domingo, julho 31, 2022

Une corde un Colt... (1969)

Tragédia de Shakespeare em forma de western spaghetti... francês. Que misturada improvável, que pedaço maravilhoso de cinema no seu estado mais puro. Vingança em modo catártico, num ciclo vicioso que nunca termina, constantemente a golpear valores morais na magnitude dos seus silêncios. Trabalho de excelência de Robert Hossein, tanto na realização como na pele áspera e nas expressões faciais e corporais do seu Manuel, o herói cinéfilo que eu precisava e não sabia. Uma sequência maravilhosa de quase dez minutos numa aldeia fantasma sem uma única palavra disparada, que culmina num frente-a-frente de olhares entre Manuel e Maria (Michèle Mercier), qual duelo repleto de histórias e arrependimentos. Fatalismo, o fim de uma era, a homenagem a um género e a um realizador que tanto admirava - há quem diga que Leone acabou mesmo por gravar uma das cenas-chave do filme. Intensidade emocional, complexidade motivacional, deleite visual. Sabe tão bem descobrir pela primeira vez uma obra-prima.

sábado, julho 30, 2022

Lydia Tár

sexta-feira, julho 29, 2022

In the Mood for Love (2000)

Vou calçar as pantufas, que estou prestes a pisar gelo fino. Cinematografia audaz, visuais exuberantes. Finito... quizás, quizás, quizás. História sem chama, repetitiva no seu anti-espaço - até nas duas músicas que começam por cativar o ouvido e acabam, após tão aleatória e consecutiva utilização, por impacientar -, supérfluo nos seus slow motions, cansativo e entediante na sua navegação desorientada entre as escolhas que não são feitas - por vergonha, por não quererem cometer os mesmos pecados do que os seus cônjuges - e as palavras que não são ditas. Estilo de edição que não funcionou comigo - os cortes súbitos rasgaram constantemente a imersão na paixoneta proibida destes dois acanhados - e um final muito trapalhão, distante no tempo e em dessintonia com todo o "mood" do filme de Wong Kar-wai. Já sei, não precisam de dizer, o burro sou eu.

quinta-feira, julho 28, 2022

Oh, we can be heroes

quarta-feira, julho 27, 2022

Charade (1963)

Como que um Hitchcock com distúrbios de personalidade, perdido entre o mistério whodunnit que nos agarra e a sua própria satirização. O thriller que se molda em todos os trejeitos habituais de uma qualquer comédia romântica, perdendo-se na estranha combinação entre dois nomes superlativos da grande tela, que brilham como poucos a sós mas que aqui parecem atrapalhar-se quase sempre que se aproximam. Culpa talvez da própria construção das suas personagens - a de Hepburn começa forte e independente, fragilizando-se inexplicavelmente sempre que a de Grant lhe lança um olhar -, que parecem nunca saber em que tipo de filme estão. É para ser charmoso ou perigoso? Femme fatale ou tontinha apaixonada? Tão baralhados como nós, chegamos ao fim, reviravolta atrás de reviravolta, com o único desfecho que restava. O Pimentinha tirou-lhe logo a pinta.

terça-feira, julho 26, 2022

Taylor Sheridan vibes

segunda-feira, julho 25, 2022

domingo, julho 24, 2022

Michael K. Williams one last time

sábado, julho 23, 2022

Guess Who’s Coming to Dinner (1967)

Existem poucos momentos tão satisfatórios e deliciosos na história do cinema como aquele em que a Katharine Hepburn despede a sua "amiga" racista. Numa época em que o casamento interracial era proibido em dezassete estados norte-americanos e o país fervilhava em torno do racismo instalado na sociedade - Martin Luther King haveria de ser assassinado no ano seguinte -, o filme de Stanley Kramer é uma aula de tom leve e descontraído - mas peito cheio, o peito de Poitier - sobre quase tudo: racismo, valores culturais, hipocrisia liberal, relações amorosas e familiares, misoginia, entre tantos outros assuntos sociais tão relevantes quanto fracturantes. Serviço público especialmente então - mas infelizmente ainda agora também -, numa masterclass de harmonia e empenho cativante de todo um elenco, que conquista o público nas palavras de Spencer Tracy - o seu último filme -, nas lágrimas contidas de Hepburn, no virtuosismo inocente de Katharine Houghton - a filha perfeita - e, por fim, claro, na coragem sensata de Poitier. Tão importante na sua mensagem, que se perdoa aquela dança completamente despropositada do rapaz do talho. Reviravolta das reviravoltas? Nunca vemos sequer o jantar.

sexta-feira, julho 22, 2022

I Just Love Bad Bacon

quinta-feira, julho 21, 2022

The Spy Who Loved Me (1977)

Rapaziada nova: esqueçam o triplo X de Vin Diesel. A agente XXX que interessa apareceu nos anos setenta: a estonteantemente bela Barbara Bach na pele da Major Amasova do KGB. Cooperação "estreita" numa relação de constante amor-ódio com o comandante mais atiradiço do MI6. Tão atiradiço que atirou a matar no grande amor de Amasova logo a abrir o filme, numa ousada sequência de ski com paraquedas ao barulho. Narrativa muito mais madura, com um enredo mais sério de espionagem e melhor equilíbrio entre géneros, tornando-o, muito provavelmente, no menos pateta dos capítulos Bond de Moore. Cenografias arrojadas, gadgets que nunca mais acabam - o icónico Lotus branco que se transforma em submarino/barco -, a primeira aparição de Jaws, uma Bond Girl usada com respeito - e igualdade - numa dinâmica de espiões e não meramente como objecto de desejo e sedução, o Nilo e as pirâmides de Gizé e, por fim, Stromberg, vilão "da Atlântida" de recursos infinitos, dono e senhor de um dos mais deliciosos headquarters de toda a saga. Alguns espinhos: a necessidade incompreensível de usar slow motion no laboratório do Q, a batalha final entre tripulações, a luta muito mal coreografada com Sandor e o quase total desprezo por essa entidade chamada... Moneypenny. E os Açores? Coitados, ainda hoje estariam a sofrer as consequências daquelas explosões nucleares no meio do Atlântico.

quarta-feira, julho 20, 2022

Pau Feito: Chapter IV

terça-feira, julho 19, 2022

LA 92 (2017)

Documentário muito focado e factual, sem opiniões no presente distorcidas pelo tempo e por uma nova percepção da situação e do contexto quinze anos depois. Não, recorrendo unicamente a imagens de arquivo - de fontes noticiosas e dispositivos caseiros -, concentramo-nos só e apenas no que aconteceu, seguimos a linha temporal das ocorrências prévias que fizeram escalar a tensão racial e, por fim, sofremos com a forma completamente desumana em como quase toda uma comunidade perde a razão, atacando - alguns casos até à morte - cruelmente inocentes, pilhando lojas indiscriminadamente, pegando fogo e destruindo tudo o que estava à mão. Uma nação perdida e desorientada, que tende a repetir os mesmos erros e as mesmas injustiças de forma cíclica. O problema não está (apenas) nas forças policiais: o problema é transversal aos tribunais e, facilmente, a metade da população de um país que se julga moralmente superior a tantos concidadãos que não se enquadram nos seus moldes conservadores. Perturbador.

segunda-feira, julho 18, 2022

Con Air (1997)

Se eu vos disser que a estrela deste "Con Air" é o John Malkovich e não o Nicolas Cage, continuamos amigos? Pior que o "Cyrus the Virus" só o COVID. Que outro vilão seria capaz de apontar uma arma a um coelho de peluche? Elenco do camandro - Cusack, Buscemi, Trejo, Rhames, Chappelle e dois que estimo muito que poucos reconhecerão pelo nome: Gainey e Meaney -, acção palpável, one-liners deliciosas, energia e ritmo constantemente no limite, enfim, a saudosa Hollywood de alta rotação e cheiro a querosene que haveria de morrer poucos anos depois com tanto pano verde e placas gráficas de milhões. Estreia de Simon West num filme que cheira a cavalo, de machos para machos, com ligeiras arranhadelas à paixão porque, verdade seja dita, não havia homem que resistisse ao beicinho da Monica Potter antes dela abrir a sua própria Zara Home. Entretenimento prime à Jerry Bruckheimer dos noventa - não o ranhoso das franchises do novo milénio -, mais valioso e importante em 2022 que em 1997, mais amado agora que então.

domingo, julho 17, 2022

Emergency (2022)

Que surpresa agradável. Esperar e começar num tom, acabar noutro diametralmente oposto. Tensão que se constrói e dilui entre o humor e o desespero da situação, comédia em constante mutação que nunca perde as bases da sua premissa nem ignora os laços entretanto criados entre o espectador e as personagens-chave, num produto refrescante e até certo ponto inesperado sobre um tema central e comum na cinematografia norte-americana: o racismo estrutural que fere a sociedade a tantos níveis. Quanto mais absurdo tudo se torna, mais visível e perigosa se torna essa faceta e não há estudos, sucesso ou barras de granola que mudem algo tão enraizado na cultura e na educação de milhões. Jogo adolescente inesperado de desequilíbrios e metáforas, começamos a rir e acabamos de feição fechada. Porque na inocência e na parvoíce daqueles três, vemos o sofrimento real e credível de tantas gerações. A inocência que se perdeu para sempre; e o novo ser, magoado e resignado, que de lá saiu.

sábado, julho 16, 2022

Borg vs McEnroe (2017)

Belíssimo filme de ténis, um desporto - como tantos outros, é verdade - raramente bem tratado dentro do court na tela. Entre Novembro de 1978 e Abril de 1981, Borg e McEnroe defrontaram-se catorze vezes: sete vitórias para cada lado. Uma das rivalidades mais antagónicas na história da modalidade - a calma, educação e frieza do sueco contrastavam ao máximo com o temperamento explosivo e rude do norte-americano - que teve o seu momento mais alto na final de Wimbledon de 1980, onde Borg procurava ser o primeiro tenista da história a conseguir ganhar por cinco vezes consecutivas o mais conceituado torneio do planeta. Considerado por muitos um dos melhores jogos de sempre, com McEnroe a salvar cinco pontos de torneio num tiebreak (sete no total da partida) de quarto set que acabou 18-16 para o Superbrat, é nesse jogo específico, na sua preparação e no seu aftermath, que o dinamarquês Janus Metz foca a narrativa. Cinematografia, sonoplastia e interpretações irrepreensíveis - principalmente de Sverrir Gudnason -, num retrato imperdível do sueco que mostra que afinal de contas o Gelo também fervia. Muito mais ficou por contar - Borg deixou de jogar Grand Slams aos 24 anos e mesmo nunca tendo jogado o Australian Open em adulto, é ainda hoje o sexto tenista com mais Slams da história (11) -, mas tudo somado, mais do que suficiente para encher a alma a um tenista de sofá como eu.

sexta-feira, julho 15, 2022

MOTELX 2022

quinta-feira, julho 14, 2022

The Boys (S3/2022)

A cada nova temporada, mais e melhor. Personagens de base que continuam a desenvolver-se - tiremos o Deep à equação, que já não há paciência nem polvo que o ature -, novas personagens que acrescentam, problemas modernos, soluções moralmente complicadas, combates que nunca se tornam enfadonhos - Hollywood, Marvel e companhia, é favor colocar os olhos nisto -, formas criativas de manter as dinâmicas da narrativa interessantes e refrescantes - vejamos as personagens animadas em torno do Black Noir ou os momentos musicais que envolvem a Kimiko -, violência visual e conceptual, sátira política e empresarial, ménages e um nível de audácia e descaramento nunca antes visto no género. Não restam dúvidas: Homelander é a superheroização de Trump num universo alternativo. Lembram-se do "podia matar alguém no meio de Times Square e mesmo assim não perdia um único voto" do Don the Con? Pois bem, é como encerra esta temporada. Um episódio final que desilude pelas expectativas e pela alta rotação como que lá chegamos, mas que ainda assim não tira um pingo de sinceridade ao seguinte julgamento: "The Boys" é, até ao momento, a mais cativante série destes novos anos vinte.

quarta-feira, julho 13, 2022

The Hand that Rocks the Cradle (1992)

Raios partam a Rebecca De Mornay. Não bastava ter, como defende o meu bom amigo Pedro Cinemaxunga, um nome de levantar pau, ainda consegue partir pau com uma interpretação irrepreensível na pele de uma mulher vingativa e psicótica que decide transformar a família da mulher que provocou o suicídio do seu marido ginecologista por acusações - justificadas, diga-se de passagem - de abuso sexual na sua nova família. Babysitter filha da mãe, maminha ao leu para o bebé, maminhas em seda fina para o pai, maminhas imaginárias que dão cabo do juízo a todos os outros que a rodeiam, do jardineiro negro meio atrasadito mental à matriarca que a contratou porque precisava de tempo para as suas plantas. Julianne Moore como mulher de negócios de saia curta e atitude mandona, sem grande sorte com estufas, no entanto. Madeline Zima como criancinha, muito longe dos caminhos pecaminosos de "Californication". Guião sólido, realização competente, elenco de primeira linha. She's a bitch... and we love to hate her.

terça-feira, julho 12, 2022

D.B. Cooper: Where Are You?! (S1/2022)

Grandes mistérios da história: o monstro de Loch Ness, o Bigfoot e a identidade de D.B. Cooper, um passageiro misterioso que sequestrou um avião no início dos anos setenta, conseguiu duzentos mil dólares do governo para não explodir uma bomba em pleno vôo e, depois de descolar novamente com rumo incerto apenas com a tripulação, saltou durante uma noite escura de paraquedas de um Boeing 727 para nunca mais ser encontrado. Um crime sem vítimas que o tornou numa lenda norte-americana, piada recorrente em inúmeros filmes e séries, um dos "cold cases" do FBI que deram origem a mais conspirações nos últimos cinquenta anos. Das ligações ao CIA ou à Força Aérea Canadiana - devido a uma banda-desenhada francófona em que o herói partilhava o mesmo nome - às convenções com maluquinhos que partilham as suas teorias, tudo se discute mas nada se descobre em quatro episódios de quarenta minutos que poderiam muito bem ter sido apertados, para não variar, num documentário de hora e meia. Porque mais do que um documentário sobre D.B. Cooper, a necessidade de conquistar tempo destes produtos de investigação da Netflix acabam por desfocar a mira do protagonista e virá-la para quem o procura. Já agora, tanta conversa sobre o ADN nas beatas do cigarro e os vestígios de titânio na gravata... e nada sobre o copo de bourbon que bebeu? Impressões digitais, não? Bom para ver enquanto se aspira a casa. Três horas depois temos a casa limpa e continuamos na mesma em relação à identidade de Cooper.

segunda-feira, julho 11, 2022

Moonfall (2022)

Quando é que Hollywood desistiu de fazer bons filmes catástrofe? Daqueles que se focam, surpresa das surpresas, na catástrofe? Era preciso - alerta spoiler - meter vida inteligente alienígena ao barulho? Não chegava a lua em rota de colisão com a Terra? Cento e cinquenta milhões de orçamento e o melhor que arranjaram foi de graça: o título. Já nem se tenta enganar o espectador com teorias científicas longe do nosso alcance; vamos directamente para os meandros da ficção científica, mais fácil. Destruição do mundo como conhecemos e mortes em massa? Ecrã o mais escuro possível e dois ou três segundos no máximo por cena, não vá alguém olhar com atenção para os gráficos de videojogo carote. Lançamentos para o espaço? Chegam três ou quatro pessoas para tratar de tudo. Tudo, mas tudo, tão estúpido que acaba por ser o tipo que faz de estúpido (John Bradley) o mais interessante. Patrick Wilson e Halle Berry? Já não se via tanta química desde que o Pedro Lima e Cláudia Vieira partilharam a cama no "Contrato". Com vantagem para os lençóis da Cláudia. Assim não, Emmerich!

domingo, julho 10, 2022

Rua Sésamo em Portugal

sábado, julho 09, 2022

Rooting for the killer

sexta-feira, julho 08, 2022

The Man with the Golden Gun (1974)

Christopher Lee como Francisco Scaramanga, um dos vilões mais interessantes - e melhor interpretados - até então. Três mamilos, a morte de um OO - o segundo - no currículo e o desejo de um confronto justo com Bond pela vida, qual duelo western ao pôr-do-sol. Nick Nack, o anão sidekick de Scaramanga, bem melhor que o regresso do xerife texano Pepper, de férias na Tailândia, que volta às suas desventuras de boca cheia para aparvalhar toda e qualquer cena. Uma belíssima noite no bikini de Britt Ekland (ex-mulher de Peter Sellers), para não falar de Maud Adams, mulher demasiado vistosa para saltar entre dois amantes. M, Q, Moneypenny, localizações exóticas - Macau, Banguecoque e Phuket -, carros voadores, feixes lasers e tudo o que deviamos ter sempre direito. Mas também muita parvoíce que não leva a lado nenhum - lutadores de sumo, um milionário ou duas miúdas karatecas - e um nível de humor (uma vez mais) demasiado básico, num filme com múltiplas personalidades que triunfa perto de Lee e sofre longe dele. Labirinto final com mística, inteligência na morte de Scaramanga e Roger Moore - de todos os Bond, incluindo Lazenby, o que menos gosto - ligeiramente mais convincente que na estreia. Música do genérico? Talvez a mais desinspirada e esquecível de toda a saga.

quinta-feira, julho 07, 2022

Bom para quem tem vertigens!

quarta-feira, julho 06, 2022

Stand by Me with girls

terça-feira, julho 05, 2022

Live and Let Die (1973)

Três agentes secretos mortos logo no arranque: um pelo ouvido, outro pelo pescoço e outro enquanto assistia ao seu próprio funeral. A música mais esquizofrénica da saga - obra de Paul McCartney, a primeira que fugiu a John Barry -, que começa por estranhar-se mas que lá perto do fim já está mais do que entranhada, mesmo que usada de forma completamente aleatória uma mão cheia de vezes. Racismo, blaxploitation, estereótipos culturais, Roger Moore a estrear-se na personagem, nada de Q pela primeira vez, um único gadget - um simples relógio com um poderoso íman, entregue pela Moneypenny -, um xerife altamente saloio, a Solitaire de Jane Seymour, um truque de cartas malandrão - Connery não precisava de enganar ou mentir a nenhuma mulher para as levar para a cama - e um guião que se enterra, moralmente e logicamente, sempre que pode. Fica a perseguição de barcos no rio, a fuga aos crocodilos qual Super Mario, o autocarro de dois andares e o melhor Felix Leiter (David Hedison) da história. Já a morte insuflada do Kananga, vamos fingir que não aconteceu, combinado? O mesmo para a total ausência de vodkas martinis mesmo com duas longas cenas num bar. Bourbon e água? Oh que caraças.

segunda-feira, julho 04, 2022

domingo, julho 03, 2022

Green Room (2015)

Não percebo o hype. Preocupação nula do espectador por nenhuma das personagens em perigo - banda punk rock de cretinos que começam o filme a roubar gasolina com mangueiras -, nazis criminosos de propósitos duvidosos que planeiam a simulação de uma cena de crime como adolescentes que adormeceram a meio de um qualquer documentário criminal da Netflix, uma sala de pânico que nem sequer é bem verde como o título sugere - e que não se percebe bem porque é que aqueles patetas insistem em voltar para lá sempre que o rabo aperta -, um único telemóvel no grupo inteiro - está bem abelha -, histórias idiotas - como a do paintball de Yelchin - e Patrick Stewart, de longe a personagem mais interessante da obra de Saulnier a seguir ao cão esfomeado, pouco e mal aproveitado, como se não passasse de uma manobra de marketing para chegar mais longe. Gostei muito de "Blue Ruin", nota-se também aqui a espaços o talento técnico do jovem realizador nas cenas mais violentas mas, e que grande mas, que valente desilusão que esta brincadeira foi.

sábado, julho 02, 2022

Welcome to a new era

sexta-feira, julho 01, 2022

Man vs. Bee (S1/2022)

Não sei se sou eu que estou a ficar velho ou se é o humor de Rowan Atkinson que está a perder fulgor e pertinência. Atenção: não acho que Atkinson tenha perdido o jeito; continua a ser um comediante de excepção, mas desta vez numa personagem demasiado - sim, ainda mais - irreal. Porque não havia nada em Mr. Bean que fosse tão frustrante como neste Bingley que estraga tudo e mais alguma coisa de forma completamente desorientada por causa de uma abelha. De modo previsível, sem piada, sem sentido, sem naturalidade nenhuma. Forçado, forçadinho. Se o objectivo era recriar o Mr. Bean para as novas gerações, picada fatal. E eu que até sou fã deste formato de episódios de dez minutos que uma pessoa despacha durante as refeições.