quarta-feira, dezembro 31, 2008

Impressões do último dia do ano


  • 2008 foi um ano de muitas mudanças a nível profissional. Apesar disso, passou rápido. Venha o próximo... e com ele a tão esperada viagem a Nova Iorque.
  • "Os Simpsons" comemoraram na passada semana o seu vigésimo aniversário. Em 2009, que haja tempo e dinheiro para começar uma nova colecção na estante com centenas de episódios de Matt Groening.
  • Já vos disse que "Gran Torino" vai ser um dos melhores do próximo ano?
  • Por outro lado, "The Spirit" anda com uns vergonhosos 15% no Rotten Tomatoes e apenas facturou uns míseros 6 milhões de dólares no fim-de-semana de estreia. Caramba, não valerá a pena nem pela Eva Mendes?
  • A cada novo episódio de "Veronica Mars" - neste momento, começo a aquecer os motores na terceira temporada - fico mais convencido de que Rob Thomas, criador da série, é um génio subvalorizado pela indústria. Felizmente, tanto ele - com "Cupid" - como Kristen Bell voltarão a dar nas vistas em 2009.
  • A melhor série que vi em 2008 chegou atrasada uns anos: chama-se "What About Brian" (ou "Os Amigos de Brian") e podem ler o que achei da mesma aqui. Apesar de já a ter em R1, para quando um edição europeia?
  • Amanhã, no primeiro dia do ano, são anunciados os resultados da votação para "Melhor Filme do Ano", aberta aos leitores do blogue durante o mês de Dezembro. A poucas horas do fecho das urnas, já cá contam 389 votos. O vencedor, esse, não entra sequer no meu top five do ano.
  • Um 2009 repleto de saúde e alegria são os votos sinceros deste que vos escreve. A caminho do quinto ano de vida deste blogue, espero que continuem a partilhar comigo, como sempre o fizeram até hoje, cinema em doses massivas.

terça-feira, dezembro 30, 2008

IV Globos de Prata CN - Banda Sonora


"Not only is Juno one of the best movies of the year, but it also has one of the best movie soundtracks of the last five years. It’s kind of like a Wes Anderson film in the way that it will expose you to a whole new compilation of music (and more specifically Kimya Dawson’s indie folk punk tunes). Yes, the music tends to skew to a younger audience, so if you’re over 40 this might not be your thing." [F]

"At one point, I asked Ellen Page before we started shooting, ‘what do you think Juno listens to?’ And she said ‘The Moldy Peaches’. She went on my computer, played the songs, and I fell in love with it. Diablo and I discussed putting a Moldy Peaches song in it where the characters would sing to each other. I got in touch with Kimya Dawson of The Moldy Peaches and she started sending me her work, which was beautiful, and that became a lot of the soundtrack." [Jason Reitman]

Trivialidade: Juno sucede a The Fountain, vencedor da passada edição dos Globos de Prata CN nesta categoria.

segunda-feira, dezembro 29, 2008

2008: O ano que levou Paul Newman


Paul Leonard Newman nasceu a 26 de Janeiro de 1925, na cidade de Cleveland, em Ohio. Mais do que um actor com cinco décadas de uma carreira brilhante em Hollywood, onde marcou mais do que uma geração com o seu talento, Newman será para sempre relembrado como um dos mais notáveis filantropos norte-americanos, tendo doado durante a sua vida mais de 250 milhões de dólares a instituições de caridade. Homem como poucos, marido afável e fiel, protagonista de um dos casamentos mais longos da história de Hollywood com Joanne Woodward, Newman abandonou no passado dia 26 de Setembro o banal mundo dos mortais, mas jamais será esquecido por todos aqueles que salvou da droga e da miséria, pelos cinéfilos que apaixonou com as suas interpretações enquanto “saco de pancada” e por todas as teenagers que morreram de amores pelos seus lindos olhos azuis, ainda para mais sobrevivendo a épocas conturbadas onde os ídolos e ícones de beleza das multidões acabavam sempre por trilhar o mesmo caminho: o da auto-destruição.

Mas Paul Newman sempre foi diferente entre os seus. Nunca se declarou um aficionado da Sétima Arte e chegou, uma vez, a confessar que, para si, o cinema nada mais era do que trabalho. Um trabalho muitas vezes chato, mas para o qual achava ter jeito, talvez por influência da sua mãe. Não é dramático nem uma persuasão falsa da minha parte afirmar que Newman apenas alcançou um lugar entre as mais brilhantes estrelas da história recente norte-americana por ser… daltónico. Tudo porque o sonho pelo qual sempre lutou – o de ser piloto do exército do seu país – apenas se esfumou na altura em que, numa das provas obrigatórias para o lugar, o mesmo chumbou devido a esse condicionalismo. Esqueceu então a carreira militar – apesar de ainda ter servido na II Guerra Mundial como operador de rádio – e passou o negócio de família, que vivia e sobrevivia de uma loja de material desportivo, ao irmão, logo após a morte do pai.

Chegava a altura de fazer o que a mãe queria: uma carreira nas artes representativas. Sem grande vontade – o seu novo intuito era ser um atleta profissional, mas devido a uma rixa na escola, acabou por ser expulso da equipa de futebol americano -, lá seguiu o curso de teatro na Universidade de Yale (e, mais tarde, no Actor’s Studio em Nova Iorque, onde foi colega de Brando e Dean) e conseguiu o seu primeiro papel em 1952, na Broadway. Picnic era o nome do espectáculo, e dificilmente alguma vez o esqueceu: foi nos bastidores desta sua primeira experiência no ramo que conheceu Joanne, aquela que viria a ser a sua divindade feminina até ao último dos seus dias. Dois anos depois estreou-se no grande ecrã mas só em 1956 arrancou do público e da crítica palavras e elogios de reconhecimento unânime enquanto Rocky Graziano, um papel de pugilista destinado a James Dean, que entretanto morreu num acidente de carro.

Hollywood estava aos seus pés. Com naturalidade, nos anos que se seguiram surgiram algumas das suas performances mais emblemáticas: Eddie Felson, Hud Bannon, Luke, Butch Cassidy, Henry Gondorff ou Doug Roberts. Tudo personagens que, graças ao engenho audaz de Newman, ganharam vida própria na esfera infindável do cinema. Newman, apesar da sua cara bonita e simpatia evidente na vida real, gostava de ser um durão nas telas, com sangue na cara e olhos inchados devido à sua rebeldia. Apaixonado pela velocidade, o seu espírito bravio não o trancou à representação e detém ainda hoje o recorde do Guiness como o piloto mais velho a participar numa prova oficial de automobilismo – tinha 70 anos. Poucos sabem, mas Newman e o seu Porsche 935 chegaram a alcançar um segundo lugar na famosa competição das 24 Horas de Le Mains. Fundou a sua equipa em 1983 – Newman/Haas Racing -, a qual já leva sete campeonatos Indy na carteira.

Democrata liberal, Newman foi considerado um dos vinte principais inimigos do presidente norte-americano Richard Nixon. Acérrimo defensor do casamento homossexual, Paul Newman não foi Paul Newman pela última vez em "Road to Perdition", filme que lhe valeu uma das nove nomeações a estatuetas de interpretação da Academia. Apesar de apenas ter vencido numa das ocasiões – com "The Color of Money", em 1986 – Newman será para sempre uma das estrelas lendárias da história cinematográfica de todo o mundo. E os seus olhos azuis os mais graciosos de que há memória.

Desafio: "Cool Hand Luke" é o favorito da casa de Newman. Qual o vosso?

domingo, dezembro 28, 2008

The Day the Earth Stood Still (2008)

Klaatu é um extraterrestre que passava por humano sem qualquer problema, não fosse o aparato da sua chegada ao planeta Terra. Recebido calorosamente pela população humana – que é como quem diz, alvejado mal saiu da “esfera espacial” que o transportou -, é internado num hospital militar, onde é sujeito a uma série de testes que provam que o seu corpo já pertenceu a um humano. Receosos de um ataque hostil pelo “desconhecido”, o governo norte-americano não confia nas suas boas intenções e não respeita o seu desejo de entrar em contacto com as Nações Unidas para falar do futuro do nosso planeta. “Somos nós quem mandamos no planeta”, afirma a certa altura a Secretária de Defesa norte-americana. “Não, não são!”, responde de forma lacónica Klaatu. E aí percebe-se que salvar o planeta não implica obrigatoriamente salvar a raça humana.

Remake da obra homónima de 1951 de Robert Wise, um dos clássicos maiores da história da ficção científica cinematográfica, "O Dia em que a Terra Parou" presenteia o mais comum dos cinéfilos com um dilema imediato: qual a razão ou o motivo para reformular uma fita cuja finalidade primeira inscrevia-se na crítica profunda à Guerra Fria? Ironicamente, a mensagem clara subjacente à renovada contextualização do filme original acaba por ser o trunfo maior de uma obra moderna cujo leque inicial é composto por vários duques. Isto porque, e à excepção de Keanu Reeves – que está como peixe na água sobre a pele de uma personagem que exige lacunas de expressividade -, todo o restante elenco parece não acreditar em si mesmo, alheando o filme de uma dramatização forte e profunda que era obrigatória quando o assunto tratado é tão fulcral como a extinção da humanidade. Em suma, faltou ao inexperiente Scott Derrickson, responsável por esta nova versão de “The Day the Earth Stood Still”, coragem e ambição em criar o seu próprio caminho, sem medo de faltar ao respeito à linha narrativa do clássico de culto dos anos cinquenta. Pelo contrário, essa seria a melhor homenagem.

sábado, dezembro 27, 2008

IV Globos de Prata CN - Actor Secundário


"When it's all over, you'll probably have the fondest memories of Robert Downey Jr.'s work. It's been a good year for him, this one coming after "Iron Man." He's back, big time." [F]

"Although this ­satire of Hollywood inanity isn't the comic ­classic it could have been, Downey's gonzo performance is a must-see." [F]

"All over the map, but it's worth enduring the botched gags, formula plotting, and even the racism to marvel at the genius of Robert Downey Jr." [F]

Trivialidade: Robert Downey Jr. sucede a Woody Allen, vencedor da passada edição dos Globos de Prata CN nesta categoria.

sexta-feira, dezembro 26, 2008

IV Globos de Prata CN - Tagline do Ano


"Heroes never die.... They just reload."

John Rambo” é uma ode quimérica à violência gratuita e à irascibilidade de uma personagem chave da história do cinema. Com este quarto capítulo da saga que deixou marca nos anos oitenta – período onde Stallone, Chuck Norris e outros machos destemidos enchiam salas de cinema com espectáculos de pancadaria austera -, Sylvester Stallone entrega, tanto ao mais fanático admirador da personagem como ao mais ocasional espectador, entretenimento niilista em doses massivas, sem qualquer tipo de preocupações profundas estruturais ou lógicas. É o triunfo da simplicidade sem discernimento, quase tão provocadora como o grito de guerra presente no filme e que deixa sem desculpa qualquer apreciação desfavorável. É que quem entrou na sala de projecção à espera de algo mais do que violência extrema sem qualquer nexo, só se pode mesmo queixar de si próprio. “John Rambo” é, na sua essência, o que vende no seu trailer e na sua história cinematográfica de sucesso. A tagline essa... é a melhor do ano.

Trivialidade: John Rambo sucede a Sicko, vencedor da passada edição dos Globos de Prata CN nesta categoria.

quinta-feira, dezembro 25, 2008

Awake (2007)

Por vezes quem pensa que tem tudo esquece-se que a sua condição de ser humano o coloca automaticamente numa esfera de fragilidades infinitas. Dinheiro, amor e felicidade podem, de um momento para o outro, ser supérfluos, quando um coração falha e a única hipótese de sobrevivência resume-se a um transplante urgente e perigoso. No entanto, Clay Beresford não esperava que a sua operação fizesse parte de um esquema que colocará em causa, não só os seus sentimentos, como sua a própria vida.

Acordado” foi mal recebido pela crítica um pouco por todo o lado. Classificado como irritante e pouco credível por alguns dos mais conceituados jornais norte-americanos, “Awake” baseia a sua linha narrativa na premissa supostamente verídica de que uma em cada quinhentas pessoas que são anestesiadas permanecem conscientes durante as cirurgias a que são submetidas. Com este interessante ponto de partida e um elenco jovem mas competente, a verdade é que “Acordado” acabou por ser, segundo uma perspectiva pessoal, uma das mais agradáveis surpresas do ano.

Sob a surpreendente batuta de Jody Harold, que com “Awake” estreou-se duplamente na indústria como realizador e guionista, a fita surpreende por variadas vezes ao revelar frequentemente segredos inesperados de várias personagens, que acabam por se interligar pelas piores razões possíveis. Com um espaço limitado de actuação – o bloco operatório e a sala de espera -, o talento da veteraníssima Lena Olin e do “anjo negro” Jessica Alba asseguram no entanto que a obra nunca caia em aborrecimento. Pena apenas que grande parte das intenções das personagens derivem de uma conjugação de factores demasiado fortuitos para serem aplicados a nível dramático.

quarta-feira, dezembro 24, 2008

Now I Have a Machine Gun Ho Ho Ho!

FELIZ NATAL

Desafio: Se pudessem escolher uma prenda, sem olhar a custos ou dificuldades de acesso, qual seria? Têm que ser algo material e... relacionado com o mundo do cinema!

10 Blogues, 5 Filmes, 1 Realizador - Novembro de 2008


Novembro. Mês em que "Em Bruges" surpreendeu a blogosfera cinéfila e "Ensaio sobre a Cegueira" confirmou não ser a obra-de-arte que poderia ter sido. "Quantum of Solace", esse, ficou bem longe da categoria revigorante de "Casino Royale". Entre os fantásticos "Requiem for a Dream" e "The Fountain", dois filmes que certamente entrarão no meu top ten desta década, a escolha até pareceu fácil: é que a odisseia no mundo da droga de Aronofsky é ímpar e absolutamente magistral.

terça-feira, dezembro 23, 2008

IV Globos de Prata CN - Personagem do Ano


"Heath Ledger criou um vilão digno do top dos melhores vilões. Um palhaço distorcido, um riso demoníaco, uma mente absolutamente depravada, capaz de tudo, sem lealdades a ninguém senão a si próprio. O caos que cria é incrivel." [F]

"That Ledger stands out in such a powerhouse ensemble is a tribute to his radically unhinged interpretation of a familiar character: The lank hair tinged seaweed green, the darting tongue and faint lisp that call constant attention to the ghastly rictus of his mouth, the nightmarishly smudged make up… taken together, they make previous Jokers feel like, well, jokes. " [F]

Trivialidade: The Joker sucede a John McClane, vencedor da passada edição dos Globos de Prata CN nesta categoria.

segunda-feira, dezembro 22, 2008

10 Blogues, 5 Filmes, 1 Realizador - Outubro de 2008


Outubro foi muito provavelmente o pior mês cinematográfico a nível de estreias nacionais em 2008. O atrasadíssimo "Death of a President" confirmou as piores expectativas, "Max Payne" desiludiu fãs e cinéfilos que esperavam assistir a uma das melhores adaptações da história dos videojogos e "W.", do conceituado Oliver Stone, dividiu opiniões. Quanto a Clint Eastwood - e relembro que apenas "entrava em jogo" a sua carreira de realizador -, a escolha cá da casa recaiu em "Mystic River". Isto porque "Gran Torino" só chega a nós no próximo mês de Fevereiro. A versão moderna de Archie Bunker, com um intenso jogo de luzes e sombras e um tema de encerramento sobre a voz do próprio Clint deixou-me literalmente de rastos, a suplicar por muitos mais anos de cinema. E para vocês, qual o melhor de Eastwood?

Sapo Cinema


A Sapo renovou o seu canal de Cinema. Podemos agora navegar por um site mais organizado, agradável à vista - ao contrário do antigo -, menos confuso e tão útil, dentro das limitações das suas funcionalidades, como antigamente. E com um painel de opinião com alguns blogues bem jeitosos. Menos um, claro.

domingo, dezembro 21, 2008

Get Smart (2008)

Get Smart”, o filme, é a adaptação cinematográfica de uma das séries de culto da década de sessenta, orquestrada então por um dos génios da história da comédia, o eterno Mel Brooks. Com Steve Carrell e Anne Hathaway nos lugares do já falecido Don Adams e da musa Barbara Feldon, “Get Smart - Olho Vivo” conta-nos a aventura de um analista demasiado competente que, por falta de alternativas – os seus colegas foram todos expostos -, salta para o terreno, onde terá que salvar o planeta dos planos maléficos da KAOS, uma organização que reúne alguns dos mais perigosos criminosos do planeta. Entre divertidas trapalhadas e a ânsia de ser respeitado, Maxwell Smart e a sua colega 99 oferecem aos espectadores quase duas horas de entretenimento desprovido de preocupações metódicas.

Apesar da realização pouco ambiciosa de Peter Segal – talvez explicada pelo seu leviano currículo, que incluí obras como “Anger Management” ou “50 First Dates” -, a verdade é que “Get Smart” funciona à sua maneira, tornando-se talvez a adaptação cinematográfica mais fiel desde que há memória de uma série clássica de televisão. Divertida, despretensiosa e com uma interpretação de Steve Carrell ao nível do excelso Don Adams, o grande trunfo da obra acaba por ser mesmo o seu elenco de excepção, que assenta que nem uma luva ao catálogo original. Dwayne Johnson – vulgo The Rock – convence enquanto agente 23, mas são Hathaway e Alan Arkin que, juntamente com Carrell, marcam a diferença. Sobre o ponto de vista formal, podemos afirmar que a narrativa algo infantil ajuda aos propósitos de Segal, que não precisa de convencer o público de uma trama séria e sensata. E quando assim é, vale quase tudo. Basta confiar no talento daqueles que aparecem na tela.

sábado, dezembro 20, 2008

Antevisão: Valkyrie


Baseado em acontecimentos verídicos, “Valkyrie” narra a história de um grupo de generais alemães que planeiam o assassinato de Hitler durante o seu apogeu na Segunda Guerra Mundial. Tom Cruise, cada vez mais selectivo nos papéis que aceita, e actualmente a comemorar vinte e cinco anos de carreira enquanto protagonista – estreou-se num papel principal em 1983 com “Risky Business”, do desaparecido Paul Brickman - agarra neste drama histórico o papel de Claus von Stauffenberg, o general que recusou aceitar o dogma nazi e liderou a conspiração. Símbolo na Alemanha pós-guerra – Stauffenberg foi desde aí considerado o único herói de uma era de vilões -, esta é a primeira vez que a sua história é internacionalizada a nível cinematográfico, depois de inúmeros livros e documentários europeus dedicados ao homem que deu a vida por todos os que injustamente eram ostracizados por uma ideologia totalitária e exacerbada.

Realizado por Bryan Singer, o mesmo de “The Usual Suspects”, “X-Men” e “Superman Returns”, as primeiras análises que surgem online de “Valkyrie” sugerem que se trata mais de uma obra política, no seguimento do estilo de narrativa de “Lions for Lambs” do que de um thriller, tal como o trailer sugere. Com um elenco de peso a acompanhar Cruise, do qual se destacam os veteranos Bill Nighy e Tom Wilkinson, um dos orçamentos mais elevados do ano e uma história que envolve um general zarolho sem sete dedos nas mãos que planeia mandar pelos ares um dos mais desprezíveis ditadores da história do nosso planeta, parecem haver poucas razões para que “Valkyrie” não seja um dos filmes do ano. Principalmente por toda a polémica que envolveu a escolha de Tom Cruise para o papel, devido às suas ligações com a Cientologia, considerada uma disciplina fascista na Alemanha, e que levaram inclusive a que o filho de Stauffenberg proferisse declarações em tom agressivo em relação ao então rumor que ligava o actor ao papel e que o governo germânico entrasse em contacto com a produtora do blockbuster. Mas já nada havia a fazer: Cruise e a sua United Artists entraram com vários milhões para financiar o projecto e o poder passou para as suas mãos. E pode ser que seja esta a sua oportunidade de provar que, apesar de todas as suas maluqueiras, Cruise continua a ser um dos melhores actores da sua geração. Sem qualquer margem de erro.

sexta-feira, dezembro 19, 2008

IV Globos de Prata CN - Surpresa do Ano


In Bruges, de Martin McDonagh.

"(...) “Em Bruges” é inteligente, delicioso e surrealista. Violento, peremptório e cómico. Feliz a espaços, triste no seu desfecho, verdadeiro na sua premissa. Um agregado de atributos e qualidades triplas que se junta a outro conjunto tripartido: um elenco sensacional que divide méritos equitativamente entre o surpreendente Farrell, o seguro e contundente Gleeson e o vilão bipolar mas expedito Fiennes. Numa história quase teatral – o peso dos cenários e a preponderância dos diálogos assim o demonstram -, que envolve um leque extenso, mas brilhante, de personagens secundárias invulgares, que vão deste o anão racista à bela traficante de droga, passando pela prostituta de Amesterdão, tudo em “In Bruges” é absurdamente pensado ao pormenor. (...)" [Análise Completa]

Trivialidade: In Bruges sucede a Rocky Balboa, vencedor da passada edição dos Globos de Prata CN nesta categoria.

quinta-feira, dezembro 18, 2008

Take 10 - Dezembro de 2008


Dar e Receber

Parafraseando Georges Braque, em busca do destino descobrimo-nos a nós próprios. Ao fim de onze números – o querido número zero de lançamento não pode ser esquecido na contagem -, a equipa da Take cresceu, aprendeu e desenvolveu capacidades e conhecimentos cinéfilos que transformam cada nova edição da revista numa redescoberta refrescante. A fechar o ano que marcou a nossa génese, a confiança num futuro ainda mais risonho mantém-se, muito por culpa dos leitores que não param de crescer, do feedback que não pára de nos entusiasmar, das conversas de café que destapam o véu sobre uma publicação que afinal não é tão desconhecida do público em geral como nós prevíamos.

É este carinho especial de quem nos segue com atenção, mês após mês, que nos enche de força nesta época que une o mundo – ou parte dele – num espírito de compaixão e solidariedade. E porque dar é tão bom ou melhor do que receber, além de mais uma edição, passatempos e conteúdos exclusivos, desejamos ainda que os corações de todos aqueles que acompanham esta odisseia selvagem cibernética exaltem de ternura e felicidade neste Natal. E que o novo ano traga, além de mais doze “Takes”, tudo aquilo que os nossos leitores justamente desejarem.

Mas o que são doze Takes comparadas com mil e duzentos meses de existência? O mais experiente realizador deste planeta ainda em actividade comemorou um século de vida e a Take fez-lhe a devida homenagem. E como é tão importante dar o devido reconhecimento a quem o merece, como o benefício da dúvida a quem agora começa, fizemos a ponte entre duas gerações no cinema português e estivemos à conversa com o realizador Sérgio Brás. Por fim, e num mês em que antecipamos com fervor o especial de Janeiro em que vamos destacar os melhores de 2008, demos ainda especial atenção à passagem de Stephen Frears pelo Estoril Film Festival, bem como aos vinte e cinco anos de carreira de um dos mais polémicos actores da actualidade: Tom Cruise. Aproveitando-me da substância de outro artigo desta edição, é justo dizer que ainda não foi desta que a Terra e a Take pararam.

http://take.com.pt

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Desafio: Quão viciado és tu?


És mesmo um viciado em cinema? O site Film Addict coloca os 250 filmes melhor classificados no IMDB à distância de um clique para determinar, de forma rápida e simples, a percentagem dessas obras já vista. Para grande felicidade minha, o meu resultado ficou por uns escassos 34%, o que significa que ainda tenho muito bom cinema para ver nas próximas décadas. E vocês, caros leitores, qual o vosso resultado?

IV Globos de Prata CN - Desilusão do Ano


Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull, de Steven Spielberg.

"Como é que isto foi possível!? Como é que um realizador como Spielberg, um dos cineastas mais geniais da História do Cinema, que de há 10 anos para cá se encontra numa forma insuperável, realizou isto!? Que maneira triste de encerrar uma saga tão marcante e apaixonante como a de Indiana Jones. O desastre é total e estende-se a quase todos os elementos do filme: exceptuando um ou outro raro rasgo, invenção na encenação é coisa que não existe, filma-se sem propósito nem consequência, numa neutralidade confrangedora que transforma espaços e personagens em coisas sem vida, sem dimensão, sem espessura - é o primeiro trabalho anónimo de Spielberg, nunca antes, mesmo nos seus filmes menos bons, havia revelado tamanha falta de paixão (...)" [F]

A fava calhou a Spielberg, mas infelizmente este foi um ano com muitas mais desilusões do que surpresas. Entre os vários que poderiam constar nesta categoria, destaque - pouco especial - para Max Payne, Shine a Light ou Youth Without Youth.

Trivialidade: Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull sucede a Planet Terror, vencedor da passada edição dos Globos de Prata CN nesta categoria.

terça-feira, dezembro 16, 2008

Hancock (2008)

Hancock não é um super-herói como todos os outros. A imortalidade, indestrutibilidade e a capacidade de voar deveriam conferir-lhe um estatuto de Deus amado em Los Angeles, mas o álcool e a indiferença perante a inconveniência de grande parte das suas investidas heróicas fazem com que necessite da ajuda de um profissional de Relações Públicas que vê em Hancock a sua oportunidade de brilhar perante os seus. O problema é que nem um nem outro esperavam que Mary, a mulher do RP, acabasse por ter muito mais a dizer do que inicialmente parecia.

Hancock” é um filme de opostos. O conceito que o nova-iorquino Peter Berg traz para a tela cinematográfica é verdadeiramente genial, numa inversão de estatuto que parece óbvia agora, mas nunca tinha sido verdadeiramente executada a este nível. A realização é segura e, apesar de alguns efeitos especiais descuidados – muito à imagem da personalidade do anti-herói -, a nível técnico pouco pode ser apontado a realizador e elenco que, com a naturalidade de quem sabe o que faz, superam com brio a adaptação a um género pouco comum nas suas carreiras.

O problema de “Hancock” é, então, estrutural. O que começa como uma divertida comédia de acção acaba como um drama romântico banal, misturando dois estilos que prejudicam o conceito inicial de divertimento sem limites. A própria caracterização inicial de Hancock, cuidada e refrescante, que envolve o Homem e o herói num turbilhão de emoções contraditórias durante a primeira fase da fita, acaba por sair prejudicada com a falsa necessidade de levar a intriga para outro nível. Como se não bastasse esta reviravolta, a “Hancock” falta ainda um forte vilão, cuja presença não fosse meramente superficial. De resto, especial destaque para a nobre e esbelta Charlize Theron, que rouba para si mesma todas as cenas em que entra, e para a interessante banda sonora que acompanha algumas das mais frenéticas cenas de “Hancock”.

segunda-feira, dezembro 15, 2008

IV Globos de Prata CN - As Pesquisas Mais Parvas de 2008


Já dizia o provérbio que, na antiguidade, "todos os caminhos iam dar a Roma". Nos dias que correm, e segundo o serviço prestado pela ShinyStat, dá vontade de asseverar de que quase todas as pesquisas idiotas e preversas deste planeta e respectivos seres vivos conseguem encontrar um atalho estreito e lamacento para este blogue. Vejamos então quais foram as cinco pesquisas mais dementes de 2008 que acabaram por trazer algum pobre coitado, por engano, a este espaço. Para consultar os vencedores da edição anterior, dê uma espreitadela aqui.

Quinto Lugar: "cor de cabelo da megan fox"
Quarto Lugar: "jessica alba molhada"
Terceiro Lugar: "tecnica de tv cabo"
Segundo Lugar: "lutadores sexo"
Primeiro Lugar: "gaijas a fazer sexso"

domingo, dezembro 14, 2008

Nestas alturas, ser mafioso compensava!



"The Sopranos: The Complete Series includes a 56-page hand-assembled album enclosed in a sleek black linen box featuring all 86 episodes re-mastered on 28 discs as well as two bonus discs and two CD soundtracks, spread over three discs. The album also includes 16-pages of editorial detailing the entire award-winning series. The set is loaded with over 3½ hours of never-before-seen bonus material."

sábado, dezembro 13, 2008

Hugh Jackman - Apresentador?


Sou um admirador profundo do talento e da carreira de Hugh Jackman, mas a escolha do actor para apresentar a próxima edição dos Óscares da Academia não faz qualquer sentido. Desde sempre a cerimónia marcou a sua imagem guardando esse lugar para comediantes, o que se tornou uma tradição e um dos motivos maiores de atracção para milhões de telespectadores nos quatro cantos do mundo. A única vez que tal não aconteceu nos últimos trinta anos foi em 1985, tendo Jack Lemmon substituído o então habitual Johnny Carson na liderança do espectáculo. Vamos esperar para ver, mas fica a questão: Woody Allen não estava disponível para ser lançado no meio das feras? That would be nice!

sexta-feira, dezembro 12, 2008

Natal? É na Take.


Uma prenda especial para leitores especiais. A Take tem para oferecer este Natal ao leitor mais criativo um conjunto de prémios relacionados com "O Cavaleiro das Trevas", entre eles esta fantástica réplica do Batmobile. Entre as dezenas de passatempos da revista dos últimos meses, esta é definitivamente uma das oportunidades que ninguém pode perder. Honestamente... há outra como a Take?

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Impressões de uma tarde consumista


  • A primeira de "Chuck", a terceira de "Veronica Mars", "The Dark Knight"... entre tantos outros. Se houvesse dois ou três Natais por ano, não sobrava um tostão para a comida. Vida de cinéfilo agarrado ao produto é tramada...;
  • Já podem votar na categoria de Melhor Filme de 2008, dos IV Globos de Prata CN. Para competição entram todos os filmes estreados durante o ano de 2008 em Portugal. Podem escolher de um a cinco filmes, na aplicação de votação disponível na barra lateral direita. A escolha do público será revelada no dia 1 de Janeiro de 2009, juntamente com o favorito deste que vos escreve. Ao contrário de outros anos, duvido que a nossa escolha seja a mesma;
  • Saíram esta tarde as nomeações para a edição 66 dos Golden Globe Awards, uma cerimónia a realizar no próximo dia 11 de Janeiro - provavelmente com transmissão nacional no AXN. Destaque para as três nomeações de "In Bruges", um dos favoritos do ano cá da casa, e para a competição feroz nas categorias de representação masculina - Penn, Pitt, Rourke e DiCaprio na dramática, Bardem, Farrell, Gleeson e Hoffman na oposta e Cruise, Downey Jr, Fiennes, Hoffman e Ledger na secundária. Prometem-se emoções fortes.

Blindness (2008)

Num dia como tantos outros, um homem fica misteriosamente cego enquanto conduz o seu carro pelas movimentadas ruas de uma cidade. Sem aviso ou explicação aparente, o seu caso rapidamente se transforma numa epidemia de cegueira branca – ao invés da escuridão total comum. Em resposta ao inexplicável surto, as autoridades governamentais colocam em quarentena, num local sem as mínimas condições de segurança ou higiene, todos aqueles que afirmam estar infectados pela enfermidade. Inclusive a mulher de um oftalmologista cuja visão permanece intacta e cujos olhos serão as únicas testemunhas da queda de uma civilização e de toda a sua dignidade humana.

Blindness”, de Fernando Meirelles, é uma obra que raramente respeita a liberdade escrita estilística de José Saramago, incluindo na sua adaptação cinematográfica várias vírgulas cuja implementação transforma a parábola do português numa sucessão de clichés narrativos que em nada favorecem o impacto da brilhante metáfora existencial e humana que, em 1995, conquistou milhares de leitores um pouco por todo o mundo. Desse modo, podemos partir a película em duas partes: a do enclausuramento, muitas vezes sem nexo, com artimanhas descritivas e expositivas claramente redutoras em relação ao livro, típicas de um qualquer filme epidémico de série B; e a pós-evasão, mais alegórica, que preserva a alma e o simbolismo da literatura de Saramago.

São nestes instantes, aliás, que conseguimos identificar a breve narração de Danny Glover com as entrelinhas do escritor. Numa odisseia entre os medos e os defeitos da raça humana, sentimos finalmente alguma subtileza crítica. Com um elenco irregular que cumpre, mas raramente brilha – e Julianne Moore tinha aqui papel para ser nomeada a vários prémios -, há que destacar a sumptuosa fotografia da fita e murmurar o que poderia ter sido de “Ensaio sobre a Cegueira” caso a transição do livro para o guião tivesse sido mais audaz. Assim, mais marcante do que a obra em si, acabam por ser as lágrimas de Saramago aquando do seu primeiro visionamento.

quarta-feira, dezembro 10, 2008

IV Globos de Prata CN - Blogues Vencedores


Nomeados - Melhor Novo Blogue de Cinema/TV

CINEdrio: http://cinedrio.blogspot.com/
DVD Nacional: http://dvdnacional.net/
Cinema is my Life: http://cinemaismylife-fifeco.blogspot.com/
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Ante-Cinema: http://ante-cinema.blogspot.com/

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terça-feira, dezembro 09, 2008

Impressões de umas férias rutilantes


  • Lisboa sozinha tem mais salas de cinema do que alguns países europeus na totalidade do seu território;
  • É já amanhã que são divulgados os vencedores dos IV Globos de Prata CN, nas categorias de voto aberto ao público em geral;
  • Para a SIC, Casino Royale é Casino Royal. Várias vezes por dia, em cada intervalo do canal de Carnaxide;
  • Recebo agora a informação de que por volta das cinco e meia da manhã de amanhã será lançado o primeiro trailer oficial de Terminator Salvation. Expectativas?

Blogue da Semana (XLVII)


"É a altura da atribuição de todos os prémios dedicados ao Cinema. Mas, no meio de tanta Associação de Crítica e estatuetas douradas, parece existir uma clara lacuna no reconhecimento dos esforços publicitários por detrás do lançamento de uma obra cinematográfica. O principal certame a aplaudir alguém nesta actividade é o Golden Trailer Award; contudo, poucos estão informados da sua existência. Neste âmbito, o Keyzer Soze's Place decide lançar o desafio à vasta comunidade blogger portuguesa (cinematográfica e generalista) a darem a sua opinião sobre o que de melhor se concebeu nesta matéria em 2008. Para tal, foram determinadas quatro categorias: Melhor Poster, Melhor Trailer, Melhor Site Oficial e Melhor Campanha Publicitária — cada uma acompanhada de opções pré-definidas."

Keyzer Soze's Place

segunda-feira, dezembro 08, 2008

I Am Legend - A Prequela


We’re still trying to work through a couple of bumps in the story. It’s essentially the fall of the last city – the last stand of Manhattan. The movie would be… within the body of the movie D.C. and then Manhattan would fall as the last city."

Quem o diz é Will Smith, desmentindo os mais recentes rumores de que estaria a ser preparada uma sequela cronológica de "I am Legend", que contaria com a sua presença - o que, para quem viu o filme, não faria qualquer sentido. Assim sendo, há que dar o benefício da dúvida ao projecto. A premissa interessa e pode compensar uma obra cuja concretização inicial pecou em várias vertentes.

domingo, dezembro 07, 2008

Uma questão de fé...

sábado, dezembro 06, 2008

In Bruges (2008)

Ken (Gleeson) e Ray (Farrell) são dois assassinos a soldo que são enviados pelo seu patrão (Fiennes) para Bruges, na Bélgica, de modo a refugiarem-se de um golpe que deu para o torto – a morte de um padre em Londres que acaba por envolver uma criança inocente. Ken, apaixonado pela história e mitologia da cidade belga, aceita sem pudor o exílio e desfruta das belas paisagens arquitectónicas de Bruges. Ray, por sua vez, atormentado pela culpa de uma morte imprevista, não se contenta por um segundo por não poder voltar para a sua terra natal, e olha para a pacata cidade medieval com desdém. Dois feitios e duas atitudes que vão traçar os destinos das personagens.

Em Bruges” é inteligente, delicioso e surrealista. Violento, peremptório e cómico. Feliz a espaços, triste no seu desfecho, verdadeiro na sua premissa. Um agregado de atributos e qualidades triplas que se junta a outro conjunto tripartido: um elenco sensacional que divide méritos equitativamente entre o surpreendente Farrell, o seguro e contundente Gleeson e o vilão bipolar mas expedito Fiennes. Numa história quase teatral – o peso dos cenários e a preponderância dos diálogos assim o demonstram -, que envolve um leque extenso, mas brilhante, de personagens secundárias invulgares, que vão deste o anão racista à bela traficante de droga, passando pela prostituta de Amesterdão, tudo em “In Bruges” é absurdamente pensado ao pormenor.

Na primeira longa-metragem do dramaturgo britânico Martin McDonagh – depois de uma curta-metragem que venceu o Óscar da Academia Norte-Americana na categoria respectiva, e que também contava com a presença de Gleeson -, o londrino de trinta e oito anos começa a mostrar na sétima arte a razão pela qual venceu alguns dos mais importantes prémios da quinta arte do manifesto de Ricciotto Canudo. E traz ao circuito cinematográfico a melhor e mais refrescante comédia negra dos últimos anos, sustentada por completo no triângulo relacional da fita, sem necessidade de fogo-de-artifício manhoso de pós-produção. Um pequeno artefacto precioso que esteve quase a passar directamente para o mercado de DVD em Portugal – não seria o primeiro -, mas que a boa hora chegou às salas de cinema e provou que é possível entreter e, simultaneamente, estimular a mente dos cinéfilos. Ainda para mais, com um estilo muito próprio. Já só falta mesmo marcar a passagem aérea para Bruges.

sexta-feira, dezembro 05, 2008

Assunto em voga


Também aqui e aqui se discute a importância do crítico de cinema no século XXI. Curiosamente, opiniões semelhantes vindas de quadrantes opostos. E, com uma ou outra disparidade, ambos concluem o mesmo que eu aqui: o crítico de cinema tradicional está a morrer. Para o bem e para o mal.

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Quantum of Wallace

quarta-feira, dezembro 03, 2008

The Expendables: Jet Li, Lundgren, Statham e Stallone


Porrada à antiga. Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgren e Sylvester Stallone, num filme realizado pelo próprio Stallone. Caso ainda se lembrem de Chuck Norris, "The Expendables" tem tudo para ser um clássico de culto no reino da acção old-school. A história é óbvia - e inevitável: um grupo de mercenários que tem que destituir do poder um ditador sul-americano. Quem vai resistir? [F]

terça-feira, dezembro 02, 2008

Saw V (2008)

Seguindo a linha narrativa dos dois capítulos que lhe precedem, “Saw V” inova surpreendentemente o aprumo usual da saga, introduzindo no universo macabro tradicional de torturas e represálias de Jigsaw uma interessante essência de investigação policial que se cruza com os segredos de uma sucessão improvável. Por mais questionável que seja a escolha dos guionistas – as alterações parecem ter sido consequência da necessidade de esticar o produto ao maior número de sequelas lógicas possíveis -, a verdade é que o estreante David Hackl orquestra talvez a película mais completa e interessante desde a obra inicial de James Wan.

Com uma sucessão de jogos ligeiramente menos atraentes e espectaculares que os que deram fama à saga, Hackl compensa, no entanto, no factor imprevisibilidade, conferindo a “Saw V – A Sucessão” uma dinâmica complexa de justificações aliadas a flashbacks explicativos, que adaptam a atmosfera desta quinta história a um ambiente que, tal como o capítulo de estreia, premeia o cérebro sobre o sangue. Com um plano final admiravelmente hábil, que manipula o espectador e confere ao filme outro estatuto, Hackl consegue também contrabalançar a vacuidade dos jogos que envolvem cinco desconhecidos – todos ligados, de formas indirectas e diferentes, a um caso que vitimizou os ocupantes de um prédio que foi deitado abaixo ilegalmente – com uma doutrina de reflexão moral que assenta sobre a devassidão do instinto humano.

Há, também, várias falhas em “Saw V – A Sucessão”, obviamente. Para começar, o anunciado sucessor de Jigsaw para os próximos episódios não me parece ter o carisma necessário para aguentar com o peso de um dos vilões mais personalizados e vigorosos da última década. De seguida, somos presenteados com um par de interpretações medianas, às quais só escapa Julie Benz, a promissora actriz norte-americana que, apesar de uma extensa carreira na televisão, apenas recentemente começou a dar nas vistas na série de culto “Dexter”. Mas, tendo em conta que em qualquer saga – talvez com a excepção da “Guerra das Estrelas” – qualquer sequela após a trilogia inicial costuma ser uma verdadeira desgraça, os admiradores de salutares quebra-cabeças cinematográficos podem dar-se por contentes. Até quando? Eis a pergunta cuja resposta vale milhões, ano após ano.

segunda-feira, dezembro 01, 2008

Desafio: Bale ou Depp?


Um pouco por toda a internet surgiram nos últimos dias as fotografias de rodagem de "Public Enemies", o próximo filme do realizador Michael Mann, que tem estreia mundial marcada para o próximo mês de Julho. O Cinema Notebook leva a questão a outro nível e coloca um desafio aos seus leitores: qual o vosso favorito, Christian Bale ou Johnny Depp?