sexta-feira, fevereiro 28, 2014

Vencedores CCOP 2014


"O vencedor da Palma d'Ouro 2013, A Vida de Adèle: Capítulos 1 e 2 foi considerado o Melhor Filme do ano pelo Círculo de Críticos Online Portugueses. Na segunda edição dos prémios anuais do CCOP, o filme de Abdellatif Kechiche foi ainda premiado nas categorias de Melhor Argumento Adaptado e Melhor Actriz. Gravidade foi, no entanto, o filme mais premiado nos prémios CCOP 2014, num total de cinco galardões: Melhor Realizador, Melhor Sequência, Melhor Fotografia, Melhores Valores de Produção e Melhores Efeitos Especiais. Seguiu-se Django Libertado, com três prémios entregues nas categorias de Melhor Argumento Original, Melhor Actor Secundário e Melhor Elenco. Na categoria de Melhor Filme Português, o vencedor foi A Última Vez Que Vi Macau, da dupla João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata.

Fundado em Fevereiro de 2012, o Círculo de Críticos Online Portugueses é constituído por um grupo seleccionado de críticos online de cinema nacionais, cujos objectivos se centram na classificação mensal dos filmes estreados, de forma a produzir um conjunto de tops com oportunos dados estatísticos. Anualmente atribuem os Prémios CCOP que visam premiar os melhores filmes estreados comercialmente em Portugal durante o ano transacto.
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quinta-feira, fevereiro 27, 2014

Moda para 2014

quarta-feira, fevereiro 26, 2014

Prioridades

terça-feira, fevereiro 25, 2014

Robocop (2014)

2028. Em qualquer acção militar norte-americana no resto do mundo, robôs e drones com tecnologia de ponta da multinacional OmniCorp garantem uma eficácia irrepreensível com zero casualidades humanas indesejadas. Já nos Estados Unidos, uma lei votada no Senado proíbe o uso destas máquinas pelas forças de segurança internas, evocando faltar uma componente humana fundamental de raciocínio, compaixão e decisão em momentos que podem definir a vida ou a morte de um malfeitor. Pelo que, quando um polícia fica gravemente ferido após uma explosão, a OmniCorp encontra a solução ideal para resolver o seu problema e, numa jogada de marketing portentosa, criar um polícia cibernético invencível que mudará a opinião do público e pode abrir portas a uma mudança na lei e, consequentemente, muitos biliões nos cofres.

Reboot desnecessário do clássico de culto dos anos oitenta, o "Robocop" do brasileiro José Padilha ("Tropa de Elite") é uma tremenda desilusão, um Robofilme de estúdio completamente moldado para os milhões de um público alargado, com medo de correr riscos e prestar uma homenagem sincera ao original assinado por Paul Verhoeven. Ao Alex Murphy de Joel Kinnaman falta o carisma de Peter Weller, ao vilão de Padilha a raiva e o rancor de Boddicker, ao background futurista de Detroit a sujidade da distópica cidade que entranhava as personagens no hit de 1987. Mas, acima de tudo, e já que esta renovação artística se tenta meter por esses caminhos, falta-lhe saber conquistar o público emocionalmente; é, aliás, nessa vertente, um zero à esquerda, repleto de silêncios tão patéticos quanto desconfortáveis, fechando literalmente portas de betão em reencontros familiares e, inexplicavelmente, saltando e evitando cenas com potencial intrínseco para criar ligações fortes de afinidade com o espectador. Talvez não seja assim tão inexplicável: foi tornado público o descontentamento de Padilha com o estúdio por este o obrigar a alterar “nove em cada dez ideias que tinha”, tornando a realização deste “Robocop” a “pior experiência da sua vida”. Sem humor – o comic relief Jay Baruchel foi um tiro ao lado no casting -, sem reviravoltas na narrativa e visualmente tão competente quanto estandardizado pelos padrões recentes do género em Hollywood, salvam-se dois aspectos: a interpretação deliciosa de Oldman enquanto cientista em conflito interno e o facto de nem o público nem a crítica terem ficado a pedinchar por uma sequela. É que, morto ou vivo, eu não dava um dólar por ela.

segunda-feira, fevereiro 24, 2014

domingo, fevereiro 23, 2014

Harold Ramis (1944-2014)

sábado, fevereiro 22, 2014

Hollywood, de Edgar Pêra


Tenho mais de uma centena de livros de e sobre cinema nas estantes de madeira barata no sótão (a.k.a escritório) de minha casa. "Hollywood", de Edgar Pêra, não estará certamente entre os mais originais, os mais filosóficos, os mais intelectualmente estimulantes ou os mais técnicos da colecção. Mas é, verdade seja dita, um dos mais fáceis de ler aos soluços, entre intervalos de trabalho e insónias inconstantes, tão simples de resumir quanto interessante nas suas incontáveis curiosidades cinéfilas. "O Homem foi ao IMDB e junto uma mão-cheia de trivialidades lá presentes", disse-me um colega blogger na última gala dos TCN Blog Awards. Pois bem, "Hollywood" é muito mais do que isso.

Para começar, o cineasta português conduziu ele próprio várias pesquisas e entrevistas que levaram a revelações engraçadas, como as de Joaquim de Almeida sobre as diferentes cores dos guiões de 24 ou sobre a personalidade de Robert Rodriguez. Depois tudo é escrito com uma linguagem tão profissional - o Tendinha podia aprender qualquer coisa com Pêra - quanto divertida, com várias punchlines inteligentes a encerrarem regularmente cada parágrafo de curiosidades sobre os mais de cem anos da indústria de Hollywood. São poucas as que entram na nossa memória, mas muitas as que se revelam instantaneamente gratificantes para o cinéfilo de ocasião. A nível estrutural, excelente organização e sequência temática, bem como útil utilização dos negritos nos nomes das estrelas, que quase obrigam a saltar a vista de vez em quando para a página do lado para dar uma "rapidinha" nesta ou naquela história sobre um favorito do leitor. Já agora, sabiam que Jack Palance partiu o nariz a Marlon Brando? E que o patrão da MGM andou à pancada com Charlie Chaplin?

sexta-feira, fevereiro 21, 2014

Found Moe's @ Orlando

quinta-feira, fevereiro 20, 2014

Prémios CCOP 2014: Nomeados


"Com nove nomeações, Django Libertado é o filme mais nomeado de sempre na segunda edição dos prémios anuais do Círculo de Críticos Online Portugueses, que visam premiar os melhores filmes estreados comercialmente em Portugal durante 2013. A produção compete nas categorias principais de Melhor Filme e Melhor Realizador (Quentin Tarantino). A Propósito de Llewyn Davis, apesar de não estar nomeado como Melhor Filme, obteve oito nomeações, incluindo Melhor Realizador (Joel Coen e Ethan Coen). Seguem-se A Vida de Adèle: Capítulos 1 e 2 e Gravidade, ambos com seis nomeações, cada um. O primeiro compete nas categorias de Melhor Filme e Melhor Realizador (Abdellatif Kechiche). Na categoria de Melhor Filme Português, os nomeados são A Última Vez Que Vi Macau, A Batalha de Tabatô e É o Amor."

quarta-feira, fevereiro 19, 2014

White House Down (2013)

Um grupo paramilitar consegue tomar de assalto a Casa Branca – a culpa foi do sistema de cinema em casa do Presidente, que precisava de obras – e deixar toda uma nação, perdão, um planeta, subjugado à sua vontade, ou não tivesse o seu cabecilha tudo o que precisa em sua posse para dar início à Terceira Guerra Mundial. E, parece, nada pode ser feito para o travar que não coloque em risco a vida do grande Chefe. A não ser que John Cale, um segurança de um senador que por mero acaso encontra-se na Casa Branca para uma visita guiada com a filha, consiga sozinho salvar tudo e todos. Com muita pinta, de preferência.

Realizado pelo catastrófico Roland Emmerich, “Ataque ao Poder” (tradução não literal do título original que até se revela interessantemente adequada) é mais uma incursão do cinema de pipocas e dólares na fórmula “no brain required” presidencial: a) salvar o presidente; b) salvar crianças; c) salvar o mundo. O problema é que depois de tantos anos à espera de um sucessor cinematográfico digno para o John McClane da Nakatomi Plaza, do Washington Dulles Airport e da esplendorosa Manhattan, tanto Cale como Mike Banning (“Olympus has Fallen”) sabem a pouco, mesmo tendo um cenário de fundo capaz de suscitar interesse no mais desapaixonado crítico do Público. Tatum, ainda pior que Butler, não convence ninguém enquanto herói de acção, ainda que Foxx o faça muito menos no papel de Presidente “obamizado” dos EUA. O arco bélico aceita-se, Emmerich é competente a nível visual e a jovem Joey King um regalo de talento no meio de tanto piloto automático; tudo o resto é para esquecer.

terça-feira, fevereiro 18, 2014

Bad Ass Arnie!

segunda-feira, fevereiro 17, 2014

Scarface House @ Star Island, Miami

domingo, fevereiro 16, 2014

Mandela: Long Walk to Freedom (2013)

Baseado na autobiografia publicada em 1904 por Nelson Mandela, “Mandela: Longo Caminho para a Liberdade” é um retrato cinematográfico interessante e socialmente importante sobre a vida de um dos maiores ícones políticos e culturais do século XX. Inconstante na forma pouco ritmada como dá demasiada importância a assuntos triviais na juventude de Madiba e, pelo outro lado, como despacha narrativamente eventos marcantes da sua luta contra o Apartheid, o filme-documentário do britânico Justin Chadwick (“The Other Boleyn Girl”) perde-se na sua necessidade romântica e dramática de florear uma vida que merecia outro tratamento, mais áspero, mais rigoroso e menos condescendente. Ainda assim, sobra uma representação comercial justa de um homem que nunca foi o diabo que lhe pintaram quando o encarceraram durante quase três décadas nem o pacifista a todo o custo que a cultura popular mundial proliferou. Uma experiência educacional sobre um homem, marido, pai e político complexo, com merecido destaque para os papelões de Idris Elba e Naomi Harris, ao bonito som de “Ordinary Love”, dos U2.

sábado, fevereiro 15, 2014

Bad Words, Great Reviews.

sexta-feira, fevereiro 14, 2014

O homem que luta por outro é melhor do que aquele que luta por si próprio.

TCN 2013 na Revista Lux Woman - Fevereiro 2014


TCN 2013 na Revista Empire Portugal - Fevereiro 2014

quinta-feira, fevereiro 13, 2014

Os Favoritos de Kubrick... e vice-versa


Stanley Kubrick nunca foi fã de falar da sua própria carreira - contam-se pelos dedos as entrevistas que deu fora do âmbito das promoções quase que obrigatórias de lançamento dos seus filmes -, quanto mais do trabalho e engenho dos seus colegas de profissão. Mas, em meados de 2013, a conceituada British Film Institute investigou décadas de declarações do cineasta e daqueles com quem trabalhou e lidou regularmente para oferecer ao mundo uma lista com os filmes e realizadores favoritos do falecido mestre, escolhas essas que permitiram perceber um pouco melhor as influências e o percurso cinematográfico de Kubrick. Para tal, muito contribuiu uma publicação da sua filha Katharina Kubrick-Hobbs num fórum de newsgroups no final do século passado, alguns meses após a morte do pai que, escondido e esquecido nessa rede, revelava verdadeiras surpresas para milhares de seguidores. Entre elas, por exemplo, que Kubrick detestava o clássico “The Wizard of Oz”, mas tinha especial apreço por um filme com… Wesley Snipes no papel principal.

A LISTA OFICIAL

Estávamos em 1963 quando Stanley Kubrick revelou pela única vez na sua vida uma lista com o seu top 10 cinematográfico. Fê-lo para uma revista menor nos Estados Unidos da América, hoje extinta, chamada Cinemamagazine, e nela incluia clássicos de todos os géneros e feitios. A encabeçar a lista, “I Vitelloni” (1953), de Federico Fellini e “Wild Strawberries” (1958) de Ingmar Bergman, dois dos três realizadores a quem declarou admiração publicamente: “Acredito que Bergman, De Sica e Fellini são os únicos três cineastas no mundo que não são apenas oportunistas artísticos. Com isto quero dizer que eles não se sentam simplesmente à espera que apareça uma boa história para adaptar ao cinema. Eles têm o seu próprio ponto de vista, o qual é expresso vezes sem conta em cada um dos seus filmes, filmes estes que são escritos por eles próprios ou por alguém que faz esse trabalho a pensar nas suas formas de filmar”. Ainda sobre Ingmar Bergman, foi recentemente divulgada na internet uma “carta de amor” enviada por Kubrick ao sueco, na qual declara: “A sua perspectiva sobre a vida tocou-me profundamente, muito mais profundamente do que qualquer um dos filmes que já realizei. Acredito firmemente que você é o melhor realizador em actividade nos dias que correm”.

Na lista surgem ainda marcos hoje indiscutíveis da Sétima Arte como “Citizen Kane” (1941), de Orson Welles, “The Treasure of the Sierra Madre” (1948) de John Huston e “City Lights” (1931) de Charles Chaplin. Sobre este último, comentou uma vez: “Se algo de importante está a acontecer no ecrã, não é crucial a forma como essa cena é filmada. Chaplin tinha uma cinematografia tão simples, mas no entanto estávamos sempre hipnotizados pelo que estava a acontecer, completamente desfocados do seu estilo pouco cinematográfico. Ele usava frequentemente sets pobres e baratos, iluminação de rotina e por aí adiante, mas isso não o impediu de fazer grandes filmes. Filmes que provavelmente vão durar mais tempo na memória colectiva que os de outro [realizador] qualquer”.

A fechar o top 10, “Hell’s Angels” (1930) de Howard Hughes, “Roxie Hart” (1942) de William Wellman, “The Bank Dick” (1940) de W.C. Fields, “La Notte” (1961) de Michelangelo Antonioni e, finalmente, “Henry V” (1945), de Laurence Olivier. Curiosamente, Stanley Kubrick acabaria por trabalhar com este último nas filmagens de “Spartacus”, em 1959, onde Olivier interpretou o papel de Marcus Licinius Crassus. Mas foram as desavenças que teve com este aquando da pré-produção de “Lolita” que ficaram famosas. Na altura, o actor britânico foi o escolhido por Kubrick para o papel principal, mas quando este quis alterar algumas cenas e diálogos com os quais não concordava, Stanley negou-lhe a vontade e Olivier deu-lhe com os pés. Em carta escreveu-lhe: “Tendo escrutinado o livro intensamente durante a última semana, não me sinto preparado para entregar-me de corpo e alma a um tema que cria muitas dúvidas na minha mente. Não acredito que os pormenores descritivos do livro sejam adaptáveis ao cinema e tenho medo que a história seja reduzida a um nível pornográfico, pelo que não consigo garantir-te que aceite fazer parte de tudo o que me peças durante as filmagens. Repleto de admiração pelo livro, temo que a minha fé na sua adaptação cinematográfica esteja algo tremida”.

A LISTA NÃO OFICIAL

Foi em Setembro de 1999, seis meses após a morte inesperada do realizador - vítima de uma ataque cardíaco fulminante enquanto dormia - que a sua filha Katharina Kubrick-Hobbs publicou no grupo alt.movies.kubrick, nas então em voga newsgroups, uma publicação na qual respondia a vários utilizadores que questionavam-se entre si quais os filmes favoritos do norte-americano. Escreveu: “Ele amava o Cinema. Ponto Final. Claro que os grandes realizadores que este grupo tão bem conhece também eram apreciados pelo Stanley. Mas ele via de tudo. Até os maus filmes têm bons momentos, ou cenas particularmente bem filmadas. Mas parece haver aqui um desejo partilhado esquisito para que haja uma lista de algo; dos melhores, dos piores, dos mais aborrecidos etc. etc. Não vos consigo satisfazer nessas listas, mas posso-vos dizer alguns filmes que sei que o meu pai gostava”.

E disse. Ao fazê-lo, revelou obras que nunca ninguém havia imaginado que um erudito como Kubrick pudesse sequer ter visto, quanto mais apreciado. Entre elas, talvez a mais surpreendente revelação foi “White Men Can’t Jump” (1992), de Ron Shelton, com Wesley Snipes e Woody Harrelson nos principais papéis, numa história que envolvia duelos raciais, comédia e basquetebol. O seu fã Sidney Lumet (“cada mês que Kubrick não está a fazer um filme é uma grande perda para a humanidade”) também estava representado com “Dog Day Afternoon” (1975), bem como “An American Werewold in London” (1981) de John Landis, “Metropolis” (1926) de Fritz Lang ou “The Fireman’s Ball” (1967) e “One Flew Over the Cuckoo’s Nest” (1975), ambos de Milos Forman. Sem querer que estas escolhas fossem analisadas muito a sério, pois o seu pai gostava dos filmes de acordo com critérios pessoais específicos e Katharina apenas lembrava-se de alguns exemplos, a filha do conceituado realizador referiu ainda mais uma mão cheia de obras: “Beauty and the Beast” (1946), “Closely Observed Trains” (1966), “The Godfather” (1972), “Spirit of the Beehive” (1973), “Texas Chainsaw Massacre” (1974), “Abigail’s Party” (1979) e, por fim, “Silence of the Lambs” (1991). Num tom irónico, Katharina termina a lista com o único filme que sabia que o seu pai odiava a sério: “The Wizard of Oz”, clássico de 1939. No mínimo, inesperado.

E OS KUBRICKS FAVORITOS DOS OUTROS?

No final dos anos noventa do século passado, ainda antes da estreia de “Eyes Wide Shut”, a revista francesa “Positif” perguntou a dezenas de conceituados realizadores qual ou quais os filmes de Stanley Kubrick que mais os haviam influenciado. “2001: Odisseia no Espaço” foi claramente a obra mais referenciada, tendo sido a escolha de homens de barba rija como Emir Kusturica, Mike Leigh e Sidney Lumet, entre muitos outros. Woody Allen e Clint Eastwood foram alguns dos que preferiram “Paths of Glory”, sendo que Jean Pierre-Jeunet, Philip Kaufman e Roman Polanski, este último considerado um dos mais próximos amigos de Kubrick, escolheram o polémico e ultra-violento “A Clockwork Orange”. Francis Ford Coppola e Oliver Stone ficaram-se pelo genialmente satírico “Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb”, sendo que Sydney Pollack e Martin Scorsese, este um dos maiores admiradores de Kubrick e possivelmente aquele que mais elogios públicos dedicou ao realizador, decidiram-se pelo histórico “Barry Lyndon”. Curiosa foi a resposta ao inquérito de William Friedkin: "o meu filme favorito de Kubrick são os primeiros quarenta minutos de “Full Metal Jacket”". Querem ver que os restantes minutos foram exorcizados?

Nota: Artigo publicado originalmente na Take 35 - Kubrick.

quarta-feira, fevereiro 12, 2014

Promete. Muito.

terça-feira, fevereiro 11, 2014

Shirley Temple (1928-2014)

I stopped believing in Santa Claus when I was six. Mother took me to see him in a department store and he asked for my autograph.

segunda-feira, fevereiro 10, 2014

Oblivion (2013)

Em 2073, o nosso planeta é uma miragem do que um dia foi. Destruída há mais de meio século por um ataque alienígena, a Terra está moribunda e os humanos que sobreviveram vivem agora no espaço em colónias espaciais altamente desenvolvidas. Do nosso planeta, restam recursos naturais importantíssimos como a água, salvaguardados por drones cuja manutenção está a cargo do engenheiro Jack Harper (Tom Cruise). Quando este encontra uma jovem (Olga Kurylenko) que lhe traz recordações dispersas de um passado longínquo, bem como um grupo de sobreviventes humanos rebeldes liderado por Malcolm (Morgan Freeman), que recusam-se a abandonar o nosso planeta, tudo o que pensa que sabe sobre os seus superiores e a história de destruição da Terra fica em cheque. Será Jack apenas mais um peão num tabuleiro manipulado pelo inimigo?

Triunfo mais técnico do que propriamente filosófico, “Oblivion” não deixa ainda assim de conseguir surpreender o espectador a nível narrativo, com um par de reviravoltas no mínimo interessantes e inesperadas. Prova de como é possível intrometer efeitos especiais computorizados de alto calibre em cenários reais, com resultados práticos irrepreensíveis a nível visual, a segunda experiência na cadeira de realizador do promissor Joseph Kosinski (“Tron: Legacy”) confirma a ideia inicial de que este será um nome a seguir com muita atenção nas próximas décadas no panorama da ficção científica cinematográfica. Kosinski faz com que o artificial pareça constantemente real e mostra que Tom Cruise, enquanto estrela de acção, continua dentro do prazo de validade. Faltou algum desenvolvimento intrínseco a personagens secundárias chave, mas não é por isso que “Oblivion” deixa de merecer o rótulo de sci-fi com cérebro. E músculo, para agradar a todos.

domingo, fevereiro 09, 2014

A primeira vez de Leno

sábado, fevereiro 08, 2014

O dia em que Jay Leno apontou-me o dedo.


Jay Leno despediu-se esta semana do "The Tonight Show" da NBC, o talk-show televisivo de maior sucesso na história da televisão norte-americana, no ar desde 1954 e no qual Johnny Carson (1962–1992) tornou-se uma lenda. Vinte e dois anos depois de substituir Carson, Leno, de 63 anos, dá o lugar a Jimmy Fallon, de 39. As audiências falam mais alto e Leno percebeu que, mesmo não lhe apetecendo muito, o melhor era sair pela porta grande por iniciativa própria, evitando assim mais uma polémica como a que aconteceu em 2009, quando cedeu o lugar durante alguns meses a Conan O'Brien.

A minha relação com Jay Leno foi tudo menos pacífica. De seguidor incondicional após a sua "estreia" na SIC Radical a principal defensor da Team CoCo na altura do seu conflito de horários com Conan O'Brien, foi um ápice. Em forma de protesto - e também por desinteresse -, deixei de o acompanhar. Até ao dia 27 de Fevereiro de 2012, um dia após "O Artista" ter ganho o Óscar para Melhor Filme, em que fui um dos duzentos e muitos, talvez trezentos e poucos, que fizeram parte da sua plateia nos estúdios da NBC em Los Angeles, num programa onde Leno contou com a presença de Michel Hazanavicius, vencedor do galardão para Melhor Realizador e da não tão escaldante ao vivo Megan Fox, na altura a promover qualquer coisa que, fiquei com a impressão, nem a própria sabia bem o que era.

As live-recodings começavam às 15:30, hora da costa ocidental norte-americana, cerca de trinta minutos antes do "The Tonight Show" ir para o ar na costa este. A razão dessa diferença de meia hora é simples: colocar os "piiiiisss" sobre eventuais palavrões que custam milhares à NBC em horário nobre, bem como ter margem de manobra suficiente para colmatar algum problema técnico com as filmagens ou com o som em estúdio. Tudo isso é explicado quando nos sentamos nos nossos lugares, todos eles escolhidos a dedo por assistentes de produção, que espalham homens e mulheres, jovens e idosos, bem-vestidos e mal-trapilhos, bonitos e feios de forma harmoniosa pela filas e pelos sectores, de modo a que aparecem quem querem com maior pormenor lá em casa. Escusado será dizer que, personagem completamente desinteressante que sou, fui parar à penúltima fila.

Mas vamos com calma: antes disso, três horas numa fila, sob um sol abrasador, para garantir a entrada. Os bilhetes são pré-reservados no site da NBC com alguns meses de antecedência, mas vendidos em overbooking de vinte a trinta porcento de modo a garantir que eventuais "no-shows" não deixam o estúdio com cadeiras vazias. Sendo semana dos Óscares, e estando presente tanta gente de fora na cidade, era quase certo que ninguém ia faltar. Logo, as entradas eram asseguradas por ordem de chegada. Fui o septuagésimo sétimo.

Lá dentro, é impressionante como tudo é muito mais pequeno do que parece na televisão. Da secretária de Leno ao palco musical, do estúdio ao próprio Jay Leno, percebe-se rapidamente que a televisão é uma grandessíssima aldrabona. No bom sentido. Faltava vinte minutos para começar quando Leno, ele próprio, aparece off-the-record para cumprimentar a audiência. De calças e camisa de ganga, mono-cor, com uns sapatos velhos. Sem maquilhagem. Vem agradecer a todos a presença no estúdio, arranca umas gargalhadas de ocasião com um pedido para nos rirmos durante o directo para ver se a NBC não corre com ele e lança uma pergunta para a plateia: quem veio de mais longe para o ver. "Japão", diz uma. "França", diz outro. "Suécia" grita uma loira. "Portugal", berro eu. "Portugal", diz Leno, apontando para mim. "Nice", murmura antes de passar para outro idiota qualquer nas bancadas. Um simples apontar de dedo e senti-me especial. Não é em todas as encarnações que uma estrela deste calibre nos aponta o dedo e dirige uma palavra. Literalmente, apenas uma.

E, de repente, esqueci-me do Conan, esqueci-me das polémicas, esqueci que o Craig Ferguson para mim era o melhor de todos, porra, esqueci-me até de olhar para as pernas da Megan Fox quando passou com uma equipa inteira de managers atrás. Naquele momento, o Jay Leno era o melhor do mundo. Tudo porque apontou-me o dedo. Daí para a frente, tornou-se tudo enevoado: lembro-me do divertidíssimo sketch de after-party dos Óscares, lembro-me de achar piada ao facto de, nos intervalos, tanto Leno como os convidados passarem o tempo todo a ler o guião do que vem a seguir, para não se esqueceram das piadas previamente combinadas e, acima de tudo, lembro-me de tirar uma fotografia com o simpático e humilde Hazanavicius. Mas o melhor ficou para o final e, ainda hoje, enquanto escrevo estas memórias da minha história com o homem que durante vinte e dois anos liderou as audiências dos talks-shows nos Estados Unidos da América, faz-me companhia: a caneca do "The Tonight Show". Usada apenas em momentos especiais. Como este. Até sempre Jay.

sexta-feira, fevereiro 07, 2014

Aaron Sorkin on Seymour Hoffman

And he said this: “If one of us dies of an overdose, probably 10 people who were about to won’t.” He meant that our deaths would make news and maybe scare someone clean. So it’s in that spirit that I’d like to say this: Phil Hoffman, this kind, decent, magnificent, thunderous actor, who was never outwardly “right” for any role but who completely dominated the real estate upon which every one of his characters walked, did not die from an overdose of heroin — he died from heroin. We should stop implying that if he’d just taken the proper amount then everything would have been fine. He didn’t die because he was partying too hard or because he was depressed — he died because he was an addict on a day of the week with a y in it. He’ll have his well-earned legacy — his Willy Loman that belongs on the same shelf with Lee J. Cobb’s and Dustin Hoffman’s, his Jamie Tyrone, his Truman Capote and his Academy Award. Let’s add to that 10 people who were about to die who won’t now.

quinta-feira, fevereiro 06, 2014

CCOP - Top 10 de 2013

O Círculo de Críticos Online Portugueses atribuiu a Antes da Meia-Noite a melhor classificação do ano, entre todos os filmes estreados comercialmente em 2013 e votados pelos membros. O filme recebeu a nota de 8,82; uma nota ligeiramente inferior ao primeiro classificado de 2012: Tabu (com 8,89). Em segundo lugar segue-se Temporário 12 com 8,70; enquanto que A Vida de Adèle: Capítulos 1 e 2 finaliza o pódio, com a nota média de 8,58. Histórias Que Contamos, na quarta posição, é o documentário com a melhor pontuação de sempre entre o CCOP (8,57 em comparação com os 7,80 de Shut Up and Play the Hits - O Fim dos LCD Soundsystem, o ano passado). Rugas surge na quinta posição: com a nota de 8,50 é o filme de animação melhor classificado (ParaNorman conseguiu, em 2012, a nota de 7,57), sendo também o filme de produção espanhola com melhor classificação. Este ano, A Última Vez Que Vi Macau é o único filme português que figura no TOP 50 do CCOP.

10. Não, de Pablo Larraín | 8,31
9. O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho | 8,33
7. O Passado, de Asghar Farhadi | 8,38
7. Para Lá das Colinas, de Cristian Mungiu | 8,38
6. A Propósito de Llewyn Davis, de Joel Coen e Ethan Coen | 8,42
5. Rugas, de Ignacio Ferreras | 8,50
4. Histórias Que Contamos, de Sarah Polley | 8,57
3. A Vida de Adèle: Capítulos 1 e 2, de Abdellatif Kechiche | 8,58
2. Temporário 12, de Destin Cretton | 8,70
1. Antes da Meia-Noite, de Richard Linklater | 8,82

quarta-feira, fevereiro 05, 2014

Comic Con chega a Portugal

"Intitulada como Comic Con Portugal, a convenção de cultura popular já tem data de realização em Portugal. Com foco em temas como banda desenhada, anime, manga, jogos, cinema, cosplay e filmes, a Comic Con Portugal terá lugar no Porto, nos dias 5, 6 e 7 de Dezembro. Sob a organização da CITY - CONVENTIONS IN THE YARD, a Comic Con Portugal representa um dos maiores eventos de Cultura Pop do mundo. A Comic Con Portugal irá realizar-se na EXPONOR em Matosinhos. Para o primeiro evento, a CITY tem como objectivo atingir a meta de 20 mil participantes na Comic Con Portugal. A primeira edição da Comic Con foi realizada em 1970 em San Diego, na Califórnia, EUA. A fama do evento ultrapassou fronteiras tendo chegado a países como Japão, Inglaterra, França, India e agora em Portugal!" [Biovolts]

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terça-feira, fevereiro 04, 2014

The Hunger Games: Catching Fire (2013)

Depois de vencerem os septuagésimos quartos Jogos da Fome, Katniss Everdeen e Peeta Mellark são estrelas do regime, verdadeiros ícones domados e obrigados pelo sistema a espalhar o medo e a falsa felicidade pelos doze reprimidos distritos. E, apesar de tudo isto, são eles também o símbolo da revolta e da esperança de um povo, graças à forma como manipularam a organização do temível evento aquando da sua participação. Apercebendo-se disso, o Capitólio decide preparar uma edição muito especial dos Jogos da Fome, uma em que ex-vencedores irão competir entre si, colocando assim as vidas de Katniss e Peeta em risco.

Realizado pelo austríaco Francis Lawrence ("Constantine" e "I am Legend"), "Os Jogos da Fome: Em Chamas" faz tudo certo enquanto sequela: reconhece e replica o que foi bem feito no primeiro capítulo cinematográfico da saga literária de sucesso, oferece informação importante suficiente sobre o passado dos personagens a quem não se lembra muito bem da história e dá tempo à narrativa para construir uma base sólida com detalhes e pormenores muitas vezes olvidados na transição do papel para a imagem. Dito isto, enquanto filme isolado, sou dos poucos que o considero ligeiramente inferior ao exercício de Gary Ross, muito mais complicado por todas as dinâmicas que teve de criar do zero e pela brilhante introdução que fez ao espectador ignorante de um universo difícil de assimilar visualmente e conceptualmente. De resto, uma excelente escolha de novo elenco - de Finnick a Johanna - e a confirmação daqueles que já haviam brilhado no passado, fazem deste "The Hunger Games: Catching Fire" um segundo prato suficientemente leve e temperado para deixar espaço para uma dupla sobremesa que promete deixar muito boa gente com diabetes. O grande enigma do momento é saber o que será feito da personagem de Phillip Seymour Hoffman, agora que o talentoso actor nos abandonou.

segunda-feira, fevereiro 03, 2014

Espero estar enganado mas...

Com o elenco que anda a ser revelado aos poucos, cheira-me que "Batman vs. Superman" pode muito bem tornar-se o próximo "Batman & Robin". Mas o melhor é estar calado que ainda se lembram de ir buscar o Schwarzenegger ou o Clooney para algum papel.

domingo, fevereiro 02, 2014

sábado, fevereiro 01, 2014

Kubrick, o Pioneiro Tecnológico

Foram várias as inovações tecnológicas na indústria cinematográfica catapultadas pela vontade, empenho e perfeccionismo de Stanley Kubrick em obter o plano perfeito ou a luz ideal para cada um dos infindáveis takes de cada cena de cada um dos seus filmes. Sim, o realizador nova-iorquino era um perfeccionista como poucos e são várias as histórias em torno das suas necessidades especiais de equipamento para filmar cenas ou cenários aparentemente banais. E foi, entre a sua teimosia e a longa pesquisa e preparação que orquestrava para cada um dos seus filmes, com faxes e chamadas telefónicas directas para as empresas do ramo (nem a NASA escapou), que Kubrick permitiu que se desenvolvessem e credibilizassem técnicas artísticas e equipamentos de ponta que ainda hoje são usados na Sétima Arte um pouco por todo o mundo. A Take apresenta-lhe cinco delas e desmistifica aquela que provavelmente é-lhe atribuída mais vezes… sem razão ou mérito.

PROJECÇÃO FRONTAL

Foi em “2001: Odisseia no Espaço” que a técnica de Projecção Frontal foi utilizada pela primeira vez em grande escala numa produção cinematográfica. Usada na altura apenas no panorama televisivo - em que as diminutas dimensões do ecrã permitiam esconder pequenos defeitos - e aplicada principalmente por fotógrafos, que conseguiam numa fotografia ocultar as sombras derivadas da projecção, graças a um posicionamento estratégico do fotógrafo, a Projecção Frontal adicionou uma dimensão ultra realista a algumas cenas filmadas em estúdio, que previamente pareciam sempre falsas - quem não se lembra das perseguições automóveis em que o volante quase não mexe mas a projecção de retaguarda da parte traseira do carro oscila a uma velocidade alucinante, entre curvas e contracurvas, numa qualidade de imagem ranhosa. Com esta técnica, Kubrick conseguiu que um homem primitivo parecesse estar mesmo numa planície africana quando, na verdade, estava num estúdio, revolucionando a indústria e provando que tal técnica era viável para a Sétima Arte. Nada fácil de gravar, é verdade - ângulos exactos precisam de ser respeitados nas filmagens, de modo a obter as sombras perfeitas na reflexão dos actores na projecção, garantindo assim a dimensão realista e não fabricada na tela -, mas possível e com resultados brilhantes.

CONTROLO DE MOVIMENTOS

Kubrick mandou construir um equipamento especial de motion control, nunca antes feito, para as filmagens de “2001: Odisseia no Espaço”. Esse equipamento baseava-se num sistema robotizado de movimentos da máquina de filmar, que permitiam que exactamente o mesmo movimento, sem qualquer margem de desvio, pudesse ser replicado em todos os takes ou, principalmente, nas filmagens posteriores feitas para adição e tratamento de efeitos especiais. Na altura, não existiam computadores suficientemente desenvolvidos que permitissem esta mestria e perfeccionismo à equipa de efeitos especiais, pelo que a construção deste modelo robotizado quase arcaico, mas eficaz, resultou da mesma forma que nos dias que correm, onde um simples programa informático ou computador embutido nos equipamentos de filmagem permite fazer igual.

MERCHANDISING NO ECRÃ

Nos dias que correm, o chamado “product placement” dita quase o “mise en scene” de qualquer blockbuster de Hollywood. Mas em 1968, esse era um conceito completamente desconhecido e foi Stanley Kubrick o primeiro a fazer algo semelhante quando, no seu “2001: Odisseia no Espaço”, promoveu algumas empresas de forma propositada durante a narrativa, com logotipos de companhias como a IBM, a Pan-Am, os Hotéis Hilton ou a Bell Telephones a aparecerem sem qualquer censura ou cuidado na grande tela. O objectivo deste “on-screen Merchandising”, afirmou Kubrick, era tornar um mundo e ambiente cinematográfico de ficção científica muito mais familiar, plausível e credível para o espectador. Se com isso teve algum retorno financeiro, como acontece nos dias de hoje, não se sabe. A verdade é que o que na altura foi criticado devido ao seu impacto comercial desonesto, hoje é uma necessidade da indústria, algo recorrente e fundamental para financiar muitos orçamentos. Outra verdade indiscutível, é que a IBM arrependeu-se da “parceria”, pedindo à MGM que retirasse posteriormente várias referências visuais ao seu logo do filme, defendendo-se que não tinha percebido que seria aquela ideia demoníaca em torno do HAL que seria atribuída aos computadores. Irónico, não é?

FILMAR À LUZ DAS VELAS

Antes de “Barry Lyndon” em 1975, o problema de filmar à luz das velas nunca tinha sido resolvido. Nenhuma lente na altura tinha capacidade suficiente para conseguir filmar com qualidade aceitável um plano em que não houvesse nenhum outro ponto de luz que não o de uma vela acesa. Até que Kubrick, perfeccionista como era conhecido, e decidido a filmar uma cena à luz das velas sem qualquer tipo de luz artificial, descobriu uma lente desenhada e fabricada pela Zeiss especialmente para a NASA, agência esta que a usava (e ainda usa) em satélites para fotografias no espaço. Com uma velocidade de fO.7 - 100% mais rápida que a lente cinematográfica mais potente da altura -, existem ainda hoje apenas dez exemplares desta lente no mundo, sendo que seis pertencem à NASA, três foram vendidas a Kubrick ao longo da sua carreira e uma está na posse da Zeiss. Foram várias as modificações que o realizador fez à lente para a adaptar ao seu material cinematográfico, mas os resultados não deixaram de ser impecáveis. Tão soberbos que Kubrick… conseguiu uma patente na adaptação da lente aos equipamentos cinematográficos, tornando a técnica impossível de ser replicada por outros realizadores. E é essa uma das razões pouco conhecidas porque nenhum outro produtor de um drama histórico, tão em voga nos anos 80 e 90 do século passado, encomendou nenhuma lente do género à Zeiss.

IDEALIZAR UM FILME A PENSAR NA STEADICAM

Não, não foi Stanley Kubrick o primeiro a usar a agora famosa Steadicam no cinema. Esse mérito pertence ao já falecido Hal Ashby, que em 1976 a estreou em “Bound for Glory”, filme no qual David Carradine entrou na história ao inaugurar a tecnologia numa cena em que sai de um camião e passa por cerca de novecentos “extras”, contratados unicamente para esta sequência que, mesmo sem grande importância narrativa, tornou-se célebre na Sétima Arte e levou a uma vitória de um Óscar para Melhor Cinematografia. Mas foi “The Shining” o primeiro projecto que não seria nada do que acabou por ser sem a utilização deste aparelho então revolucionário. Decidido a filmar todas as cenas tal como as tinha imaginado, Kubrick contratou o inventor da Steadicam, Garrett Brown, para o projecto e obrigou o estúdio a pagar uma pipa de massa ao cinematógrafo para que este desenhasse e construísse modificações especiais nas camaras, de modo a permitir sequências movimentadas memoráveis como a que, em “low mode” - adaptação inventada de propósito para o take do triciclo de Danny -, tornou-se aquela que é, ainda hoje, uma das imagens de marca do filme passado no Overlook Hotel.

O QUE KUBRICK NÃO INVENTOU

É chavão comum ler e ouvir milhares de cinéfilos em todo o mundo atribuírem a Stanley Kubrick o título de “pai” da utilização de música clássica no cinema, culpa óbvia do impacto e efeito que a mesma teve em “2001: Odisseia no Espaço”. No entanto, aí o realizador norte-americano não foi pioneiro; antes dele já nomes grandes como Luis Buñuel em “Um Chien Andalou” (1929) ou Robert Bresson em “A Man Escaped” (1956) o haviam feito - apenas para citar alguns. Kubrick também não foi o primeiro, como alguns afirmam, a ter independência total dos estúdios para editar os seus filmes.

Nota: Artigo publicado originalmente na Take 35 - Kubrick.