “Num mundo onde…”, usado em blockbusters como “Terminator” e “Independence Day”. O seu dom jamais será igualado.


Paul Newman [26 de Setembro] [Idade: 83]

Mais do que um actor com cinco décadas de uma carreira brilhante em Hollywood, onde marcou mais do que uma geração com o seu talento, Newman será para sempre relembrado como um dos mais notáveis filantropos norte-americanos, tendo doado durante a sua vida mais de 250 milhões de dólares a instituições de caridade. Homem como poucos, marido afável e fiel, protagonista de um dos casamentos mais longos da história de Hollywood com Joanne Woodward, Newman jamais será esquecido por todos aqueles que salvou da droga e da miséria, pelos cinéfilos que apaixonou com as suas interpretações enquanto “saco de pancada” e por todas as teenagers que morreram de amores pelos seus lindos olhos azuis, ainda para mais sobrevivendo a épocas conturbadas onde os ídolos e ícones de beleza das multidões acabavam sempre por trilhar o mesmo caminho: o da auto-destruição.

sábado, janeiro 24, 2009

Son of Rambow (2007)

Will Proudfoot é um rapaz com uma originalidade criativa desmedida. O seu caderno, onde página após página esboça alguns desenhos que, em sequência, narram uma breve história, é exemplo maior disso mesmo. No entanto, Will vive sobre a alçada de uma família extremamente religiosa, que lhe interdita o acesso à televisão, ao cinema e a todas as restantes tentações do mundo moderno. O controlo é tão restrito que, mesmo na escola, Will é obrigado a sair da aula sempre que um documentário é passado na sala de aulas. E é numa dessas ocasiões, quando espera no corredor pelo fim de um visionamento, que conhece Lee Carter, um dos mais problemáticos rufias da escola. Entre artimanhas e ciladas de Carter – que precisava de alguém que o ajudasse num vídeo caseiro que pretendia mandar para um concurso da BBC -, Proudfoot acaba por ir passar a tarde à abundante mansão do “novo amigo”, onde vê pela primeira vez um filme: uma cópia pirateada de “First Blood”. Enamorado de imediato pela Sétima Arte, decide encarnar o herói da fita e ajudar Lee Carter no seu “filme”.

Filho de Rambow – Um Novo Herói” é uma obra encantadora mas também infantilmente desequilibrada. Com vários altos e baixos na sua linha narrativa – tanto somos presenteados com vários momentos de genialidade, como com alguns períodos ligeiramente prolongados de aborrecimento, com pouca substância que realmente contribua para o desenrolar dos acontecimentos ou para o estudo das personagens –, o britânico Garth Jennings volta a evidenciar algumas das lacunas estruturais que marcaram pela negativa a adaptação cinematográfica de “The Hitchhiker's Guide to the Galaxy”, a sua primeira experiência de realização. No entanto, a forte premissa de uma odisseia juvenil na era do VHS – e quantos de nós não nos identificamos com os desejos e as motivações da personagem principal – e um conceito artístico bem trabalhado, que mistura, por variadas vezes e de forma eficaz, a acção real com o mundo da animação asseguram que a verdadeira alma de “Son of Rambow” prevaleça sobre as eventuais falhas da fita.

Ainda para mais, ou muito me engano ou “Son of Rambow” será posteriormente recordado como o filme que lançou para as feras uma estrela do cinema britânico: não o principal Bill Milner, algo inseguro na primeira metade da obra, mas sim Will Poulter, que, apesar de interpretar uma personagem problemática, consegue conquistar o coração da audiência e executar na perfeição as transições entre as suas facetas ambivalentes de brigão e de “companheiro de sangue”. Esta sua auspiciosa performance de estreia valeu-lhe já inclusive um importante papel no próximo capítulo cinematográfico de “The Chronicles of Narnia”. Em suma, e apesar do caminho algo acidentado, o delicioso final da obra conquista os mais nostálgicos e justifica alguma sobrevalorização por parte da crítica virtual – território da geração da cassete pirata.

Dar a mão à palmatória


A resposta de João Lopes ao grave e perigoso erro que cometi na minha última entrada é clara. Aceito-a atrapalhado e confundido pelos meus ouvidos, mas com o peso nos ombros de deixar bem clara, através de um mea-culpa público, a inocência de um sentimento que de agressivo ou de mal-dizer pouco ou nada tinha. Apenas a constatação de algo que me parecia, na altura, extremamente injusto. Citando, desta vez sem qualquer margem de erro, João Lopes, "Quando qualquer discurso fica reduzido a uma caricatura sem consistência, perdemos todos". Sim, todos. Fica o pedido de desculpas sincero e honesto pelo equívoco e apenas um pequeno apontamento: não deverá "o máximo de disponibilidade para lidar com o discurso do(s) outro(s)" implicar um sistema de comentários aberto, mesmo que moderado?

sexta-feira, janeiro 23, 2009

Frases que enervam (I)

João Lopes, crítico de cinema, na SIC Notícias, sobre "Vicky Cristina Barcelona":
"Woody Allen transformou-se num realizador banal". (Consultar Correcção)

Vasco Câmara, crítico de cinema, no Público, sobre "The Changeling":
"Jolie não tem estofo para a sua personagem".

Impressões de uma nova temporada de Perdidos


  • Sensação especial a de poder afirmar com todos os dentes "Eu já entrevistei aquele tipo!", mal William Mapother (Ethan) entra em cena no primeiro episódio desta quinta temporada. A mesma pode ser revista nos arquivos da Take;
  • Está tudo de pernas para o ar. As aparentes soluções oferecidas neste episódio duplo levantam mais questões do que respostas. O caminho escolhido é arriscado e acabará por levar a série por um de dois caminhos: ao êxtase televisivo de culto ou a uma resolução vítima de si própria. Eu gosto dos enigmas dentro de enigmas de Abrams e companhia e continuarei um seguidor fiel;
  • Agora, mais do que nunca, é preciso não perder um único frame de "Lost". Quem a apanhar a espaços na televisão, como muitos o fizeram durante várias temporadas em Portugal, não terá hipóteses de saborear um dos mais geniais e complexos produtos da história da televisão.

quinta-feira, janeiro 22, 2009

Desafio: Qual a pior coisa que fizeram na vossa vida?


O desafio pouco ou nada está relacionado com cinema, mas abriu alas a um dos artigos mais comentados e interessantes da semana na blogosfera internacional - curiosamente também num blogue da mesma área que o Cinema Notebook. Um pedido: sejam honestos, ou pelo menos o mais honestos que puderem ser sem alertar as autoridades. Vamos lá ver se resulta aqui também.

E o Gran Torino? E o Clint?


Melhor Filme:
The Curious Case Of Benjamin Button
Frost/Nixon
Milk
The Reader
Slumdog Millionaire

Melhor Realizador:
Gus Van Sant – Milk
Danny Boyle - Slumdog Millionaire
Stephen Daldry - The Reader
David Fincher - The Curious Case Of Benjamin Button
Ron Howard - Frost/Nixon

Melhor Actor Principal:
Richard Jenkins – The Visitor
Frank Langella - Frost/Nixon
Sean Penn - Milk
Brad Pitt - The Curious Case Of Benjamin Button
Mickey Rourke - The Wrestler

Melhor Actor Secundário:
Josh Brolin – Milk
Robert Downey Jr – Tropic Thunder
Phillip Seymour Hoffman – Doubt
Heath ledger – The Dark Knight
Michael Shannon – Revolutionary Road

Melhor Actriz Principal:
Anne Hathaway – Rachel Getting Married
Angelina – Changeling
Melissa leo – Frozen River
Meryl Streep – Doubt
Kate Winslet - Revolutionary Road

Melhor Actriz Secundária:
Amy Adams - Doubt
Penelope Cruz - Vicky Cristina Barcelona
Viola Davis - Doubt
Marisa Tomei - The Wrestler
Taraji P. Henson – The Curious Case Of Benjamin Button

Actualização: E porque raios Bruce Springsteen não foi nomeado por "The Wrestler"?

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Estado da Nação


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É hoje: Lost está de volta!


Lost.S05E00.Destiny.Calls [one-hour special recap presentation]
Lost.S05E01.Because.You.Left
Lost.S05E02.The.Lie

terça-feira, janeiro 20, 2009

Take 11 - Janeiro de 2009


"Ano novo, vida nova", assegura um dos lemas mais citados em todo o mundo durante o mês de Janeiro. Na Take, e apesar de não negarmos a energia granjeada por novos horizontes e renovados desafios, gostamos de pensar que o que pode haver de melhor num novo ano será a concretização e a satisfação de um desejo antigo: tornar esta humilde mas laboriosa revista numa publicação lida e respeitada por muitos mais milhares do que aqueles que já nos enchem a alma e assim pagam um trabalho sem qualquer cunho de retribuição financeira.

E para começar o ano aqui na revista, muitas foram as indecisões. Que fazer, que mudar, quem destacar? As respostas a todas estas perguntas serão respondidas nas próximas páginas. No entanto, e a um número de comemorarmos um ano de vida - e esperamos conseguir celebrar a data de forma devida e original -, precisamos do vosso feedback mais do que nunca. Queremos crescer ainda mais mas não sabemos como. Mais do que uma revista de cinema online mensal, queremos ser uma referência diária no quotidiano cinéfilo dos nossos leitores. Mas como o ser, sem banalizar a ideia-mãe e sem cair em lugares tão comuns na ciberesfera nacional? A vossa opinião é fundamental.

Da revisão de um 2008 forte em blockbusters às previsões sempre esperançosas do ano que agora nasce, por mais que se tente escapar a esse fado, este é um número típico de Janeiro. Com um dos mais brilhantes humoristas existenciais vivos na capa - mas também um realizador sem igual, com quarenta anos de carreira -, e com Clint Eastwood no seu interior, esta é uma edição madura. Sem qualquer receio da nova vaga de cinema de terror espanhol ou dos mistérios e outras histórias que abordaremos, de agora em diante, nos nossos takes televisivos. Porque, caros leitores, e citando George Eliot, nunca é tarde demais para ser aquilo que sempre se desejou ser. E o nosso motor corre a ambição.

http://take.com.pt/

The Day Has Come


"I may not get there with you. But I want you to know tonight, that we, as a people will get to the promised land."

Martin Luther King, 3 de Abril de 1968.

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Assault on Precinct 13 (1976)

A esquadra treze de Los Angeles está prestes a ser encerrada. Com poucos funcionários e os principais serviços de subsistência desactivados – como a luz ou os telefones -, ao Tenente Ethan Bishop apenas era pedido que estivesse atento a qualquer emergência que pudesse ocorrer na zona. E, na última noite da esquadra, eis que um grupo de condenados à pena de morte acaba por ter que pernoitar na esquadra. Mas nem mesmo estes imaginavam que um gang em fúria cercasse o edifício para se vingar de um homem que decidiu fazer justiça pelas próprias mãos e procurou a protecção da polícia. Agora, para sobreviverem ao gang, condenados e polícia vão ter que unir esforços.

A segunda longa-metragem de John Carpenter é hoje um objecto de estudo sobre como transformar um orçamento irrisório numa obra de acção compacta, repleta de momentos de tensão articulados na perfeição com uma banda sonora tradicional – que Carpenter afirma ter influências da música de Led Zeppelin. Esticada ao máximo em várias cenas para ter a duração necessária para conseguir chegar aos cinemas – o próprio realizador admitiu que todas as cenas da primeira metade do filme são mais longas do que deveriam ser por esse mesmo motivo -, “Assalto à 13ª Esquadra” é ainda hoje relembrado por todos quantos o viram nos últimos trinta anos por uma cena memorável, crua na substância, impiedosa na sua moralidade: a do assassinato frio e sem qualquer causa justificativa de uma inocente criança que abordava uma carrinha de venda ambulante de gelados. Uma reinvenção da premissa de “Rio Bravo” de Hawks, transformada em fita de culto de um mundo suburbano violento e a prova segunda de um manipulador de audiências que, infelizmente, nem sempre primou pelo brilhantismo durante a sua carreira.

domingo, janeiro 18, 2009

Impressões de um domingo com Jack Bauer


  • "24: Redemption", o filme prequela da sétima temporada da série televisiva de Robert Cochran e Joel Surnow não aquece nem arrefece. No entanto, os quatro primeiros episódios de mais um dia na vida de Jack Bauer prometem um regresso às origens, deixando para trás uma sexta temporada que defraudou as expectativas de todos os admiradores da série e baixou o nível de cinco temporadas de épico brilhantismo - a quinta temporada consegue ser, na minha opinião, a melhor de todas.
  • Nos Estados Unidos, os melhores - e os maiores também - bloggers de cinema foram convidados com pompa e circunstância para acompanhar o Festival de Sundance. Com alojamento, refeições e entrevistas às principais estrelas incluídas no pacote. Resultado: um mediatismo selvagem de quase todas as fitas do festival, que provavelmente irá convencer milhares de leitores e seguidores desses blogues a visionarem mais tarde o filme. Por vezes, não é preciso gastar milhões em cartazes e estratégias de marketing milionárias. Basta ter um pouco de bom-senso.
  • O que raios será "Talk About It"? Hugh Laurie, Evangeline Lilly, David Arquette e Teri Hatcher são alguns dos famosos que já têm vídeos no Youtube a referir o projecto. Por falar em estratégias inteligentes, nada melhor do que algumas promoções virais para aguçar a curiosidade.

sábado, janeiro 17, 2009

Band from TV: House, Parkman e Delfino


A estreia televisiva, ontem, no "Tonight Show" de Jay Leno. A "melhor performance da história do programa", diz Greg Grunberg no Twitter. Não vamos tão longe, mas não deixa de ser curioso ver Hugh Laurie no piano. Desde que a música não o roube da televisão, tudo bem.

IV Globos de Prata CN - Actor Principal


João Lopes: "Paul Thomas Anderson consegue a proeza de refazer o espírito do grande cinema clássico americano (...) Daniel Day-Lewis é, mais uma vez, genial.".

Eurico de Barros: "Mas é Daniel que se agiganta, uma personagem tão fascinante como repugnante, capaz de afecto genuíno pelo filho ao mesmo tempo que expressa o seu absoluto desprezo pela humanidade, que desperta a nossa admiração pela sua perseverança e pelo individualismo antes-quebrar-que-torcer, e a nossa repreensão pelo negrume da sua ganância e a incapacidade de compaixão. Mesmo no final, quando há, enfim, sangue, é impossível odiá-lo totalmente, tal como antes o foi aceitá-lo inteiramente.".

Trivialidade: Daniel Day-Lewis sucede a Kurt Russell, vencedor da passada edição dos Globos de Prata CN nesta categoria.

sexta-feira, janeiro 16, 2009

Mourinha, Dorminsky e o tipo que é do contra!


Depois de ter discutido o tema aqui e aqui, o JPN também pega no assunto e analisa outros pontos de vista. A quem interessar. A mim resta-me o pundonor de estar a um ponto e três palavras de Mario Dorminsky.

KINO - Mostra de Cinema de Expressão Alemã


O "KINO - Mostra de Cinema de Expressão Alemã" irá apresentar entre 21 e 29 de Janeiro, no Cinema São Jorge, alguns dos mais representativos filmes da produção cinematográfica de expressão alemã contemporânea. A programação, dividida em duas sessões diárias, apresentará ao público lisboeta obras de referência do cinema que actualmente é realizado na Alemanha, na Áustria, na Suíça e no Luxemburgo. A selecção de filmes promete despertar a vontade de conhecer ainda melhor o actual cinema de expressão alemã. O calendário do festival pode ser consultado aqui. Especial destaque para "No Inverno um Ano", de Caroline Link ("Nirgendwo in Afrika"), cujo visionamento contará com a presença da realizadora.

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Emily Blunt como Black Widow?


" (...) sources say Emily Blunt (The Devil Wears Prada) could play a lead character in Iron Man 2 named Natasha, who goes by several aliases, including the Black Widow. Blunt is apparently one of many actresses the fillmmakers are considering, though she's believed to be the front-runner." [F]

Darth Vader sobe ao altar... literalmente.


"BRIDE Samantha Pietruch knew her wedding would be out of this world when she married - Darth Vader. Groom Graham Curson, 36, dressed as the Star Wars villain carrying a lightsaber for the couple’s movie-themed nuptials. But he took his helmet off for the register office ceremony in Newark, Notts. Even the pages were dressed as clone troopers when Graham and Samantha, 26, Skywalker-ed up the aisle for a marriage made in... the heavens." [F] [Via]

Casar com muçulmanos é "um monte de sarilhos". E com o Darth Vader, caro Cardeal, haverá problema?

quarta-feira, janeiro 14, 2009

Biopic de Steve McQueen a caminho


O título diz tudo. Foi anunciado por dois produtores norte-americanos que um filme biográfico sobre Steve McQueen, inspirado na obra literária lançada em Outubro passado, "Steve McQueen: Portrait Of An American Rebel", está em fase de pré-produção. O actor que foi estrela em filmes como "The Great Escape", "The Magnificent Seven", "The Thomas Crown Affair", "The Towering Inferno", "Papillon" e "The Getaway", entre muitos outros, viveu meia década sobre a batuta da fama, da velocidade, do alcoolismo e das drogas. Casou por três vezes e faleceu cedo com um cancro nos pulmões. Motivos de interesse não faltam. A questão que se coloca neste momento é: que actor merece e tem estaleca para encarnar "The Cooler King"? Pelas semelhanças físicas, Daniel Craig parece-me escolha óbvia.

Captivity (2007)

Jennifer Tree - a promissora Elisha Cuthbert - é uma modelo em voga nos Estados Unidos. A sua imagem faz parte do quotidiano de milhões de pessoas, invadidas pela sua forte presença mediática e publicitária. No entanto, uma vida de sonho pode tornar-se motivo e razão para o mais caliginoso dos pesadelos: o de um cativeiro mórbido, aparentemente provocado por um admirador sem escrúpulos. Exercício pouco autoral do britânico Roland Joffé, responsável por obras tão importantes na década de oitenta como “The Mission” ou “The Killing Fields”, “Captivity” é, mais do que um projecto falhado de um realizador que perdeu-se pelo caminho, uma ode ao desaproveitamento de uma ideia interessante, sem bases de suporte num argumento atonitamente previsível.

Do desvendar do assassino - enquanto os motores ainda aqueciam - através do olhar característico do actor Pruitt Taylor Vince, à trivialidade e vulgaridade do desfecho, que devido à falta de personagens alternativas apresentadas é facilmente descortinado, tudo em “Cativeiro” parece artificial. Não há um pingo de inteligência ou sentido nos quebra-cabeças apresentados e nem a sensualidade de Elisha Cuthbert é suficiente para salvar o filme da calamidade narrativa. Resta esperar que Roland Joffé não cometa os mesmos erros e faça de “You and I”, uma vez mais, uma simples passadeira de exibição de uma actriz televisiva em ascensão – neste caso, Mischa Barton.

Twitter


Pronto. Depois de alguns meses de resistência, lá cedi ao centésimo e-mail que recebi a convidar-me - não sei qual das minhas facetas, se a cinéfila, a política, a de marketeer ou a mais humorística - para ser mais um nessa imensa comunidade de, diz quem percebe, micro-blogging. Sem saber bem no que é que isto vai dar, deixo o link twitter do Cinema Notebook a quem bem interessar.

terça-feira, janeiro 13, 2009

Jamie Cullum - Gran Torino

IV Globos de Prata CN - Actriz Principal


Haneke: "She was so convincing, especially in portraying suffering and painful situations. Not many great actresses have that ability to capture psychic extremes. There are a couple, but only a few. And she is one of those few." [F]

Watts: "I was repulsed and terrified. Apart from my obvious reactions to the movie itself, to do this film was terrifying. And, it always intrigues me when I’m afraid of something." [F]

Trivialidade: Naomi Watts sucede a Jodie Foster, vencedora da passada edição dos Globos de Prata CN nesta categoria.

segunda-feira, janeiro 12, 2009

Impressões de uma noite mal dormida


  • Kate Winslet foi a grande vencedora dos Globos de Ouro. O nervosismo de uma vitória dupla inesperada não justificam que Anne Hathaway, outra das nomeadas, seja tratada como "a outra".
  • Deliciosa a cumplicidade bem evidente entre Darren Aronofsky e Mickey Rourke. Nunca um dedo-pilas - a expressão, para os mais chocados, consta nos dicionários - significou tanto e tão pouco simultaneamente. E confirmou-se que os prémios de interpretação masculina tendem a recair sobre filmes não nomeados à categoria mais importante.
  • A competição mais feroz da noite era a do Globo de Melhor Actor Secundário. Heath Ledger recebeu o prémio póstumo e Christopher Nolan, com breves mas brilhantes palavras, prestou-lhe a homenagem da noite. Uma que, sobre as palmas de uma vasta plateia, significa muito mais do que o galardão em si.
  • Ricky Gervais, mesmo a meio-gás, é sempre figura de destaque. Bastam-lhe alguns minutos em palco para provar que não tem rival na sua arte. Woody Allen, vinte e três anos depois, leva um Globo para casa. "In Bruges" é premiado através de Colin Farrell. Clint Eastwood vai de mãos vazias para casa. "Gran Torino" merecia muito mais.

domingo, janeiro 11, 2009

sábado, janeiro 10, 2009

Serendipity (2001)

Jonathan Tragger (John Cusack) e Sara Thomas (Kate Beckinsale) conhecem-se, por mero caso, na véspera de Natal, quando ambos procuram comprar o último par de luvas disponível numa loja. A empatia entre ambos é instantânea e a curiosa conjuntura leva a que Jonathan queira encontrar-se de novo com Sara. Comprometida – apesar de encantada com a maneira de ser de Jonathan -, Sara escreve o seu nome e o seu número de telefone num livro, afirmando que o vai colocar à venda numa livraria de Nova Iorque. Se o destino quiser que ambos se unam, tal acontecerá. Da mesma forma, Jonathan faz o mesmo, mas numa nota de cinco dólares. Será que o “once in a lifetime” poderá acontecer mais do que uma vez?

Os motivos de interesse que sustentavam a viabilidade económica de “Feliz Acaso” eram vários: um elenco secundário de respeito, a promessa de um romance baseado nos caminhos imprevisíveis do destino e a junção em papéis principais de duas das figuras mais desejadas pelo grande público da indústria comercial cinematográfica norte-americana. E a verdade é que “Serendipity” acabou por funcionar na bilheteira, arrecadando o dobro dos seus custos, mas fracassou em certa medida nas mais variadas esferas de análise. A razão é simples: a narrativa de “Feliz Acaso” é simples, previsível e só pode agradar aos que conseguirem sobrepor a história de amor, pateta tal como o sentimento, sobre a lógica da razão.

O significado do título original deixa adivinhar isso mesmo: uma aptidão aparente para descobertas fortuitas e acidentais. E ao aplicar tal fado ao guião, o realizador Peter Chelsom – o mesmo de “The Mighty” ou “Shall We Dance”, de resto num registo em que se sente confortável – fica à mercê da boa vontade da audiência em acreditar em tão indecifráveis coincidências. Quem o fez, como eu, provavelmente ficou arrebatado com uma das mais simpáticas e ternurentas histórias de amor transpostas para o cinema nesta década. Quem não o fez, sempre pôde aproveitar o exímio rol de interpretações, com especial destaque para os secundários Jeremy Piven e Eugene Levy, este último num desempenho brilhante, distante da personagem bacoca da saga “American Pie”. Se juntarmos à fórmula uma banda sonora agradável, estamos perante um daqueles filmes perfeitos para assistir com a alma gémea. Porque é sobre isso mesmo que “Feliz Acaso” trata.

sexta-feira, janeiro 09, 2009

As esculturas de Mark Newman


Impressionante a colecção de esculturas do desconhecido Mark Newman. Uma daquelas verdadeiras delícias ocasionais que se descobrem na deviantART, quase por acaso. A minha favorita é a acima exposta, mas são várias as que me deixaram boquiaberto. Resta a inveja e a recomendação de uma visita à galeria virtual de Newman.

quinta-feira, janeiro 08, 2009

IV Globos de Prata CN - Actriz Secundária


"Com um robusto elenco, liderado pelo semi-novato Casey Affleck, que com a sua voz enferrujada, quase grosseira para a sua idade, consegue dotar o filme de uma masculinidade e seriedade inesperada, tão refrescante como surpreendente, facultando ao espectador a noção de que o seu Patrick Kenzie fará frente ao mais aterrador e medonho rufia, e conferindo a necessária, senão mesmo fundamental credibilidade às suas opções filosóficas e morais posteriores, e alicerçado pela sagacidade do eterno Ed Harris e da admirável Amy Ryan - com uma prestação que de tão repugnante só pode ser qualificada como genuína e verosímil - "Vista Pela Última Vez" gera, com o seu desfecho bipolar, um debate provocador na consciência de cada um: o que faríamos se fôssemos nós?"

Trivialidade: Amy Ryan sucede a Tracie Thoms, vencedora da passada edição dos Globos de Prata CN nesta categoria.

quarta-feira, janeiro 07, 2009

terça-feira, janeiro 06, 2009

Black Christmas (2006)

Remake de um dos clássicos de terror dos anos setenta, “Black Christmas” narra a história de um grupo de estudantes universitárias do sexo feminino que partilham uma casa e que, misteriosamente, começam a ser assassinadas uma a uma na noite de Natal. Sem maneira de saírem de casa – as tempestades de neve vêm sempre a calhar nos planos malévolos de alguém - e desconfiando que a matança não deixará sobreviventes, resta agora unir forças e evitar males maiores.

A primeira questão que deve ser colocada é a razão pela qual a sinopse oficial portuguesa de “Férias Assombradas” desvenda no seu conteúdo todo o enredo – apesar de este ser insignificante – da fita, apresentando logo à partida elementos contextuais que só são fornecidos no filme perto do seu final. Felizmente, a irritação inicial causada por infeliz descuido técnico acaba por ser asfixiada pela inutilidade e imaturidade da realização de Glen Morgan – o mesmo de “Willard” -, que governa sem pés nem cabeça um guião anedótico, desleixado e preguiçoso, que gasta todos os seus trunfos na concretização de um par de cenas mórbidas e enjoativas. Estreado tal como o original na semana de Natal, “Black Christmas” foi certamente uma triste prenda mesmo para os mais fanáticos do género, compensada apenas pela interessante presença de Mary Elizabeth Winstead.

segunda-feira, janeiro 05, 2009

IV Globos de Prata CN - Poster



Trivialidade: Funny Games sucede a Captivity, vencedor da passada edição dos Globos de Prata CN nesta categoria.

domingo, janeiro 04, 2009

Darth Cruise


sábado, janeiro 03, 2009

Enciclopédia Guerra das Estrelas


"The Complete Star Wars Encyclopedia is a massive three book set, weighing in at nearly 11 pounds and over 1,200 pages in length. Scrupulously researched and written by leading authorities Stephen J. Sansweet, Pablo Hidalgo, Bob Vitas, and Daniel Wallace, each volume is filled with full color illustrations from over 30+ years of expanding Star Wars fiction — movies, television, novels, video games and much more."


“The Star Wars universe, much like our own, is constantly expanding. In the ten years since the publication of the Star Wars Encyclopedia, a lot has happened in that galaxy far, far away: four new feature films, a host of official original novels, comics, video games, and more. Now, thirty years of information on all things Star Wars–ranging from science and technology to history and geography, culture and biography to ecology and cosmology–has been supplemented with an entire decade’s worth of all-new material. Abundantly illustrated with full-color artwork and photos, and now in a new three-volume edition to accommodate its wealth of detailed entries, the Star Wars Encyclopedia encompasses the full measure of George Lucas’s creation.”