
Michael (Zach Braff “
Scrubs”) está a um mês do seu trigésimo aniversário e tem tudo o que sempre quis – incluindo a sua namorada de infância, Jenna (Jacinda Barrett “
Poseidon”). Mas quando ela engravida, Michael receia que a sua relação se torne numa pena perpétua de obrigações e rotinas. Assustado e indeciso, conhece Kim (Rachel Bilson “
The O.C”), uma jovem estudante sensual e descontraída, que personifica toda a espontaneidade que falta na sua vida. Uma história que nos relata e descreve a vida sentimental de um grupo de grandes amigos, em que o amor, o casamento e o compromisso ameaçam tornar jovens adolescentes em homens adultos.
Da co-autoria de Paul Haggis, escritor multi-galardoado por “
Crash” ou “
Million Dollar Baby”, “
O Último Beijo” é uma adaptação inteligente, divertida e penetrante de uma obra que só interessa ao espectador mais dotado de inteligência emocional e experiência relacional. Isto porque é um filme que, com os demais exemplos interpessoais que cada um dos casais representa, engendra e engenha um processo de identificação da testemunha do acto com o sujeito do “crime”. Desta forma, não será tarefa árdua compreender que “
The Last Kiss” não deve ser visto com “a outra metade”, de forma a evitar um percurso de caminhos inevitáveis de confronto e comparação, que certamente levantarão as mais desairosas questões.
E desengane-se quem pensa que “
O Último Beijo” é uma comédia romântica, tal como vem apelidado nas sinopses de jornais e revistas, e como aliás, o próprio título parece indicar. É sim, um drama intenso, com toques aqui e ali de comédia – quase todos de Braff -, que explora de forma quase irrepreensível e imaculada a peculiar ignorância que cada um de nós absorve durante a nossa juventude/maturação sobre aquilo que realmente importa nas nossas vidas. De forma pungente e compassiva, com coração, alguns sorrisos e um elenco sólido e sumptuoso, onde naturalmente Zach Braff merece especial destaque. Uma fita cinematográfica cheia de intenção, com uma narrativa reconhecida em centenas de outras películas – mas que mesmo assim triunfa de forma original - e que certamente irá suscitar opiniões e avaliações extremistas. Para uns será comovente e dolorosamente real. Para outros, não será nada mais do que hora e meia de acção insuportável e extremamente aborrecida. A Arte a imitar a Vida tal como ela é.